domingo, agosto 28, 2005

Que dirás esta noite?






Que dirás esta noite, pobre alma solitária,
Que dirás, coração outrora emurchecido,
À muito bela, à muito boa, à muito cara,
Cujo divino olhar te viu reflorescido?

Poremos nosso orgulho em cantar seu louvor,
Nada se iguala à sua doce autoridade;
Na carne espiritual tem angélico frescor,
Cobre-nos seu olhar de suave claridade.

Seja na noite negra e em meio à solidão,
Seja na rua triste e em meio à multidão,
Seu fantasma pelo ar é a dança mais acesa.

"Sou bela! A mim nada ninguém recusa!
Ordeno que por mim sempre ameis a Beleza!
Eu sou o Anjo da Guarda, eu sou Madona e Musa!"


Charles Baudelaire, As Flores do Mal, trad. de Pietro Nassetti.

domingo, agosto 21, 2005

Self e persona

YO NO SOY YO.
Soy este
que va a mi lado sin yo verlo;
que, a veces, voy a ver,
y que, a veces, olvido.
El que calla, sereno, cuando hablo,
el que perdona, dulce, cuando odio,
el que pasea por donde no estoy,
el que quedará en pié cuando yo muera.

Juan Ramón Jiménez (1881-1958)

quarta-feira, agosto 17, 2005

Rilke

No início do século passado, um jovem chamado Franz Xaver Kappus estava muito insatisfeito com a vida que levava. Cadete da Academia Militar de Neustadt, em Viena, Kappus sentia-se solitário, inadequado às exigências da vida militar e, sendo jovem, todos os arroubos e apelos que a idade lhe fazia sofrer. Gostava de poesia, contudo, e nela encontrava consolação e desabafo, pois também recorria aos versos para exprimir — e talvez aliviar — suas angústias. Até o dia em que um acaso feliz lhe revelou que um dos autores que vinha lendo com maior interesse, Rainer Maria Rilke, fora aluno da mesma Academia que agora era para ele, Kappus, dever e prisão. Deve ter ficado agradavelmente surpreso ao ouvir que o cadete Rilke fora, como ele, um peixe fora d’água na rotina dos cadetes: quieto e sério, magro e pálido, tolerando penosamente as atividades de Neustadt, até por fim ser promovido para uma escola superior onde, ao verem os responsáveis local esta a sua falta de compleição para as armas, dispensaram-no, após o que foi completar seus estudos em Praga.

Kappus empolgou-se com essa história. Então, seu admirado poeta tivera ali também seus padecimentos? Pode-se bem imaginar o tipo de identificação aí criado, ou antes reforçado, ao divisar o jovem cadete uma forte experiência comum por trás dos versos, quando nada sabia disso, já o haviam atraído. Aconteceu, pois, que teve a idéia de mandar seus próprios versos a Rilke e pedir-lhe uma opinião, ao mesmo abrindo para o poeta o coração com uma sinceridade, como o próprio Kappus diria depois, jamais tivera antes nem voltaria a ter mais tarde. Decerto que não esperava apenas a opinião técnica do autor bem-sucedido. Ninguém entrega suas confidências, o produto de anos de ruminações e revoluções íntimas, aguardando uma mera crítica de métrica e conteúdo. O que, exatamente, o cadete esperava, só ele próprio poderia dizer. Mas é tentador tentar pôr-se em seu lugar e imaginar a ansiedade com que deve ter passado os dias seguintes ao envio. Haveria resposta? Se não, por quê? E, se viesse, o que traria? Uma crítica demolidora? Um elogio? Uma resposta-padrão impessoal e gélida?

Passaram-se semanas, e um envelope azul com carimbo de Paris veio ao encontro das esperanças e ansiedades do cadete Kappus. Começava ali, em fevereiro de 1903, uma troca de cartas que duraria mais cinco anos e ganharia um lugar na literatura universal. Delas, dez seriam selecionadas para publicação e dessa dezena primorosa extraio para cá algumas passagens. Reproduzo-as apenas para instigar a leitura dos textos na íntegra; não se pode pretender entendê-los e apreciá-los apenas por uma antologia.

Não se deixe perturbar na sua solidão pelo fato de sentir desejos de a abandonar. Usadas com calma e reflexão, essas tentações devem auxiliá-lo como instrumento capaz de alargar a sua solidão num país ainda mais rico e maior. Os homens possuem, para todas as coisas, soluções fáceis e convencionais, as mais fáceis das soluções fáceis. Entretanto, é sempre evidente que se deve preferir o difícil: tudo o que vive lá cabe. Cada ser se desenvolve e se defende à sua maneira e tira de si próprio, a todo custo e contra todos os empecilhos, essa forma única que é a sua. Conhecemos muito poucas coisas, mas a certeza de que devemos sempre preferir o difícil nunca deve nos abandonar. É bom estar só, porque a solidão é difícil. Se uma coisa é difícil, motivo mais forte para a desejar. Amar também é bom, porque o amor é difícil. O amor de um ser humano por outro é talvez a experiência mais difícil para cada um de nós, o mais superior testemunho de nós próprios, a obra absoluta em face da qual todas as outras são apenas ensaios. É por isso que os seres bastante novos, novos em tudo, não sabem amar e precisam aprender. Com todas as energias do seu ser, reunidas no coração que bate inquieto e solitário, aprendem a amar. Toda a aprendizagem é uma época de clausura. Assim, para o que ama, durante muito tempo e até durante a vida, o amor é apenas solidão, solidão cada vez mais intensa e mais profunda. O amor não consiste em uma criatura se entregar, se unir a outra logo que se dá o encontro. (Que seria a união de dois seres ainda vagos, inacabados, dependentes?) O amor é a oportunidade única de sazonar, de adquirir forma, de nos tornarmos um universo para o ser amado. É uma alta exigência, uma cupidez sem limites, que faz daquele que ama um eleito solicitado pelos mais largos horizontes. Quando o amor aparece, os novos apenas deveriam enxergar nele o dever de trabalharem a si próprios. A faculdade de nos perdermos noutro ser, de nos entregarmos a outro ser, todas as formas de união, ainda não são para eles. Primeiro, é preciso ajuntar muito tempo, acumular um tesouro.

Roma, 14 de maio de 1904.

No que tange a sentimentos, puros são todos aqueles em que se concentra toda a sua individualidade, e que o levam; impuros, todos aqueles que somente correspondem a uma parte de si mesmo e por conseqüência o deformam. Tudo o que pensa quando se relaciona à sua meninice, é bom. Tudo o que faz de si mais do que era até então nas suas melhores horas — é bom. Se toda a sua substância nela participar, toda a exaltação é boa, desde o instante em que não seja simples perturbação ou embriaguez, mas alegria límpida e translúcida.

Compreende o que quero dizer? A sua própria dúvida, se a educar, poderá tornar-se uma coisa sadia; isto é, transformar-se em instrumento de saber e de seleção. Pergunte-lhe, cada vez que a vir tentada a estragar alguma coisa, por que motivo acha essa coisa feia. Exija-lhe provas. Observe-a: vê-la-á talvez desorientada, em busca de um indício. Sobretudo, não abdique jamais. Não se esqueça nunca de indagar-lhe as suas razões. Virá o dia em que a dúvida, essa iconoclasta, se transformará num dos melhores artesãos — o mais inteligente, talvez, de todos os que trabalham na edificação da sua vida.

Furnborg, Jonsered, Suécia, 4 de novembro de 1904.

A própria arte é uma forma de vida. Podemos preparar-nos para ela sem o saber, vivendo de um modo ou de outro. Em tudo o que corresponde ao real estamos mais próximos da arte do que nessas chamadas profissões artísticas que não se fundamentam em nada na vida e que, ao mesmo tempo que copiam a arte, a negam e a ofendem.

Paris, 26 de dezembro de 1908.

sábado, agosto 13, 2005

Paz e estagnação

Nunca se sabe tão bem o que realmente significa a paz como quando a perdemos. A estagnação, por sua vez, se anuncia já à chegada. A primeira é uma âncora, uma firmeza, algo que nos fortalece mesmo diante de uma tempestade a anunciada; a segunda é um pântano que nos prende sem que possamos divisar uma direção por onde sair dele.

Ambas nos fazem sentir estáveis, porém a paz é plena de promessas, não nos nega possibilidades e quiçá mudanças de rota; a estagnação é uma renúncia permanente, um eterno deixar passar de coisas que nos roçam de leve o desejo e logo são esquecidas sem recurso.

Para a paz, é sempre tempo; para a estagnação, sempre o tempo se perdeu.

A paz nos conduz, e se deixa conduzir; a estagnação nos emperra. Uma é o sopro de frescor nas horas de dificuldade; a outra não passa de uma falta de brisa.

A paz não exclui a esperança e a novidade, antes adapta-se ao seu movimento como numa dança; a estagnação não olha para o dia de amanhã, pois ele nada mais é que um novo ontem.

A paz acalenta e repousa; a estagnação prostra e exaure. Pois os pacíficos se recolhem para a renovação, e os estagnados se atolam num infindável presente.

A paz acalma os pensamentos, ordena-os, amplia-os por lhes abrir a opção da profundidade; a estagnação é sempre rasa, pois o tédio a tudo amortece.

A paz se permite algumas lágrimas de comoção pelas dádivas que encontra pelo caminho; a estagnação também chora, mas pelas dádivas que a encontraram e ela não as reconheceu.

A paz flui na harmonia; a estagnação bóia na recorrência.

A paz se transmite, se irradia aos que a contemplam; a estagnação, egoísta, não se partilha.

A paz cresce; a estagnação incha.

A paz é certeza; a estagnação é a dúvida sufocada.

A paz ama; a estagnação acomoda-se.

A paz evolui; a estagnação se detém.

A paz nem de longe se confunde com a mesmice, como o mar não se confunde com um charco; a estagnação jamais será inteiramente tranqüila, como uma poça não pode ser um lago, por sempre destinada a secar.

A paz é um sonho bom que nos consola e acarinha ao longo de todo o dia; a estagnação não tem sonhos — apaga-se a cada noite e continua opaca ao longo de todo o dia, quando não de toda a vida.

sexta-feira, agosto 12, 2005

Terrorismo e religião -- relação desnecessária

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

http://noticias.usp.br/canalacontece/artigo.php?id=9514

Terrorismo não tem nada a ver com fanatismo religioso, afirma professor


Economia & Política - 05/08/2005 18:20

ENTREVISTA
Diego Mattoso / USP Online
mattoso@usp.br

Nova York, 11 de setembro de 2001. Madri, 11 de março de 2004. Londres, 7 de julho de 2005. Cidades e datas que marcam a face mais perversa da geopolítica internacional contemporânea: os ataques terroristas. Em todos eles, a palavra fanatismo não deixou de freqüentar discursos e páginas de jornais. A cada atentado, uma relação direta, quase automática, é estabelecida entre terrorismo, fanatismo, islamismo e países árabes e muçulmanos.

Crítico dessa interpretação, o professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP Paulo Arantes acredita que a explicação para o avanço do terrorismo não está no fanatismo religioso. Para ele, os atentados são fruto da conjuntura política mundial, relacionada principalmente ao expansionismo norte-americano. O islamismo, segundo Arantes, seria apenas o fator de mobilização política contra a dominação estrangeira, sobretudo em países detentores de petróleo.

“Vende-se essa idéia de que existe um 'choque de civilizações'. Não se trata de guerra de religiões, pois isso não faz mais sentido. A religião é apenas uma motivação para racionalizar ressentimentos muito específicos”, constata o professor, referindo-se ao islamismo como a religião de maior potencial mobilizador no atual cenário político mundial.

Paulo Arantes é considerado um dos pensadores mais destacados da esquerda brasileira e, no próximo dia 11, participa do I Encontro Paulista “Fanatismo e Terrorismo ­ Conjunções e Disjunções”, quando ministra a palestra “Fanatismo e Terrorismo ­ Conjuntura Sócio-Econômica”. No dia 19, o professor integra a mesa-redonda “O Lugar do Fanatismo e do Terrorismo na Construção da Realidade”. Os eventos acontecem no Instituto de Psicologia da USP (ver programação completa).

Leia abaixo a entrevista do professor Paulo Arantes, concedida ao USP Online por telefone:


Em sua opinião, o fanatismo religioso é um fator que explica a escalada de terror que assola o mundo atualmente?

Paulo Arantes - Eu acredito que a questão não tem nada a ver com o fanatismo religioso. Vende-se essa idéia de que existe um “choque de civilizações”. Não se trata de guerra de religiões, pois isso não faz mais sentido. A religião é apenas uma motivação para racionalizar ressentimentos muito específicos. Ela foi o guia da formação dos Estados, há quatro séculos, quando as Igrejas e o poder espiritual faziam parte do poder político. A religião era a ideologia política, mas não é mais.

Há muitos trabalhos norte-americanos que desmentem essa associação entre terrorismo e fanatismo. Num deles, foi feito um levantamento sobre todos os atentados terroristas suicidas, e chegou-se à conclusão de que os terroristas não são motivados por razões religiosas, não se trata de fanatismo. É uma estratégia político-militar racional, que se usa da auto-emulação como recurso específico e que não tem qualquer relação com guerra de religião ou coisa que o valha. Foram analisados 381 atentados ocorridos de 1980 a 2003, e 98% dos casos tratam-se de razões políticas. A estratégia americana de combate ao terrorismo está completamente equivocada, porque os ataques suicidas são iniciativas políticas de agentes políticos que respondem a uma ocupação militar estrangeira em suas pátrias. As motivações pessoais para se converter alguém a homem-bomba é convencê-lo à libertação da terra natal que está sob domínio de forças estrangeiras.

Por que o fanatismo é um termo tão usado para explicar o terrorismo?

Arantes - Há uma espécie de vazio político de pensamento na sociedade contemporânea. Qualquer pessoa que esteja disposta a defender energicamente um ponto de vista e pense em alternativas que transcendam à ordem comum das coisas e ao consenso da sociedade contemporânea, é taxada como “fanática”, porque comete exageros e desvios da normalidade e porque tem princípios. Há um erro de percepção.

A idéia do fanatismo é uma forma de se desconsiderar o fato de que estamos presenciando uma espécie de guerra civil mundial. De ambos os lados existem atores perfeitamente modernos e contemporâneos. Ninguém seqüestra um avião e o joga contra um edifício em Nova York sem se sentir parte integrante de um mesmo mundo globalizado. Não por acaso a estratégia do terrorismo é adotada por agentes políticos mais fracos diante da potência dominante. Trata-se de uma guerra absolutamente assimétrica. Como os envolvidos são países petrolíferos árabes e muçulmanos e o Ocidente considera a religião dos povos vencidos retrógrada, há uma associação feita entre o islamismo, fanatismo e a iniciativa terrorista.

Em sua opinião, quais são as razões sociais para o crescimento do número de atentados terroristas suicidas nas últimas décadas?

Arantes - Tenho a impressão de que o avanço do terrorismo tem a ver com o retrocesso dos movimentos sociais e sindicais no mundo inteiro e com o colapso da modernização das periferias, em cidades que concentram grande contingente populacional sem qualquer perspectiva. O planeta hoje é urbano, e esse problema não se resolve da noite para o dia. O capitalismo só agrava isso. Como há uma desmoralização de todas as idéias progressistas e socialistas do século passado, a religião mobiliza parte dessa periferia, e a religião mobilizadora desse momento é o islamismo. Como todas as alternativas estão bloqueadas, o terrorismo torna-se a mais viável.

Ou seja, o que é e o que será do terrorismo está diretamente ligado à atual conjuntura do capitalismo.

Arantes - É, essa me parece a visão mais convincente.

E de que forma os eventos geopolíticos influenciaram para a constituição do atual cenário de avanço do terrorismo?

Arantes - Há autores que localizam em 1953 o epicentro da atual crise mundial, quando os EUA promoveram um golpe de Estado sangrento contra Mohammad Mossadegh, primeiro ministro iraniano que havia nacionalizado as companhias petrolíferas inglesas e americanas presentes no Irã. Colocou no lugar uma ditadura sanguinária da dinastia Pahlevi, em princípio para modernizar o Irã. Isso desestabilizou toda a região. A revolução iraniana (1979) é um ricochete dessa intervenção promovida pelos serviços de inteligência americanos para controlar o petróleo naquela região.

Se analisarmos esse evento como o foco do movimento islâmico radical atual, percebemos que é um movimento estratégico de enfrentamento entre poderes no tabuleiro geopolítico internacional, que não tem nada a ver com o fanatismo. Simplesmente os aiatolás iranianos mobilizaram um sentimento nacional que se exprimiu religiosamente como um sentimento de luta contra a espoliação colonial iniciada pelo golpe de Estado. O mundo ainda está pagando o preço desse desarranjo inicial.

Quer dizer que o fator política é mais determinante que o fator islamismo para explicar a escalada terrorista atual?

Arantes - Nenhuma religião foi tão militar e territorialmente expansionista como o cristianismo. Mas por que dizem que só o islã é uma religião militar e expansionista? Porque, nesse momento, as igrejas ocidentais convocam seus fiéis para o consumo, enquanto a religião islâmica mobiliza politicamente seus fiéis. Isso faz uma enorme diferença no mundo. Essa diferença tem um custo político e tem resultados estratégicos. Deve-se lembrar que o chamado terrorismo islâmico expulsou do Líbano os americanos, franceses e israelenses. O fato de haver um crescimento exponencial do terrorismo suicida mostra que ele funciona, tem resultados. É uma estratégia racional, semelhante ao que foram os kamikazes. As pessoas se escandalizam com coisas que estão aí há décadas.

Mas não quero banalizar o terrorismo, acho que é uma importante questão do mundo contemporâneo. Eu, como marxista, sou antiterrorismo. Na tese clássica do marxismo e do leninismo, o terrorismo desmoraliza as pessoas, desmotiva massas e classes sociais. Portanto, sou insuspeito de fazer apologia ao terrorismo. Mas acredito que o terrorismo veio para ficar, faz parte das questões insolúveis da sociedade contemporânea.

Pílulas filosóficas

Sem muito tempo para divagar mais longamente, contento-me com estas pílulas.


"Seja paciente com tudo que jaz sem solução em seu coração e tente amar as perguntas em si mesmas. Não busque as respostas, que não lhe podem ser dados pois não seria capaz de vivenciá-las. E a meta é vivenciar tudo. Vivencie as perguntas."

Rainer Maria Rilke.


"Toda a sabedoria humana se resume em duas palavras: aguardar e esperar."

Alexandre Dumas pai.



Música para acompanhar: Hatkva ("Esperança"), canção judaica na voz de Gilbert.


domingo, agosto 07, 2005

Há 60 anos...



...a Humanidade abandonou de vez a normalidade em que vivera durante todos os milênios anteriores. Pela primeira vez, tínhamos o poder de destruir tudo -- a começar por nós mesmos. E hoje, embora se fale pouco disso, o perigo não deixou de existir. O átomo ainda é uma espada de Dâmocles a pender sobre nossas vidas frágeis, à espera do momento fatal em que alguém cometerá um erro.

Frio





Acompanhamento sugerido: Marcha Fúnebre, de Chopin, para os melancólicos; ou Uma Noite no Monte Calvo, de Mussorgsky, para os coléricos. De minha parte, fico com eles e mais tarde, quem sabe, um pouco do Chico, se estiver disposto.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Pestilências




Ainda em refluxo. Gripal.

terça-feira, agosto 02, 2005

Para não dizer que não falei de CPIs...

A crise política já me infligiu a primeira baixa. Uma de minhas irmãs declarou-se fã de Roberto Jefferson.

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Um cenário otimista: depois de todos esses escândalos, a audiência da TV Senado e da TV Câmara aumenta tanto que os nobres parlamentares passam a financiar suas campanhas com as recém-adquiridas cotas de publicidade dos dois canais.

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Depois do enfrentamento entre Dirceu e Jefferson na Câmara, e zapeando pela Record, a pergunta que me vem é: quem será demitido? Os dois ou teremos uma melhor de três?

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A pergunta que não quer calar: onde está Genoíno? Aliás, e os ministros todos a quem Jefferson afirmou ter primeiro falado do mensalão? Perguntaram a Ciro Gomes se foi verdade ou fui eu que perdi alguma coisa?

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As maravilhas da Internet. Apenas poucas horas depois de Jefferson, nosso Caruso do submundo, falar dos emissários do PT e do PTB à Portugal Telecom, o nome dos dois já está online. Um doce para quem adivinhar o nome do que representou o PT.

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Pronto. Se as investigações correntes chegarem mesmo a resultados históricos, já poderei contar a meus hipotéticos descendentes que falei do assunto.

Música do dia: Oompa Loompa Song, da primeira versão de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”.

segunda-feira, agosto 01, 2005

Melancolia


Domenico Feti, Melancolia, c.1620.



A própria felicidade, se excessiva ou contínua, pode deixar em seu rastro uma sombra de tristeza. O espírito entra numa espécie de refluxo, uma pausa para se reordenar... e vem a inevitável melancolia, ela própria o suspiro necessário para o retorno da alegria...ou o prenúncio de seu fim?



Música do dia: Sonata ao Luar, de Ludwig van Beethoven.