quinta-feira, junho 14, 2007

Uma quinta-feira no Brasil




É quase proverbial a sensação deprimente que às vezes se tem ao ler as principais notícias do dia. Não me recordo de já tê-la experimentado antes, mas hoje aconteceu. Uma folheada por O GLOBO bastou para que me acometesse aquela aflitiva idéia de que o Brasil "não tem mais jeito": o STF sempre criando jurisprudência para minar boas leis, políticos sempre conquistando facilidades até para quando são processados, um presidente do Senado inocentado a priori sem qualquer investigação. Isso para não falar de mais um atentado no Líbano contra um parlamentar contrário à perniciosa ascendência síria, ou ainda dos eternos tiroteios entre gangues políticas nos territórios palestinos. A única notícia boa de que me recordo é que a idéia de eleições com listas fechadas foi rejeitada -- e nem tenho certeza de que isso é tão bom assim.

Por senso de dever e força da profissão, tenho de me manter atualizado quanto ao mundo em que vivemos. Devo confessar, contudo, que, depois de algum tempo fazendo isso, é tentador identificar certos padrões no noticiário, e então ele começa a perder o interesse. Num oceano de informações cambiantes, efêmeras, vêm-me à cabeça as doutrinas que falam no Absoluto, no Imutável, raiz de todas as coisas e consolo de todos os seres e eras. Penso em Buda, placidamente meditando sob uma árvore, imune às conturbações deste mundo de dor e ilusão. Existem ocasiões em que é justamente sobre isso que fantasio -- um santuário interior dedicado ao que realmente importa, no qual a instabilidade permanente do mundo silenciasse e o tempo cessasse sua trajetória, ao menos por um breve período. Uma pausa cósmica para me dedicar às coisas verdadeiramente essenciais.

Devo estar precisando de férias.

3 comentários:

Jana disse...

vou parecer alienada, mas parei de ler jornal...

beijos

Gabriel disse...

Boa noite, rapazola. Também ando de saco cheio de ler jornal. Hoje, por sinal, li algo interessante. Um artigo do Demétrio Magnoli. Obrigado pelo link, querido.

Abraço,

Anônimo disse...

Não só jornal como televisão e algumas revistas... então...