terça-feira, setembro 28, 2010

O adeus de uma saudade


Há saudades que morrem. O trágico é que o fazem discretamente e, quando se nota, só restam tênues vestígios -- memórias de sentimentos finalmente passados, leves manchas a sinalizar que ali havia a poderosa vitalidade do luto, da dor da ternura a distância. A primeira analogia é a dos fósseis, que gravam na rocha apenas o contorno do que um dia foi o esplendor colorido de uma vida. Mas há uma consolação: a de que as saudades falecidas nunca têm morte súbita. Pelo contrário, é longa e previsível a sua agonia -- às vezes sutil, mas constante. A cada dia, é um pouco de seu fôlego que se esvai, é um pensamento a menos que ocupa, até que, finalmente , damo-nos conta de que ela não existe mais. Foi-se quieta para o Além do coração, juntar-se aos amores, tristezas, decepções, entusiasmos, alegrias, incertezas, expectativas e os muitos desejos que um dia a antecederam e prepararam. Em seu lugar, agora um campo livre a se regenerar, como após um incêndio. Passadas as chamas e a fase estéril das cinzas, logo brotam as primeiras ervas e a vida retoma o que é seu.

sábado, setembro 25, 2010

Foto da semana

Nem só de açúcar e restos de comida vivem as moscas. A imagem me lembrou de "Vida de Inseto" (ou foi "FormiguinhaZ"), em que se mostrava que, para um inseto, a água tem a consistência de uma espécie de gel. Uma imagem bem curiosa, que disputou um prêmio internacional por uma ONG britânica e ganhou na categoria Jovem Fotógrafo do Meio Ambiente. Seu autor é Radoslav Valkov.

terça-feira, setembro 21, 2010

Confronto de distopias

Divulgação e Convite




Este é para quem estiver no Rio no próximo domingo...


segunda-feira, setembro 20, 2010

Novidade e mérito

Uma citação de Barzun que reencontrei na primeira versão do Divagações. Sempre vale a pena citar o centenário historiador franco-americano, então tomo a liberdade de me repetir:


“Com uma atmosfera saturada de relatos de achados científicos contrários ao senso comum; poemas e peças e pinturas ‘que são expressões do nosso tempo’, na verdade enigmas sem uma pista; teorias críticas a nos ensinar que os significados superficiais são uma fachada e que só os ocultos realmente importam; ou ainda, que não havendo intenção por parte do autor, não há qualquer significado distinguível na obra; enfim, leis e regras que nos enredam em situações fantásticas (...) — tantos encontros diários com o absurdo o tornaram parte da nossa mobília mental regular. (...) Qualquer doutrina ou programa que reclame o mérito de ir contra o senso comum já tem uma presunção a seu favor — uma grande descoberta se anuncia. Enquanto antigamente o seu proponente seria considerado um charlatão, hoje ele é o portador da novidade e da luz.”

Jacques Barzun, “From Dawn to Decadence”, pp. 757-758 (grifo meu).

domingo, setembro 19, 2010

Um "meme" de Facebook

Já que a última moda é "viralizar", vejamos se isto pega. É uma das poucas coisas realmente interessantes que vi no Facebook, essa rede cujo sucesso ainda me intriga.

Talvez eu devesse ter aumentado o número dos livros, mas vamos lá:

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15 x 15 (Livros e Amigos)

As regras: Não demore muito para pensar sobre isso. Quinze livros que vão sempre estar com você. Liste os primeiros quinze que você lembra em não mais do que quinze minutos. Eles não têm que estar em ordem de importância. Marque quinze amigos, incluindo eu, porque eu estou interessado em ver quais livros meus amigos escolheram.

1 - Ensaios, de Montaigne.

2 - O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

3 - O Oculto, de Colin Wilson.

4 - Meditações, de Marco Aurélio.

5 - Ilusões Perdidas, de Balzac.

6 - O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.

7 - Ghost Stories, de M. R. James.

8 - O Evangelho segundo João.

9 - Ensaios de Amor, de Alain de Botton.

10 - O Horror Sobrenatural na Literatura, de H. P. Lovecraft.

11 - Poesia e Prosa, de Edgar Allan Poe.

12 - Autobiografia: minha vida e minhas experiências com a verdade, de Gandhi.

13 - Sidarta, de Hermann Hesse.

14 -História da Filosofia, de Will Durant.

15 - Lost Girls, de Alan Moore.



quinta-feira, setembro 16, 2010

Epifania

Assinei a The New Republic, por experiência, unicamente para ler este texto. Faz muito pouco tempo que tomei conhecimento de seu autor, e estou positivamente impressionado. Aqui, em particular, ele expressou em palavras algumas coisas que eu apenas intuía. A última frase, que tomei a liberdade de destacar, é motivo de uma angústia permanente a cada livro, a cada obra de arte com que entro em contato. Compartilho com vocês e, quem sabe, alguém aí também encontre em Wieseltier a consolação de ver que alguns de seus anseios são partilhados por mais gente.
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In the Know

Washington Diarist




In Winesburg, Ohio, George Willard, “the Ohio village boy,” suddenly “crosses the line into manhood” when he is pierced by a sense of his own finitude. “The sadness of sophistication has come to the boy. With a little gasp he sees himself as merely a leaf blown by the wind through the streets of his village. He knows that in spite of all the stout talk of his fellows he must live and die in uncertainty, a thing blown by the winds, a thing destined like corn to wilt in the sun.” Sherwood Anderson’s understanding of sophistication was nothing like our own. Like many habitudes in the past hundred years, this one has grown complicated and thin. Our sophistication bears no resemblance to wisdom and no sadness attaches to it. Our sophistication is merely a skill for many surfaces. It is anything but a consciousness of ultimate questions; it is, in fact, a flight from such a consciousness. Its objective is breadth, not depth. It is the talent for speaking confidently on subjects about which one knows very little, on subjects about which one has only heard—a social skill, an exhibition of virtuosity to others—the intellectual aspiration of a dinner guest. Above all, it is a way of avoiding embarrassment. There are people for whom nothing is more embarrassing than to be caught not in the know. To arm themselves against embarrassment, they choose knowingness, which is just ignorance hidden by information. (The electronic media are the supreme instruments of knowingness, of second-hand knowledge. The stench of Google is everywhere.) Of course there is a philosophical problem here: none of us can rely upon observation and experience and study for the entirety of our beliefs. Our lives are more restricted than our interests. We must depend on the reports of others who have covered the wars and witnessed the performances that we ardently discuss. With the past, certainly, there is no direct acquaintance; and very few of us can test the validity of what we assert as true about the natural world. So we turn to authorities, or to pseudo-authorities. And having satisfied ourselves that we have met the current requirements of well-roundedness, that we have gained the competence for the finest and most advanced platitudes, we enter the lists. We exchange, and congratulate ourselves on, the right signs and references. We teach ourselves to become even a little haughty about what we discovered the day before yesterday. (“What, you haven’t seen Osipova?”) And the victims of our intimidation go home to bone up in private, to remediate their out-of-the-loopness and prepare themselves for a role in the on dit—except of course the strong ones among them, who recognize this game for what it is, and prefer something better than sophistication, more specific and more substantive, a parcel of knowledge strenuously acquired and genuinely possessed. Sometimes they, the post-sophisticates, run the risk of being without an opinion, which is of course heroic.

My own sins are what I am describing. I am not immune to the vanity of range, to the social effects of high-level facility. But the other day I learned that there is hope for me. A letter arrived from a friend in Jerusalem. He is a poet and a scholar, and the most perfect aesthete I have ever known. His apartment in Agnon’s old neighborhood is one of beauty’s best addresses: paintings, drawings, prints, and collages luxuriantly cover the walls, except the looming wall of books, which includes a great library of Jewish works, and in this humble corner of Hebrew Levantinism even the old rabbinical editions seem verdant and voluptuous: Rashi by Bonnard. The fruit and the fish and the wine are always hedonistically vivid. The plantings on the terrace are tropically dense, and the little jungle almost obscures the old lectern, sprung from a synagogue, on which my friend rests his texts. The blessed place is a kind of refuge for forms and flavors. It lifts me up every time. As do my friend’s letters, which are reports on his readings and his tastings; and his recent letter was no different. A comic account of an attempt to arrange a trip to Provence with another poet is followed by a wicked memory of Leonard Bernstein’s appetitiveness in Jerusalem, and then this: “Now I am back to Scève, his Délie perhaps my ultimate-favorite book of poems.” That is what stopped me. Délie, his favorite poems? But I do not know Délie! I have not even heard of it, or of its maker. I experienced a moment of shame. (“What, you haven’t read Scève?”) But then shame gave way to exhilaration, because my horizon had been pushed back, and thereby saved from the assurance that it is wide enough, which is a mark of decadence. Now I was filled with an almost childlike joy that there is more, that there is always more; that the richness is beyond measure. I am still a capacity. Ignorance, I reflected, is a kind of readiness, a kind of youth. Should those who already know Scève envy me the excitement of our first meeting? Shall I console them for the fading of early love and the strain of restoring it? Is there any beauty more beautiful than the beauty I do not yet know?

I trust my friend’s judgment—more, I cherish it; he has brought me so many tidings over the years—“for out of Zion ...”; and I now have Délie, or selections from it, in the original with the emblems that accompanied the poems, wonderfully translated and introduced by Richard Sieburth. Maurice Scève was a prominent humanist in Lyons in the sixteenth century. He published Délie, objet de plus haute vertu, or Délie, Object of Highest Virtue, in 1544. It is a sequence of 450 love poems, the first French canzoniere in the style of Petrarch, and also—this is Sieburth—“the first book of the Renaissance fully to integrate poems and emblems.” Sometime around 1536, Scève fell crushingly in love with Pernette du Guillet, a blond, blue-eyed, and married young poet in Lyons, and his book is the record of his exquisite torments. “Like Mallarmé,” Sieburth nicely observes, “Scève is a poet of meanings and morphemes endlessly pleated and unpleated.” That is a little cold: these masterfully filigreed lyrics are also aching effusions of a desperate heart. But I will say no more. I have only just learned this much. The book is by my bed. I will live with it and see. The condition of knowledge—unlike information, unlike sophistication—is time, which is of course what we, the latest and the smartest, have set out to abolish.


L
eon Wieseltier is the literary editor of The New Republic. This article ran in the September 2, 2010 issue of the magazine.

Autoestima x Autorrespeito


RELATIONSHIPS
Self-esteem vs. Self-respect
Discusses the differences between self-respect and self-esteem. Explanation on esteeming anything and respecting something; Test of self-respect; Advantages of self-respect.

By Ellen J. Langer, published on November 01, 1999 - last reviewed on September 15, 2010


Our culture is concerned with matters of self-esteem. Self-respect, on the other hand, may hold the key to achieving the peace of mind we seek. The two concepts seem very similar but the differences between them are crucial.

To esteem anything is to evaluate it positively and hold it in high regard, but evaluation gets us into trouble because while we sometimes win, we also sometimes lose. To respect something, on the other hand, is to accept it.

I enjoy singing and do so quite frequently. As those within earshot will attest, I'm not very good but I love to sing anyway. During summer parties I frequently sing solo and play the part of the "moving ball," trying to stay just ahead of the music to provide the words for those who don't know the song. I am not saddened by my lack of talent. I accept the way I sing. Because of this acceptance, I am able to sing without being evaluative of myself or concerned with what others think.

The word acceptance suggests to some readers that our culture does indeed deal with this idea of self-respect; after all, don't we have the concept that it is important to accept our limitations? Aren't many of us encouraged "to change the things we can change, accept the things we cannot change and know the difference between the two?" I believe I could learn to sing better, so my acceptance is not based on my limitations. Nor is it based on resignation, since I am not resigned to the belief that I cannot sing well and am not committed to any particular belief about my voice in the future.

The person with self-respect simply likes her- or himself. This self-respect is not contingent on success because there are always failures to contend with. Neither is it a result of comparing ourselves with others because there is always someone better. These are tactics usually employed to increase self-esteem. Self-respect, however, is a given. We simply like ourselves or we don't. With self-respect, we like ourselves because of who we are and not because of what we can or cannot do.

Consider an interesting test of self-respect. If someone compliments us, what is our reaction? If we are very pleased, it would suggest a certain amount of uncertainty about our skill. Imagine that somebody whose opinion we respect told us that we were great at spelling three-letter words, or that our pronunciation of vowels was wonderful. Chances are we would not be moved. We know we can do it in the first case, and we don't care in the second. Because we were not evaluating ourselves, the compliment was unimportant. The more instances in which we don't "take the compliment," the less vulnerable we become to evaluation and insult.

My recent research, with Judith White and Johnny Walsch at Harvard University, points to the advantages of self-respect. Compared to those with high self-esteem who are still caught in an evaluative framework, those with self-respect are less prone to blame, guilt, regret, lies, secrets and stress.

Many people worry whether there is life after death. Just think about it: If we gave up self-evaluation, we could have more life before death.

Adapted by Ph.D. Ellen J. Langer, a professor of psychology at Harvard University, is author of The Power of Mindful Learning (Perseus, 1997) and Mindfulness(Perseus, 1989).

Tudo se contabiliza hoje em dia...

BBC

16/09/2010 07h06 - Atualizado em 16/09/2010 07h48

Nova paixão afasta


dois amigos íntimos,


calcula pesquisa

Estudo da Universidade de Oxford revela que iniciar relacionamento amoroso reduz círculo de amizades próximas.

Da BBC

Uma nova paixão leva à perda de dois amigos íntimos, segundo um estudo da Universidade de Oxford.

Para os pesquisadores, este é o custo de um novo relacionamento, que acabaria consumindo o tempo antes dedicado às amizades próximas.

Enquanto a maioria das pessoas teria um círculo de cinco pessoas que elas veem pelo menos uma vez por semana e com quem contam em momentos de crise, este número cairia para quatro depois do início de um namoro - com a perda de dois amigos e a inclusão do novo namorado (ou namorada) no grupo.

As duas pessoas afastadas para acomodar o relacionamento amoroso, segundo o estudo, seriam normalmente um parente e um amigo.

"Sua atenção está tão focada no seu parceiro que você simplesmente não se encontra mais com as outras pessoas e esses relacionamentos começam a se deteriorar", explica o coordenador da pesquisa Robin Dunbar, do Instituto de Antropologia Evolucionária e Cognitiva da Universidade de Oxford.

Para o estudo, publicado na revista científica Personal Relationships, 540 pessoas maiores de 18 anos responderam a um questionário pela internet sobre seus relacionamentos e os efeitos de uma nova paixão.

Facebook
Em uma pesquisa anterior, a equipe de Dunbar concluiu que o cérebro humano é capaz de administrar um máximo de 150 amigos nas redes de relacionamento disponíveis na internet, como os sites Facebook e Orkut.

Nos anos 1990, o cientista desenvolveu uma teoria batizada de "Número de Dunbar", que estabelece que o tamanho do neocórtex humano - a parte do cérebro usada para o pensamento consciente e a linguagem - limita a capacidade de administrar círculos sociais a até 150 amigos, independente do grau de sociabilidade do indivíduo.

Sua experiência se baseou na observação de agrupamentos sociais em várias sociedades - de vilarejos do período neolítico a ambientes de escritório contemporâneos.

Segundo Dunbar, sua definição de "amigo" é aquela pessoa com a qual outra pessoa se preocupa e com quem mantém contato pelo menos uma vez por ano.

terça-feira, setembro 14, 2010

Frase da semana



"De fato, todo amor verdadeiro e puro é compaixão, e todo amor que não seja compaixão é egoísmo." - Schopenhauer

Quando o ideal de amor da nossa cultura é fundado na paixão romântica, saberemos distinguir o que seja um amor puro? Saberemos senti-lo? Saberemos mesmo que ele é necessário?













Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.
Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.
Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alteava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demôno, ante meus olhos.

Edgar Allan Poe

(Tradução de Oscar Mendes)

domingo, setembro 12, 2010

Nostalgia - Ninja Gaiden

Quantas tardes eu perdi com os episódios desta saga? Um jogo tremendamente desafiador, com uma história contada em estilo cinematográfico e música maravilhosa. Esse melodia, em particular, ainda me lembra o que Ninja Gaiden tinha de melhor: um tom épico e ao mesmo tempo melancólico, triste até, e que permeava quase toda a narrativa. A experiência emocional do jogo era realmente intensa.

sábado, setembro 11, 2010

A escala suprema

Nascemos, crescemos, sofremos para deixar nossas marcas, dedicamos nossas melhores energias à conquista de uma série variada de objetivos, deixamos descendência, alteramos nosso ambiente... Alguns de nós, que bem souberam navegar pelas ondas da vida social, chegam até ao que chamamos de posições de "poder". E, no entanto...

No cômputo geral das coisas, que somos nós? Praticamente nada. E, no entanto, noutro nível, somos um gigantesco universo de elementos, quase incomensurável em sua perfeição e grandeza.

As palavras me faltam. Veja isto você mesmo(a) e depois tente responder: que somos nós?



quinta-feira, setembro 09, 2010

Liberdade religiosa em tempos difíceis

A liberdade religiosa há muito tempo tem sido uma das glórias dos Estados Unidos. Está consagrada na Constituição -- esse documento de altos princípios, não raro mais altos que o alcance da maioria da própria população. E, no entanto, agora surgiu uma controvérsia ridícula, potencializada por políticos sempre dispostos a explorar a insegurança pública frente a outras culturas e contextos, sobre se uma mesquista deve ou não ser construída nos arredores -- vejam bem, arredores -- do local onde as Torres Gêmeas caíram. Para algumas pessoas, isso seria ofensivo. E por quê? Porque os terroristas eram muçulmanos.

Eu me pergunto como seria o mundo se fôssemos seguir essa lógica. E se os terroristas, além de muçulmanos, fossem capricornianos? Ou torcedores fanáticos de futebol? Iriam proibir astrólogos e estádios também?

Enfim, li este artigo do Washington Post, indicado pelo Andrew Sullivan, e gostei do que li. Parece-me uma manifestação sensata de realismo.

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Mosque Notes

Washington Diarist

Collective responsibility.One of the most accomplished Jewish terrorists of our time, Baruch Goldstein, came from the Jewish universe in which I was raised. When he committed his crime, there were a few former and present citizens of that universe, a revered rabbi of mine among them, who demanded a stringent communal introspection; but the critics were denounced as slanderers who tarred all of religious Zionism, or all of “Modern Orthodox” Judaism, or all of Judaism, with the same treasonous brush. The killer, we were angrily instructed, was an aberration, and any generalization from his action was an unwarranted imputation of collective responsibility. I disagreed. Baruch Goldstein murdered in the name of Judaism, with an interpretation of Judaism, from a social and intellectual position within Judaism. The same was later true of Yigal Amir. They did not represent the entirety of Judaism, or of the Jewish institutions that formed them—but the massacre in Hebron and the assassination in Tel Aviv were among their effects. If the standpoint of broadly collective responsibility was the wrong way to explain the atrocities, so too was the standpoint of purely individual responsibility. There were currents of culture behind the killers. Their ideas were not only their own. I am reminded of those complications when I hear that Islam is a religion of peace. I have no quarrel with the construction of Cordoba House, but not because Islam is a religion of peace. It is not. Like Christianity and like Judaism, Islam is a religion of peace and a religion of war. All the religions have all the tendencies within them, and in varying historical circumstances varying beliefs and practices have come to the fore. It is absurd to describe the perpetrators of September 11 as “murderers calling themselves Muslims,” as Karen Hughes recently did. They did not call themselves Muslims. They were Muslims. America was not attacked by Islam, but it was also not attacked by Jainism. Mohammed Atta and his band (as well as the growing number of “homegrown” Islamist killers and plotters) represent a real and burgeoning development within Islam, an actualization of one of Islam’s possibilities, an indigenous transnational movement of apocalyptic violence that has brought misery to Muslim societies, and to us. It is not Islamophobic to say so. Quite the contrary: it is to side with Muslims who are struggling against the same poison as we are. Apologetic definitions of Islam will not avail anybody in this struggle.

Sacred space. Nationalism has always arrogated to itself a hallowing power, and the sanctification of Ground Zero is the natural expression of the memory of a nation. But this is a secular sanctity. I see no justification for establishing a mosque, a church, or a synagogue at Ground Zero, even though Muslims, Christians, and Jews died there. (Irreligious people also died there.) Yet nobody is proposing to establish a mosque at Ground Zero. Sacralization is an act of demarcation: its force is owed to its precision. Outside the line is outside the line. Park Place is outside the line, in the “profane” realm. Or has the right finally found a penumbra in which it can believe? On September 13, 2001, a construction worker at Ground Zero discovered two large steel beams in the shape of a cross. Given the design of the towers, the likelihood of such perpendicularity was high—when I visited the unimaginable place a short while later there were smoldering right angles everywhere—but the discovery of this cross was deemed a miracle, and it was raised on a concrete base, and there was talk of incorporating it into the memorial at the site. (It now stands a block away, at a church on Barclay Street.) I was always discomfited by the sight of it. Christianity was not attacked on September 11. America was attacked. They are not the same thing. The image of the Ground Zero cross now appears in TV ads excoriating the “Ground Zero mosque.” The people behind those ads do not deplore a religious war, they welcome one.

Insensitivities. There are families of the victims who oppose Cordoba House and there are families of the victims who support it. Every side in this debate can invoke the authority of the pain. But how much authority should it have? I do not see that sentiment about the families should abrogate considerations of principle. It is odd to see conservatives suddenly espouse the moral superiority of victimhood, as it is odd to see them suddenly find an exception to their expansive view of religious freedom. Everybody has their preferred insensitivities. In matters of principle, moreover, polling is beside the point, or an alibi for the tyranny of the majority, or an invitation to demagogues to make divisiveness into a strategy, so that their targets come to seem like they are the ones standing in the way of social peace, and the “decent” thing is for them to fold. Why doesn’t Rauf just move the mosque? That would bring the ugliness to an end. But why don’t Palin and Gingrich just shut up? That, too, would bring the ugliness to an end. Certainly the diabolization of Rauf, an imam who has publicly recited the Shema as an act of solidarity and argued that the Declaration of Independence “embodies and restates the core values of the Abrahamic, and thus also the Islamic, ethic,” must cease. In a time when an alarming number of Muslims wish to imitate Osama bin Laden, here is a Muslim who wishes to imitate Mordecai Kaplan. Turn away, from him? But he may be replaced at his center by less moderate clerics, it is said. To which I would reply with a list of synagogues whose establishment should be regretted because of the fanatical views of their current leaders. I also hear that there should be no mosque on Park Place until there are churches and synagogues in Saudi Arabia. I get it. Until they are like us, we will be like them.

A night at the J. At the JCC on Q Street a few weeks ago, there was a family night for “kibbutz camp.” As the children sang “Zum Gali Gali,” an old anthem of the Zionist pioneers, I noticed among the jolly parents a Muslim woman swaddled in black. Her child was among those children! Her presence had no bearing on the question of our security, but it was the image of what we are protecting. No American heart could be unmoved by it. So: Cordoba House in New York and a Predator war in Pakistan—graciousness here and viciousness there—this should be our position. For those who come in peace, peace; for those who come in war, war.

Leon Wieseltier is the literary editor of The New Republic.

terça-feira, setembro 07, 2010

Devaneio - 2

Fim de noite na praia, a brisa fria acariciando o rosto no calçadão. Vontade de ler um livro, de ouvir música, de pensar no amanhã e não ver compromissos. A única leitura do dia foi clássica, A Desobediência Civil, de Thoreau. Fez-me rir gostosamente em várias passagens, e me intrigou com algumas outras. Prestes a ir ao cinema, e eu rindo com a aventura prisional de uma noite do excêntrico filósofo de Concord. De certa forma estranha, Thoreau foi melhor companhia que Karate Kid, filme divertido mas incômodo com sua apologia da violência e do jeito machista de medir o valor de alguém pela força. Minhas leituras sobre não-violência têm me levado a desconstruir facilmente certas premissas -- e Karate Kid cai como uma luva nisso. E enquanto torcia pelo menino que protagoniza o remake e me deleitava com a presença bonachona e doce de Jackie Chan, eu não conseguia parar de pensar que, se fosse na vida real, todas aquelas pessoas do torneio final deveriam ser presas por instigar menores de idade a lutar como gladiadores. Suspensão de descrença tem limite, e o da minha está cada vez menor.

O mundo não é grande, é imenso. A cada vez que passo por um lugar movimentado e paro um pouco para ver as pessoas, dou-me mais e mais conta disso. Os diferentes rostos e expressões me lembram que cada um tem uma história própria, um acervo único de experiências... Tudo muito óbvio, mas ao mesmo tempo tão impressionante. Ao fim, a diversidade incomensurável de pessoas e coisas me traz a lembrança o imenso privilégio que é estar vivo. Embora meu quinhão de vida seja minúsculo frente ao conjunto geral, como o de qualquer indíviduo isolado, fico imensamente contente por tê-lo. É uma dádiva estar no mundo e ter tanta gente com quem interagir.

segunda-feira, setembro 06, 2010

Animais?

BBC

06/09/2010 05h20 - Atualizado em 06/09/2010 08h45

Cientistas observam chimpanzés


desativando armadilhas humanas

Alguns animais descobriram como driblar caçadores, acredita-se que por observação passada de geração em geração

Chimpanzés estão aprendendo a driblar as armadilhas de caçadores humanos nas florestas da Guiné, segundo pesquisadoresChimpanzés estão aprendendo a driblar as
armadilhas de caçadores humanos nas florestas
da Guiné, segundo pesquisadores (Foto: Gaku
Ohashi / BBC )

Chimpanzés selvagens estão aprendendo a driblar as armadilhas de caçadores humanos nas florestas da Guiné, segundo pesquisadores.

O que mais impressionou os especialistas é que os chimpanzés tomam a iniciativa de procurar e desativar as armadilhas sem se machucar.

A descoberta foi feita por acaso pelos primatologistas Gaku Ohashi e Tetsuro Matsuzawa, que seguiram chimpanzés em Bossou, Guiné (oeste da África), para estudar seu comportamento social.

Ferimentos e mortes de primatas decorrentes de armadilhas são comuns no continente africano. Mas poucos ferimentos do tipo foram encontrados nos animais de Bossou - o que parecia incomum, já que os animais vivem perto de comunidades humanas e de locais repletos de armadilhas. Agora os primatologistas entendem o porquê.

Ohashi e Matsuzawa, do Instituto de Pesquisas de Primatas na Universidade de Kyoto, no Japão, estudaram cinco chimpanzés machos (jovens ou adultos) que tentavam desativar os ardis.

Uma armadilha típica, como as feitas pelo povo Manon, em Bossou, consiste em um laço de arame conectado a uma corda a um galho arqueado, geralmente de uma muda de árvore.

A muda tensiona a corda, e, quando o animal atravessa o laço, a armadilha é acionada, prendendo geralmente o pescoço ou a perna do animal que a ativou.

Mas, em Bossou, alguns chimpanzés "pareciam saber quais partes dos ardis eram perigosas e quais não eram", disse Ohashi à BBC.

Sem ferimentos
No periódico Primates, os pesquisadores descrevem seis casos diferentes em que chimpanzés foram vistos tentando desativar as armadilhas. Na maioria das vezes os animais agarraram e chacoalharam os galhos do ardil até que este se quebrasse.

Em todos os casos, os primatas conseguiram não tocar a parte perigosa da armadilha, o laço de aço. "Ficamos surpresos em encontrar esse comportamento", disse Ohashi. "É o primeiro relato de chimpanzés que quebram armadilhas sem ferimentos."

Os episódios revelam também dados importantes sobre o aprendizado dos animais, que muitas vezes adquirem novas habilidades por tentativa e erro. Mas não foi este o caso: um erro ao tentar desativar a armadilha poderia ser fatal.

Os especialistas especulam que os chimpanzés tenham aprendido a lidar com os ardis ao observá-los ao longo do tempo, e essa informação pode ter sido passada de geração em geração.

Em um caso, um jovem chimpanzé observou um adulto desativar uma armadilha antes de tocá-la.

Os pesquisadores advertem que as armadilhas continuam a ser uma ameaça significativa aos chimpanzés selvagens e dizem se esforçar para identificar e desativar ardis nas florestas.

Eles também dizem que os chimpanzés em outras regiões não parecem ter aprendido até agora a driblar caçadores humanos dessa forma.