sexta-feira, junho 08, 2007

Uma analogia ociosa


Há convites que são verdadeiras intimações das Parcas, puro destino; outros, caixas de Pandora; uns poucos, raros e heróicos, um trabalho de Héracles. Uma quarta classe, pouco digna de menção, não passa de banalidades sem conseqüência. Mas que dizer dos que se revelam uma tarefa de Sísifo, com seu sabor agridoce de eterno retorno?

Mas a vantagem de não se estar preso no Hades é que sempre se pode largar a pedra de punição e comemorar o feriado consolador ao lado do bom e velho Dionísio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Um conto de Kafka...

Lendas
De Prometeu contam-se quatro lendas:
Pela primeira � por ter ele tra�do os Deuses junto aos homens, foi ele posto a ferros numa penedia do C�ucaso e l� os Deuses mandavam �guias a fazer de pasto o seu f�gado sempre renovado.
Pela segunda � atormentado pelos bicos que o laceravam, Prometeu foi encolhendo-se cada vez mais de encontro ao rochedo at� formar com ele uma coisa �nica.
Pela terceira � a trai�o de Prometeu esqueceu-se nos s�culos: os Deuses esqueceram, as �guias, ele pr�prio...
Pela quarta � cansaram-se, todos, daquele processo sem fundamento: cansaram-se os Deuses, cansaram-se as �guias, cansada fechou-se a ferida.

Ficou o inexplic�vel monte de pedra. A lenda busca explicar o inexplic�vel: como surgiu de um fundo de verdade, tinha de acabar todavia sem explica�o.