sexta-feira, outubro 28, 2005

Os perigos da ficção "erudita"...

Extraído de http://revistaentrelivros.uol.com.br/Edicoes/6/Artigo10980-1.asp

O êxito do Código da Vinci


UMBERTO ECO

Última ceia, de Fra Angélico, séc. XV
Todos os dias vem parar em minhas mãos um novo comentário sobre O Código da Vinci, de Dan Brown. Se quiserem uma informação atualizada sobre todos os artigos a respeito do tema, basta visitar o site da Opus Dei. Podem confiar, mesmo se forem ateus. Quando muito - como veremos - a questão talvez seja por que o mundo católico se azafama tanto para arrasar o livro de Dan Brown; mas quando a parte católica explica que todas as informações que o livro contém são falsas, podem acreditar.

Que fique claro. O Código da Vinci é um romance, e como tal, teria direito de inventar o que quisesse. Além disso é escrito com habilidade e o lemos de um só fôlego. Nem é grave que o autor de início diga que o que nos conta é verdade histórica. Só faltava essa! O leitor profissional está acostumado a esses apelos narrativos à verdade, fazem parte do jogo ficcional. A encrenca começa quando percebemos que um grande número de leitores ocasionais acredita realmente nessa afirmação, da mesma forma que no teatro de marionetes siciliano os espectadores insultavam Gano de Maganza, o traidor.

Para desmontar a suposta veracidade histórica do livro, bastaria um artigo razoavelmente breve (e já andaram escrevendo uns ótimos) que diga duas coisas: a primeira é que todo o episódio de Jesus que se casa com Maria Madalena, de sua viagem à França, da fundação da dinastia merovíngia e do Priorado de Sion é tudo quinquilharia que já circulava há décadas numa pletora de livros e livrinhos para os devotos das ciências ocultas, desde aqueles de Gérard de Sède sobre Rennes- le-Chateau ao O Santo Graal e a linhagem sagrada de Baigent, Leigh e Lincoln.

Ora, que tudo isso contivesse uma longa série de lorotas já foi dito e demonstrado há um bom tempo. Além disso, parece que Baigent, Lincoln e Leigh ameaçaram (ou realmente iniciaram) uma ação judicial contra Brown, por plágio. Como assim? Se eu escrever uma biografia de Napoleão (narrando eventos reais), depois não posso processar por plágio alguém que tenha escrito outra biografia de Napoleão, ainda que romanceada, narrando os mesmos eventos históricos? Se eu fizer isso, então me queixo do roubo de uma originalíssima invenção minha (ou seja fantasia, ou lorota, como preferirem). Brown dissemina seu livro de inúmeros erros históricos, como aquele de ir buscar informações sobre Jesus (que a igreja teria censurado) nos pergaminhos do Mar Morto - os quais não falam nunca de Jesus, mas de assuntos hebraicos como os Essenes. É que Brown confunde os manuscritos do Mar Morto com aqueles de Nag Hammadi. Ora, acontece que a maioria dos livros que aparecem sobre o caso Brown, mesmo e especialmente aqueles bem feitos, para poder alcançar o número de páginas suficiente para fazer um livro, contam tudo o que Brown saqueou, tintim por tintim.

Esses livros, em alguma medida perversa, embora sejam escritos para denunciar falsidades, contribuem para fazer circular e recircular todo aquele material oculto. Assim (assumindo a interessante hipótese que O Código seja um complô satânico), toda refutação que se lhe faz reproduz as insinuações, e com isso acabam se tornando seu megafone.

Por que, mesmo quando é contestado, O Código se autoreproduz? Porque as pessoas têm sede de mistérios (e de complôs) e basta que se lhes ofereça a possibilidade de pensar sobre mais um mistério (e até no momento em que você lhe diz que era a invenção de alguns espertinhos) e pronto, todos começam a acreditar naquilo.

Acho que seja isso o que preocupa a igreja. A crença no Código (e em outro Jesus) é um sintoma de descristianização. Quando as pessoas não acreditam mais em Deus, dizia Chesterton, não é que não acreditem em mais nada, mas acreditam em tudo. Até nos meios de comunicação de massa.

Fiquei impressionado com a figura de um jovem imbecil que, na praça São Pedro, enquanto uma multidão imensa aguardava a notícia da morte do Papa, ele, de celular no ouvido, dava tchauzinho para a câmara de TV. Por que é que estava ali (e por que estavam ali tantos outros como ele, enquanto talvez milhões de verdadeiros crentes estavam em suas casas, e orando)? Em sua espera de um sobrenatural midiático, não estaria ele pronto a acreditar que Jesus tenha se casado com Madalena e estivesse mística e dinasticamente ligado pelo Priorado de Sion a Jean Cocteau?

quarta-feira, outubro 26, 2005

Rosa Parks

Determinadas lutas são de tal modo impressionantes e nobres que naturalmente se tornam míticas. E como não há mitos sem heróis, a campanha pelos direitos civis dos negros norte-americanos também teve os seus. Provavelmente o primeiro que nos vem à cabeça é Martin Luther King Jr., mas poucos lembram que para que o jovem pastor batista se tornasse o símbolo que ainda é, houve um outro que o precedeu: Rosa Parks.


Diz a lenda que ela retornava para casa ao fim de um dia de trabalho, uma senhora respeitável em seus quarenta e dois anos, quando o motorista do ônibus em que estava pediu-lhe que cedesse o lugar a um passageiro branco que acabara de embarcar. Esse tipo de deferência cumpulsória era comum nos Estados do sul dos EUA (Rosa vivia na capital do Alabama, no coração do sul), regidos por uma espécie de apartheid legal e informal que procurou compensar de várias formas a emancipação dos escravos após a Guerra Civil. Rosa, porém, teria se recusado, o que lhe rendeu voz de prisão. Em solidariedade à sua coragem, as lideranças negras locais, entre as quais o pastor King, teriam então convocado um boicote ao sistema municipal de ônibus que durou quase um ano, finalmente pondo abaixo as humilhantes regras discriminatórias no sistema de transporte público.


Na verdade, não foi bem assim. Rosa era uma veterana da National Association for the Advancement of the Colored People (NAACP), uma organização pela defesa dos direitos dos negros que há décadas vinha travando uma cruzada judicial contra a segregação racial nos Estados sulistas. Não sentou na parte de trás do ônibus, destinada aos negros, mas na do meio, normalmente ocupada por brancos, onde negros poderiam sentar desde que não houvesse brancos de pé. O motorista que a mandou levantar, portanto, cumpria regras já estabelecidas, ainda que revoltantes. Indícios, portanto, de que o que entrou para a história como um ato individual de coragem que despertou subitamente a indignação cívica de toda uma comunidade, nada mais foi que a ação provocadora de uma militante que sabia muito bem o que estava fazendo. Finalmente, a decisão da Suprema Corte que proibiu a segregação no transporte pública intra-estadual não foi derivada diretamente desse caso, mas de outro, julgado em 1956. Isso não tira, contudo, o mérito de Parks, a costureira que faleceu anteontem aos 92 anos, venerada como um ícone da luta contra a injustiça racial numa sociedade que, até então, se congratulava pela própria prosperidade enquanto ignorava solenemente a opressão de sua minoria racial mais expressiva, privada até mesmo do status de cidadão pleno. Um tema que, em tempos de furacões racialmente seletivos e teses freakonômicas ligando aborto de crianças negras a quedas na criminalidade urbana, a consciência americana ainda não conseguiu tirar de pauta.

Para Rosa, que deixou uma fundação de auxílio a estudantes, a luta terminou. Que o exemplo da brava costureira do Alabama continue inspirando os que ficaram, pois infelizmente ainda há muito a ser feito.

domingo, outubro 23, 2005

Sim, sim, não, não

23/10/2005 - 22h23
Proibição da venda de armas é rejeitada por dois terços

Ricardo Amaral
Da Reuters

BRASÍLIA (Reuters) - A proibição do comércio de armas de fogo e munição no Brasil foi rejeitada por quase dois terços dos eleitores, em referendo realizado neste domingo, de acordo com resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Às 21h55, apuradas mais de 90% das urnas, o "não" (contra a proibição) tinha recebido quase 57 milhões de votos (63,94%) e a opção "sim" (pela proibição), 32,1 milhões (36,06%) dos votos válidos, segundo o TSE. O resultado consolidado deve ser divulgado por volta da meia-noite.

Acompanhe a apuração dos votos do referendo sobre o comércio de armas

Com o resultado, continuam em vigor todas as demais disposições do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826), promulgado em 23 de dezembro de 2003, que já restringe a posse e uso de armas de fogo às corporações militares e policiais, empresas de segurança, desportistas, caçadores e pessoas autorizadas apenas pela Polícia Federal.

A derrota da proibição do comércio de armas e munições confirma reviravolta na opinião pública, apontada pelos institutos de pesquisa ao longo da campanha, que durou vinte dias em horário obrigatório na televisão e no rádio.

Em agosto, segundo o Datafolha, 80% dos entrevistados apoiavam a proibição. Na pesquisa divulgada sábado, o voto "não" já contava com 57%, estimativa superada pelo resultado final.

O "não" venceu em todos os Estados, com destaque para Rio Grande do Sul, Acre e Roraima, onde a opção recebeu cerca de 87% dos votos. O melhor desempenho do "sim" foi em Pernambuco e no Ceará, com pouco mais de 45% dos votos.

Mesmo restrito ao aspecto do comércio legal de armas e munições, o primeiro referendo legislativo da história do Brasil mobilizou o eleitorado. De acordo com o TSE, a abstenção foi de pouco mais de 21% dos 123 milhões de eleitores registrados.

Esse número é semelhante ao resultado do segundo turno das eleições presidenciais de 2002, quando 20,45% dos eleitores deixaram de votar. No segundo turno de 1989, que teve comparecimento recorde, a abstenção foi de 14,09%.

Em 1993, no plebiscito sobre sistema e regime de governo, a abstenção chegou a 25,76%. Na escolha entre monarquia ou república, presidencialismo ou parlamentarismo, 15% dos que compareceram anularam ou deixaram o voto em branco. No referendo deste domingo, com a utilização de urnas eletrônicas, nulos e brancos foram cerca de 3%.

O presidente do TSE, ministro Carlos Velloso, comemorou a realização do referendo com tranqüilidade e defendeu que outras consultas populares podem acontecer. Como exemplo, ele citou a discussão sobre a legalização do aborto de fetos com anencefalia (sem cérebro).

"Essa é uma questão importantíssima agora, como tantas outras que o país tem", afirmou neste domingo Velloso durante entrevista coletiva.

Lula vota

Declarando sua opção pelo "sim", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva votou na manhã deste domingo em São Bernardo do Campo, na região da Grande São Paulo.

"Eu acho que uma pessoa comum ter armas não vai dar segurança, por isso eu votei no 'sim'. Agora, a vontade do povo é soberana", afirmou Lula a jornalistas. À noite, no parque de exposições do Anhembi, em São Paulo, voltou a defender a proibição, mas disse que cumpriria o resultado das urnas.

Embora tenha sido mínima a participação de dirigentes políticos na campanha sobre a proibição, a vitória do "não" será debitada como um fracasso do governo Lula, que se identificou com a proibição. A Igreja Católica e várias denominações evangélicas também se engajaram na campanha do "sim."

É também uma derrota do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que presidiu a frente parlamentar do "sim" e defende a proibição de armas de fogo desde quando foi ministro da Justiça, no governo Fernando Henrique Cardoso.

Depois de votar à tarde em São Paulo, o atual ministro da Justiça, Márcio Tomaz Bastos, já se preparava para reconhecer a derrota.

"O resultado 'sim' significaria apenas aprofundamento, ou seja, seria proibido vender armas e vender munição. Se der o 'não', nós vamos continuar da mesma maneira fiscalizando rigorosamente, e o controle de armas vai continuar sendo um bem para o Brasil", afirmou.

A frente parlamentar vitoriosa foi coordenada pelo ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury (PTB) e pelo deputado Alberto Fraga (PFL-DF), coronel reformado da Polícia Militar. A frente do "não" centrou sua campanha no direito à autodefesa e na fragilidade da segurança pública.

"A discussão não é o desarmamento, é a proibição absoluta da venda de armas e munições para o cidadão de bem", disse Fleury Filho (PTB-SP). "Seria desarmamento se todo mundo, inclusive os bandidos, se desarmasse."

Estimativa do Instituto de Estudos da Religião (Iser) e do Small Arms Survey 2005 mostrou que existem mais de 17 milhões de armas no país. Os números, porém, são contestados por muitos outros organismos.

Segundo o Ministério da Saúde, 39.325 pessoas foram mortas por tiros em 2003 --média de 108 por dia. A Secretaria de Segurança de São Paulo informa que em 2004 apenas 5% das vítimas de homicídio morreram em casos de latrocínio (morte seguida de roubo).

(Com reportagem adicional de Marcos de Moura e Souza)

segunda-feira, outubro 10, 2005

No amor e na guerra

Quando se pensa em conflitos catastróficos, a Segunda Guerra Mundial talvez seja a primeira que nos vem à mente. Tem todos os elementos para isso: proximidade temporal, conseqüências geopolíticas ainda visíveis, um vilão megalomaníaco especialmente cruel com alguns milhões dentre suas vítimas e o início do terror atômico. Por conta disso, poucos dentre os não-especialistas atentam para o fato de que o grande choque de carnificina do século XX, que rompeu todos os limites da arte da guerra, na verdade começou em 1914.


Eterno Amor (A Very Long Engagement), dirigido por Jean-Pierre Jeunet e estrelado por Audrey Tautou (a mesma dupla de ...Amélie Poulain), trata com delicadeza do drama que a Primeira Guerra representou: a morte em massa pelas metralhadoras, o horror das trincheiras e da “terra de ninguém” entre elas, o descaso de oficiais incompetentes para as arrasadoras novas tecnologias bélicas e indiferentes para o destino dos infelizes sob seu comando... e também o da busca difícil por entes queridos que jamais retornaram do front. Esta é a sina de Mathilde, uma órfã obcecada pela idéia de que o noivo — condenado à morte na terra de ninguém junto com mais quatro soldados — teria sobrevivido. Com essa idéia em mente, ela inicia uma longa e penosa investigação, procurando todas as pessoas que poderiam ter tido contato com os cinco condenados e reconstituindo o drama pessoal de cada um deles, na esperança de uma pista que lhe desse a certeza do destino de seu amado Manech.

Essa mescla de trajetórias trágicas constitui o ponto mais forte do filme. O terror do campo de batalha leva os cinco homens a se mutilarem na esperança de serem dispensados de volta para casa, mas acaba lhes rendendo uma corte marcial e sua condenação à morte certa pelas armas alemães. Do trapaceiro que urinava nos capacetes dos camaradas ao homem que pede à mulher que engravide do melhor amigo para que ele, estéril, não precise voltar ao confronto onde seus compatriotas eram massacrados às centenas todos os dias, cada condenado renderia seu próprio filme. Essa riqueza de subtramas acaba reforçando o interesse da história.

Filmado em sépia, repleto de criativos recursos visuais para os recorrentes flashbacks, o filme acaba sendo uma combinação eficiente de história de amor, drama e aula de História. Sem os clichês que se poderiam esperar e exigindo do espectador uma boa dose de atenção para a trama para lá de intricada, o filme mereceu duas indicações ao Oscars e mais 15 premiações. Merecem destaque a fotografia e a interpretação impressionante de Audrey Tautou, já consagrada pela inesquecível Amélie Poulain.

Um filme para apreciar, refletir e também aprender.


sábado, outubro 01, 2005

O aborto como método de segurança pública

01/10/2005
Casa Branca rejeita comentário racista de Bennett
'Republicano afirma que crimes cairiam se negros fossem abortados'

David D. Kirkpatrick e Marek Fuchs*
Em Washington


A Casa Branca se distanciou nesta sexta-feira (30/09) dos comentários de um proeminente republicano, que disse em um recente programa de rádio que o índice de criminalidade do país poderia ser potencialmente reduzido com o aborto de bebês negros.

A Casa Branca chamou os comentários, feitos por William J. Bennett, um ex-secretário da Educação republicano, de terrivelmente equivocados. O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse que o presidente Bush "acredita que os comentários foram inapropriados".

Bennett disse que os comentários foram tirados de contexto, notando que ele disse imediatamente que tais abortos seriam "repreensíveis".

O republicano, que também atuou com czar das drogas para o pai do presidente, foi atacado na quinta-feira por líderes democratas no Congresso pelos seus comentários, feitos nesta semana em seu programa de rádio, "Bill Bennett's Morning in America".

"Eu sei que é verdade que se você quisesse reduzir a criminalidade, você poderia, se este fosse seu único propósito, você poderia abortar todo bebê negro neste país e o índice de criminalidade cairia", disse Bennett na transmissão. "Isto seria uma coisa impossível, ridícula e moralmente repreensível de ser feita, mas o índice de criminalidade cairia."

Em uma transmissão de rádio na quinta-feira, Bennett considerou as críticas feitas a ele de "ridículas, estúpidas, totalmente sem mérito".

"Eu estava apontando que a oposição ao aborto não deve ocorrer por motivos econômicos, assim como ao racismo ou, da mesma forma, a escravidão ou a segregação não devem ser apoiadas ou combatidas por motivos econômicos", disse ele. "Políticas imorais são erradas porque são erradas, não por causa de um cálculo econômico. Alguém poderia simplesmente ter dito que você poderia abortar todas as crianças e prevenir todos os crimes, para mostrar o absurdo da proposta."

Bennett, que foi secretário da Educação no governo Reagan e é autor de um livro best-seller sobre moralidade, disse que estava se referindo a um debate na revista online "Slate", que discutia raça no contexto de um argumento de que abortos contribuíam para a redução do índice de criminalidade. Tal debate, envolvendo Steven D. Levitt, autor do best seller "Freakonomics", aparentemente apareceu na "Slate" seis anos atrás.

Em uma entrevista para a "Fox News", Bennett disse que os críticos distorceram seus comentários ao omitirem sua declaração de que o aborto de todos os bebês negros seria "moralmente repreensível".

"Quando isto é incluído na citação, deixa perfeitamente clara qual é a minha posição", disse Bennett. "Eles fazem parecer como se eu apoiasse tal idéia monstruosa, o que não apoio."

Os líderes democratas no Congresso, o senador Harry Raid, de Nevada, e a deputada Nancy Pelosi, da Califórnia, buscaram colocar os comentários no contexto do esforço republicano para cortejar os eleitores afro-americanos. Reid disse que os comentários de Bennett "alimentarão as chamas do racismo" e Pelosi os chamou de "palavras vergonhosas".

*Com reportagem de David D. Kirkpatrick em Washington e Marek Fuchs em New York.

Tradução: George El Khouri Andolfato