segunda-feira, janeiro 31, 2011

Somos todos pré-históricos

O texto que recebi hoje do Delanceyplace é bem interessante. Afinal de contas, a história que aprendemos na escola tende a ser teleológica e "progressista", ou seja, tudo vai sempre melhorando com o tempo, como se o desenvolvimento humano fosse completamente linear e ascendente. Bem, não foi exatamente assim.

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The cost of civilization

In today's excerpt - the move of the earliest societies from hunting and gathering to cities and farming brought stunted growth and disease:

"It is not as if farming brought a great improvement in living standards either. A typical hunter-gatherer enjoyed a more varied diet and consumed more protein and calories than settled people, and took in five times as much vitamin C as the average person today. Even in the bitterest depths of the ice ages, we now know, nomadic people ate surprisingly well - and surprisingly healthily. Settled people, by contrast, became reliant on a much smaller range of foods, which all but ensured dietary insufficiencies. The three great domesticated crops of prehistory were rice, wheat, and maize, but all had significant drawbacks as staples. As the journalist John Lanchester explains: 'Rice inhibits the activity of Vitamin A; wheat has a chemical that impedes the action of zinc and can lead to stunted growth; maize is deficient in essential amino acids and contains phytates, which prevent the absorption of iron.' The average height of people actually fell by almost six inches in the early days of farming in the Near East. Even on Orkney, where prehistoric life was probably as good as it could get, an analysis of 340 ancient skeletons showed that hardly any people lived beyond their twenties.

"What killed the Orcadians was not dietary deficiency but disease. People living together are vastly more likely to spread illness from household to household, and the close exposure to animals through domestication meant that flu (from pigs or fowl), smallpox and measles (from cows and sheep), and anthrax (from horses and goats, among others) could become part of the human condition, too. As far as we can tell, virtually all of the infectious diseases have become endemic only since people took to living together. Settling down also brought a huge increase in 'human commensals' - mice, rats, and other creatures that live with and off us - and these all to often acted as disease vectors.

"So sedentism meant poorer diets, more illness, lots of toothache and gum disease, and earlier deaths. What is truly extraordinary is that these are all still factors in our lives today. Out of the thirty thousand types of edible plants thought to exist on Earth, just eleven - corn, rice, wheat, potatoes, cassava, sorghum, millet, beans, barley, rye, and oats - account for 93 percent of all that humans eat, and every one of them was first cultivated by our Neolithic ancestors. Exactly the same is true of husbandry. The animals we raise for food today are eaten not because they are notably delectable or nutritious or a pleasure to be around, but because they were the ones first domesticated in the Stone Age.

"We are, in the most fundamental way, Stone Age people ourselves. From a dietary point of view, the Neolithic period is still with us. We may sprinkle our dishes with bay leaves and chopped fennel, but underneath it all is Stone Age food. And when we get sick, it is Stone Age diseases we suffer."

Author: Bill Bryson
Title: At Home
Publisher: Doubleday
Date: Copyright 2010 by Bill Bryson
Pages: 37-38

domingo, janeiro 30, 2011

A importância do contexto

É a nudez algo necessariamente sexual? A resposta óbvia, para nós que estamos acostumados a ver índios nus na TV ou filmes como "A Guerra do Fogo", é "não". Mas, então, o que configura algo como sexual? Essa é uma das questões levantadas nesta interessante entrevista. O detalhe curioso é que, para demonstrar o seu ponto de vista, o entrevistado solicitou que a conversa fossem com ambas as partes sem roupa.

sexta-feira, janeiro 28, 2011

L'enfer, l'enfer...


Dizem que só há duas estações no Rio: verão e inferno. Eu diria que há três, se contarmos a frente fria. De qualquer forma, parece que o inferno sofreu um upgrade...



sábado, janeiro 22, 2011

Da efemeridade do certo e do errado

"It is no measure of health to be well adjusted to a profoundly sick society." - Jiddu Krishnamurti


Ainda pensando neste artigo sobre os julgamentos que nossos descendentes farão de nosso modo de vida. Receio que seja um tipo de especulação perturbador, mas irresistível para quem cultiva uma visão de mundo religiosa. Que diz o Absoluto de nossos códigos relativos? É questão para uma vida, talvez ainda mais...

Para desanuviar, uma bela trilha do que parece ser um belo jogo:



sexta-feira, janeiro 21, 2011

Inimigo íntimo

21/01/2011 - 12h31

Síndrome rara fez americana ser atacada pela própria mão

DA BBC BRASIL

Imagine ser atacado por uma de suas próprias mãos, que tenta repetidamente estapear e socar você. Ou então entrar em uma loja e tentar virar à direita e perceber que uma de suas pernas decide que quer ir para a esquerda, fazendo-o andar em círculos.

Essa realidade é bem conhecida da americana Karen Byrne, de 55 anos, que sofre de uma condição rara chamada Síndrome da Mão Alheia.

A síndrome de Byrne é fascinante, não somente por ser tão estranha, mas também por ajudar a explicar algo surpreendente sobre como nossos cérebros funcionam.

O problema começou após ela passar por uma cirurgia, aos 27 anos, para controlar sua epilepsia, que havia dominado sua vida desde seus 10 anos de idade.

A cirurgia para curar a epilepsia normalmente envolve identificar e depois cortar um pequeno pedaço do cérebro no qual os sinais elétricos anormais se originam.

Quando isso não funciona, ou quando a área danificada não pode ser identificada, os pacientes precisam passar por uma solução mais radical.

No caso de Byrne, seu cirurgião cortou seu corpo caloso, um feixe de fibras nervosas que mantém os dois hemisférios do cérebro em permanente contato.

NOVO PROBLEMA

O corte do corpo caloso curou a epilepsia de Byrne, mas a deixou com um problema totalmente diferente.

Ela conta que inicialmente tudo parecia bem, mas que então os médicos começaram a notar um comportamento extremamente estranho.

'O médico me disse: 'Karen, o que você está fazendo? Sua mão está te despindo'. Até ele dizer isso eu não tinha percebido que minha mão esquerda estava abrindo os botões da minha camisa", diz.

"Então eu comecei a abotoar a camisa novamente com a mão direita, mas assim que eu terminei, a mão esquerda começou a desabotoar de novo. Então o médico fez uma chamada de emergência para um outro médico e disse: 'Mike, você precisa vir aqui imediatamente, temos um problema'."

Karen Byrne havia saído da operação com uma mão esquerda que estava fora de controle.

"Eu acendia um cigarro, colocava-o no cinzeiro e então minha mão esquerda jogava-o fora. Ela tirava coisas da minha bolsa sem que eu percebesse. Perdi muitas coisas até que eu percebesse o que estava acontecendo", diz.

Em alguns casos, a mão esquerda dela chegava a estapeá-la, sem controle. Ela conta que seu rosto chegava a ficar inchado com tantos golpes.

LUTA DE PODER

Medicação resolveu problema de Karen Byrne após 18 anos

O problema de Byrne foi provocado por uma luta por poder dentro de sua cabeça.

Um cérebro normal é formado por dois hemisférios que se comunicam entre si por meio do corpo caloso.

O hemisfério esquerdo, que controla o braço e a perna direitos, tende a ser onde residem as habilidades linguísticas.

O hemisfério direito, que controla o braço e a perna esquerdos, é mais responsável pela localização espacial e pelo reconhecimento de padrões.

Normalmente o hemisfério esquerdo, mais analítico, domina e tem a palavra final nas ações que desempenhamos.

A descoberta do domínio hemisférico tem sua raiz nos anos 1940, quando os cirurgiões decidiram começar a tratar a epilepsia com o corte do corpo caloso.

Após a recuperação, os pacientes pareciam normais. Mas nos círculos psicológicos eles se tornaram lendas.

Isso porque esses pacientes revelariam, com o tempo, algo que parece incrível - que as duas metades do nosso cérebro têm cada um uma espécie de consciência separada. Cada hemisfério é capaz de ter sua própria vontade independente.

EXPERIÊNCIAS

O homem que fez muitas das experiências que primeiro provaram essa tese foi o neurobiólogo Roger Sperry.

Em um estudo particularmente notável, que ele filmou, é possível ver um dos pacientes com o cérebro dividido tentando resolver um quebra-cabeças.

O quebra-cabeças exigia o rearranjo de blocos para que eles correspondessem a padrões em uma imagem.

Primeiro o homem tentou resolver o quebra-cabeças com sua mão esquerda (controlada pelo hemisfério direito), com bastante sucesso.

Então Sperry pediu ao paciente que usasse sua mão direita (controlada pelo hemisfério esquerdo). Essa mão claramente não tinha nenhuma ideia de como fazê-lo.

A mão esquerda então tentou ajudar, mas a mão direita parecia não querer ajuda, então elas terminaram brigando como se fossem duas crianças.

Experiências como essa levaram Sperry a concluir que "cada hemisfério é um sistema de consciência isolado, percebendo, pensando, lembrando, raciocinando, querendo e se emocionando".

Em 1981 Sperry recebeu um prêmio Nobel por seu trabalho. Mas em uma ironia cruel do destino, ele então já sofria com uma doença degenerativa do cérebro, chamada kuru, provavelmente contraída em seus primeiros anos de pesquisas com cérebros.

MEDICAÇÃO

A maioria das pessoas que tiveram seus corpos calosos cortados parecem normais posteriormente. Você poderia cruzar com eles na rua e não saberia que algo havia acontecido.

Karen Byrne teve azar. Após a operação, o lado direito de seu cérebro se recusava a ser dominado pelo lado esquerdo.

Ela sofreu com a Síndrome da Mão Alheia por 18 anos, mas felizmente para ela seus médicos encontraram uma medicação que parece ter trazido o lado direito de seu cérebro de volta ao controle.

A história de Byrne foi contada no último programa da série da BBC The Brain (O Cérebro), que foi ao ar no Reino Unido na quinta-feira (20).

terça-feira, janeiro 18, 2011

Achados de hoje

Navegando pelo excelente blog de Andrew Sullivan, dois textos que dão o que pensar: um sobre os efeitos colaterais de um hormônio ao qual se atribuiu toda sorte de bom sentimento, e outro, uma especulação sobre o que nossos pósteros acharão revoltante em nosso modo de vida atual, por meio de uma analogia com o abolicionismo na época da escravidão nos EUA. Desde já adianto que o autor conclui que será a nossa relação com os animais, incluindo nossa alimentação, e confesso que acho difícil não dar o braço a torcer nesse caso, ao menos em parte.

Epifania em clichê

Três séculos de debates filosóficos sobre a existência de Deus perderam o sentido hoje. Como um homem pode permanecer ateu depois de assistir a uma performance da Lídia Brondi?

Mr. Dawkins, you'll be ruined the moment "Vale Tudo" premieres in Europe. You quack ranter...


sábado, janeiro 15, 2011

No hall da fama


É bom virar bibliografia.

sábado, janeiro 08, 2011

Boletim de férias

Tenho uma relação ambígua com essa tão querida instituição trabalhista. Sempre torço para que as férias cheguem, mas, pouco tempo depois de iniciá-las, fico entediado. Às vezes, muito entediado. Não é exatamente falta do que fazer: há toneladas de trabalhos de graduação esperando para ser corrigidos, textos para escrever etc. Mas a sensação de que os meus referenciais de tempo não existem mais -- tal aula na quarta, tal na sexta, determinada atividade no sábado --, de que todos os dias se parecem, isso é um horror. Pior ainda quando se trata do verão -- de todas, a estação que menos me agrada. Passada a temporada de festas de fim de ano, janeiro emerge com todo o seu calor e monotonia.

Mas nem tudo é tédio. Ontem vi o novo filme de Clint Eastwood, Além da vida. As sinopses se encontram à farta por aí, e a história é contada de forma delicada, humana, como era de se esperar. O tema me interessa particularmente, pois o filme gira em torno da morte -- e do que há depois dela. Abordam-se, sem efeitos especiais espetaculosos e a costumeira glamourização, coisas como mediunidade e experiência de quase-morte. Agradou-me. Porém, admito que o que mais me impressionou foi a cena sobre o maremoto de 2004 (sim, há um equivalente português para tsunami). Ganhei uma nova perspectiva sobre o fenômeno.

Também andei um pouco por um shopping. Até tinha o que comprar, pois meu celular teve uma morte súbita e precisa ser substituído. Mas, apesar disso, por causa do pouco tempo até o início da sessão de cinema, andei sem muita pressa ou preocupação com a compra. Nesse estado de espírito, a experiência do shopping se torna bem curiosa. Prefiro olhar as pessoas às vitrines, ver os rostos no eterno vai-vem dos corredores amplos e refrigerados. E, claro, o ambiente todo perde muito do brilho que normalmente lhe atribuímos. Houve época em que consideraria uma volta por lá como uma forma barata de lazer, mas hoje não mais. Não desgosto, mas não é realmente divertido. Exceto, naturalmente, por ver as pessoas e apreciar o ar-condicionado.

Comecei a ler um livro de Dean Koontz. Conheci o autor por conta da adaptação para o cinema de um outro romance seu, Phantasms. A premissa é quase a mesma de Silent Hill: pessoas desavisadas chegam a uma cidade vazia, embora, no caso em questão, uma em que as panelas ainda estão no fogo e tudo indica que as pessoas estavam ali minutos antes. Gostei muito da ideia e a curiosidade de ler Koontz permaneceu no meu subconsciente por anos. Mas agora que comecei Midnight, senti que não ia gostar muito desde a primeira página. Estranho, pois a história já começa com ação e não é nada econômica em ganchos que prendem a atenção do leitor. Entretanto, talvez estilo literário seja um pouco como casos de amor: aquilo que você já experimentou molda sua expectativa nas experiências subsequentes. Admito, eu senti falta da sutileza de Stephen King. Koontz praticamente entrega o "mistério" da trama por volta da página 50, e aí minha curiosidade se desvaneceu. Além disso, e sei o quanto é terrível, à medida que lia, eu fui destrinchando as técnicas do autor: aqui ela tenta criar empatia; ali ele põe uma criança em jogo, que obviamente vai escapar do perigo, já que sobreviveu à primeira cena; mais à frente, uma personagem obsessiva que vai fazer uma espécie de par com o "herói". Captei tudo na hora, sem maior esforço intelectual, e foi como fazer a análise química do seu prato favorito -- pode ser interessante, mas não ajuda a abrir o apetite. Ora, por que isso não acontecia quando lia King? Talvez seja porque King se esforça, ao longo de dezenas e dezenas de páginas, para acostumar o leitor com uma realidade que é bastante trivial e realista. Ele normalmente introduz dúzias de personagens, seu cotidiano, seus problemas, sua monotonia (grande parte das história se passam em pequenas cidades do estado americano do Maine). O sobrenatural aparece gradualmente, perturbando a ordem do dia-a-dia. Em Koontz não é assim: você já sabe que existe algo muito errado já na página 5. Em certos momentos, senti-me num filme de ação, não num livro de terror.

Eis, então, que depois de ler 40 páginas em menos de duas horas na quinta, na sexta eu troquei o movimentado Midnight pelos Ensaios de Montaigne. Abri ao acaso e me deparei com uma interessantíssima discussão renascentista sobre como a noção do que é bom varia segundo a cultura e a época. Foi engraçado achar relativismo cultural numa obra de 1580, e o estilo informal do autor é sempre fascinante. Gosto muito de Montaigne, foi um dos meus grandes amigos de adolescência, e acho-o tanto mais admirável quanto noto que sua leitura não se me tornou menos agradável com o tempo. Esse é o dom de um grande escritor.

Hoje, há trabalhos a fazer. Devo algumas páginas sobre o governo de Bill Clinton a uma série de apostilas de educação a distância que quase me arrependo de ter aceitado fazer. Estou mais propensos a pegar um livro de contos qualquer, e devorá-lo sem compromisso. Mas seria apenas adiar o inevitável. Mãos e teclado à obra, pois.

Antes, porém, a dica de um blog curioso que descobri esta manhã. Para quem se identifica com o drama da solteirice juvenil ou simplesmente quer rir um pouco, pode valer a pena: http://desaventurasnamorosas.wordpress.com.



sexta-feira, janeiro 07, 2011

O cúmulo fiscal

7/01/2011 - 09h30

Bruxas da Romênia reclamam de cobrança de impostos; veja vídeo

DA BBC BRASIL

Mulheres que se consideram "bruxas" na Romênia estão em pé de guerra com o governo por causa de uma lei que as obriga a pagar imposto de renda sobre suas atividades.

Veja o vídeo.

Contra taxa, bruxas romenas amaldiçoam governo do país.

O problema para as "bruxas" não é começar a pagar imposto de renda, mas sim, segundo elas, receber muito pouco do governo em troca.

O imposto passará a incidir sobre bruxas e instrutores de auto-escola

Elas afirmam que o governo deveria dar-lhes local de trabalho e aposentadoria, pelo menos.

Uma feiticeira famosa no país disse não temer ninguém "nem o presidente" e afirmou que ele "vai ver", caso se meta com ela.

Mas nem todas as bruxas são contra o imposto. Para algumas, a medida é um reconhecimento tardio do trabalho que elas realizam.

"A medida é muito boa e me deixa feliz, porque mostra que o governo reconhece os poderes mágicos da categoria, famosos mundialmente", afirmou Mihela Minca.

A nova lei também obriga instrutores de autoescolas a pagarem imposto de renda, mas por enquanto, só as bruxas se queixaram.

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Paranormalidade e polêmica

The New York Times, January 5, 2011

Journal’s Paper on ESP Expected to Prompt Outrage

One of psychology’s most respected journals has agreed to publish a paper presenting what its author describes as strong evidence for extrasensory perception, the ability to sense future events.

The decision may delight believers in so-called paranormal events, but it is already mortifying scientists. Advance copies of the paper, to be published this year in The Journal of Personality and Social Psychology, have circulated widely among psychological researchers in recent weeks and have generated a mixture of amusement and scorn.

The paper describes nine unusual lab experiments performed over the past decade by its author, Daryl J. Bem, an emeritus professor at Cornell, testing the ability of college students to accurately sense random events, like whether a computer program will flash a photograph on the left or right side of its screen. The studies include more than 1,000 subjects.

Some scientists say the report deserves to be published, in the name of open inquiry; others insist that its acceptance only accentuates fundamental flaws in the evaluation and peer review of research in the social sciences.

“It’s craziness, pure craziness. I can’t believe a major journal is allowing this work in,” Ray Hyman, an emeritus professor of psychology at the University Oregon and longtime critic of ESP research, said. “I think it’s just an embarrassment for the entire field.”

The editor of the journal, Charles Judd, a psychologist at the University of Colorado, said the paper went through the journal’s regular review process. “Four reviewers made comments on the manuscript,” he said, “and these are very trusted people.”

All four decided that the paper met the journal’s editorial standards, Dr. Judd added, even though “there was no mechanism by which we could understand the results.”

But many experts say that is precisely the problem. Claims that defy almost every law of science are by definition extraordinary and thus require extraordinary evidence. Neglecting to take this into account — as conventional social science analyses do — makes many findings look far more significant than they really are, these experts say.

“Several top journals publish results only when these appear to support a hypothesis that is counterintuitive or attention-grabbing,” Eric-Jan Wagenmakers, a psychologist at the University of Amsterdam, wrote by e-mail. “But such a hypothesis probably constitutes an extraordinary claim, and it should undergo more scrutiny before it is allowed to enter the field.”

Dr. Wagenmakers is co-author of a rebuttal to the ESP paper that is scheduled to appear in the same issue of the journal.

In an interview, Dr. Bem, the author of the original paper and one of the most prominent research psychologists of his generation, said he intended each experiment to mimic a well-known classic study, “only time-reversed.”

In one classic memory experiment, for example, participants study 48 words and then divide a subset of 24 of them into categories, like food or animal. The act of categorizing reinforces memory, and on subsequent tests people are more likely to remember the words they practiced than those they did not.

In his version, Dr. Bem gave 100 college students a memory test before they did the categorizing — and found they were significantly more likely to remember words that they practiced later. “The results show that practicing a set of words after the recall test does, in fact, reach back in time to facilitate the recall of those words,” the paper concludes.

In another experiment, Dr. Bem had subjects choose which of two curtains on a computer screen hid a photograph; the other curtain hid nothing but a blank screen.

A software program randomly posted a picture behind one curtain or the other — but only after the participant made a choice. Still, the participants beat chance, by 53 percent to 50 percent, at least when the photos being posted were erotic ones. They did not do better than chance on negative or neutral photos.

“What I showed was that unselected subjects could sense the erotic photos,” Dr. Bem said, “but my guess is that if you use more talented people, who are better at this, they could find any of the photos.”

In recent weeks science bloggers, researchers and assorted skeptics have challenged Dr. Bem’s methods and his statistics, with many critiques digging deep into the arcane but important fine points of crunching numbers. (Others question his intentions. “He’s got a great sense of humor,” said Dr. Hyman, of Oregon. “I wouldn’t rule out that this is an elaborate joke.”)

Dr. Bem has generally responded in kind, sometimes accusing critics of misunderstanding his paper, others times of building a strong bias into their own re-evaluations of his data.

In one sense, it is a historically familiar pattern. For more than a century, researchers have conducted hundreds of tests to detect ESP, telekinesis and other such things, and when such studies have surfaced, skeptics have been quick to shoot holes in them.

But in another way, Dr. Bem is far from typical. He is widely respected for his clear, original thinking in social psychology, and some people familiar with the case say his reputation may have played a role in the paper’s acceptance.

Peer review is usually an anonymous process, with authors and reviewers unknown to one another. But all four reviewers of this paper were social psychologists, and all would have known whose work they were checking and would have been responsive to the way it was reasoned.

Perhaps more important, none were topflight statisticians. “The problem was that this paper was treated like any other,” said an editor at the journal, Laura King, a psychologist at the University of Missouri. “And it wasn’t.”

Many statisticians say that conventional social-science techniques for analyzing data make an assumption that is disingenuous and ultimately self-deceiving: that researchers know nothing about the probability of the so-called null hypothesis.

In this case, the null hypothesis would be that ESP does not exist. Refusing to give that hypothesis weight makes no sense, these experts say; if ESP exists, why aren’t people getting rich by reliably predicting the movement of the stock market or the outcome of football games?

Instead, these statisticians prefer a technique called Bayesian analysis, which seeks to determine whether the outcome of a particular experiment “changes the odds that a hypothesis is true,” in the words of Jeffrey N. Rouder, a psychologist at the University of Missouri who, with Richard D. Morey of the University of Groningen in the Netherlands, has also submitted a critique of Dr. Bem’s paper to the journal.

Physics and biology, among other disciplines, overwhelmingly suggest that Dr. Bem’s experiments have not changed those odds, Dr. Rouder said.

So far, at least three efforts to replicate the experiments have failed. But more are in the works, Dr. Bem said, adding, “I have received hundreds of requests for the materials” to conduct studies.

quarta-feira, janeiro 05, 2011

"O Chalé da Memória"

Uma resenha das memórias do recentemente falecido historiador e polemista Tony Judt. Esse eu não perco de jeito nenhum:

Solitary Confinement - Michael O’Donnell

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Na era da globalização, o que deveríamos ler?

03/01/2011 - 00h01

Umberto Eco
  • Mesmo nos atendo somente à tradição ocidental, quais são os livros que as pessoas deveriam ler?

    Mesmo nos atendo somente à tradição ocidental, quais são os livros que as pessoas deveriam ler?

“O Cânone Ocidental” de Harold Bloom define o cânone literário como “a escolha de livros em nossas instituições de ensino”, e sugere que a verdadeira questão que ele suscita é: “o que o indivíduo que ainda deseja ler deveria tentar ler, a essa altura da História?” E ele observa que, na melhor das hipóteses, dentro do tempo de uma vida é possível ler somente uma pequena fração do grande número de escritores que viveram e trabalharam na Europa e nas Américas, sem contar aqueles de outras partes do mundo. Mesmo nos atendo somente à tradição ocidental, quais são os livros que as pessoas deveriam ler? Não há dúvidas de que a sociedade e a cultura ocidentais foram influenciadas por Shakespeare, pela “Divina Comédia” de Dante, e – voltando atrás no tempo – por Homero, Virgílio e Sófocles. Mas será que somos influenciados por eles porque os lemos de fato em primeira mão?

Isso lembra o argumento de Pierre Bayard, em “Como Falar Sobre Livros que Você Não Leu”, de que não é essencial ler de fato um livro de capa a capa para entender sua importância. Por exemplo, é nítido que a Bíblia teve uma profunda influência tanto sobre a cultura judaica como sobre a cristã no Ocidente, e mesmo sobre a cultura de não-crentes – mas isso não significa que todos aqueles que foram influenciados por ela a tenham lido do começo ao fim. O mesmo pode se dizer sobre os escritos de Shakespeare ou James Joyce. É necessário ter lido o Livro dos Reis ou o Livro dos Números para ser uma pessoa culta ou um bom cristão? É necessário ter lido Eclesiastes, ou basta simplesmente saber em segunda mão que ele condena a “vaidade das vaidades”?

Sendo assim, a questão do cânone não é homóloga à do currículo escolar, que representa o conjunto de obras que um estudante deverá ter lido ao fim de seus estudos. Hoje o problema é mais complicado do que nunca e, durante uma recente conferência literária internacional em Mônaco, houve um debate sobre o lugar do cânone na era da globalização. Se roupas de marca “europeias” são produzidas na China, se usamos computadores e carros japoneses, se até em Nápoles comem hambúrgueres em vez de pizza – resumindo, se o mundo encolheu a dimensões provincianas, com estudantes imigrantes em todo o mundo pedindo para aprender sobre suas próprias tradições – então como será o novo cânone?

Em certas universidades americanas, a resposta veio na forma de um movimento que, mais do que “politicamente correto”, é politicamente estúpido. Como temos muitos estudantes negros, algumas pessoas sugeriram ensinar-lhes menos Shakespeare e mais literatura africana. Uma ótima piada à custa de todos aqueles jovens destinados a saírem pelo mundo sem entender referências literárias universais como o solilóquio do “ser ou não ser” de Hamlet – e, portanto, condenados a permanecerem à margem da cultura dominante. Se tanto, o cânone existente deveria ser expandido, e não substituído. Como foi sugerido recentemente na Itália, a respeito de aulas semanais de religião nas escolas, os estudantes deveriam aprender algo sobre o Corão e os ensinamentos do Budismo, bem como sobre os Evangelhos. Assim como não seria mau se, além de suas aulas sobre a civilização grega antiga, os estudantes aprendessem algo sobre as grandes tradições literárias árabe, indiana e japonesa.

Não faz muito tempo, fui a Paris para participar de uma conferência entre intelectuais europeus e chineses. Foi humilhante ver como nossos colegas chineses sabiam tudo sobre Immanuel Kant e Marcel Proust, sugerindo paralelos (que poderiam estar certos ou errados) entre Lao Tsé e Friedrich Nietzsche – enquanto a maioria dos europeus entre nós mal conseguia ir além de Confúcio, e muitas vezes com base somente em análises em segunda mão.

Hoje, no entanto, esse ideal ecumênico esbarra em certas dificuldades. Você pode ensinar a jovens ocidentais a “Ilíada” porque eles ouviram algo sobre Heitor e Agamêmon, e porque seus rudimentos de cultura incluem expressões como “o julgamento de Páris” e “calcanhar de Aquiles” (embora em um recente exame de admissão de uma universidade italiana um candidato tenha pensado que o termo “calcanhar de Aquiles” se referia a uma doença, como cotovelo de tenista). Ainda assim, como conseguir fazer com que esses estudantes se interessem pelo poema épico sânscrito “O Mahabharata”, ou pelos poemas dos “Rubaiyat de Omar Khayyam” de forma que essas obras permaneçam em suas memórias? Será que realmente podemos adaptar o sistema educacional a um mundo globalizado quando a vasta maioria dos ocidentais cultos ignora totalmente que, para os georgianos, um dos maiores poemas na história literária é “O Cavaleiro na Pele de Pantera” de Shota Rustaveli? Quando acadêmicos não conseguem nem concordar se, na versão georgiana original, o cavaleiro do poema está na verdade usando uma pele de pantera e não de tigre ou de leopardo? Chegaremos sequer a esse ponto, ou continuaremos simplesmente a perguntar: “Shota o quê?”

Tradução: Lana Lim

Umberto Eco

Umberto Eco

Umberto Eco é professor de semiótica, crítico literário e romancista. Entre seus principais livros estão "O Nome da Rosa" e o "Pêndulo de Foucault".

domingo, janeiro 02, 2011

Redecoração do blog

Como podem ver, andei brincando com as propostas de design do Blogger. Alguns são muito bonitos, porém infelizmente pouco funcionais para a leitura. Este modelo me pareceu instigante por causa da semelhança com O Viajante sobre o Mar de Névoa, minha tela favorita logo ali na coluna da direita. Estou contrariando meus instintos minimalistas aqui, mas quis variar um pouco. Até aumentei a fonte, outra violação a minhas tradições de leitor de textos graficamente densos, de letras juntinhas. Espero que agrade a vocês. Em todo caso, estou aberto a sugestões. Provavelmente farei outros experimentos no futuro próximo.

sábado, janeiro 01, 2011

Começando bem em 2011

Primeiras compras do ano, aproveitando uma liquidação e a abolição da taxa de frete na Betterworldbooks.com:

- From Melos to My Lai : Violence, Culture and Survival
- Small Acts of Resistance: How Courage, Tenacity, and Ingenuity Can Change the World
Nonviolence
- Peace Be with You: Justified Warfare or the Way of Nonviolence
- Conservatism in Europe, 1770-1945: Traditionalism, Reaction, and Counter-Revolution (History of European civilization library)
- Marxian Socialism in the United States
- A Consumers' Republic: The Politics of Mass Consumption in Postwar America
- Liberalism in Contemporary America
- Rebirth of a Nation: The Making of Modern America, 1877-1920 (American History)
- The Reluctant Welfare State: American Social Welfare Policies-Past, Present, and Future
- In Defense of Freedom and Related Essays
- American Anti-Communism: Combating the Enemy Within, 1830-1970
- After Progress: American Social Reform and European Socialism in the Twentieth Century
- A Novel Approach to Politics: Introducing Political Science through Books, Movies, and Popular Culture
- Understanding the Political World: A Comparative Introduction to Political Science (9th Edition) (MyPoliSciKit Series)
- The Bitter Road to Freedom: A New History of the Liberation of Europe