domingo, agosto 31, 2008

O Manifesto do Macho Beta

"Although his very existence proves that the Beta Male is successful in mating, the natural habitat of the young Beta Male is heartbreak. He doesn’t know that he will eventually prevail, and that in the end, most females will settle, and it is the Beta upon whom she inevitably settles. Almost no Beta will reach his twenties without having had the object of his affection snatched from his grasp by an Alpha male, then when she is cast off, finding himself used as a cushion for her landing and the unwitting springboard for her next launch at the Alpha bachorlorama. The Beta is the trampoline the female world refers to as just friends. Thus, over the eons, the Beta Male has developed a highly developed sense of irony. (Not rhetorical irony, the gentler cousin of sarcasm, but twist of fate, bite you in the ass irony.) Like the bat who can sense the presence of the mosquito by the micro-turbulence caused by the insect’s wings, so can the Beta Male sense a heartbreak coming from the moment he first spots a woman."

Coisa de gênio... Texto completo, em várias partes, aqui: http://bbs.chrismoore.com/viewtopic.php?t=7415.

Uma visão dramatizada do assunto pode ser encontrada aqui: http://weneedgirlfriends.tv/.

quarta-feira, agosto 27, 2008

O outro lado da guerra no Cáucaso

Nem sempre inferioridade militar equivale a ter razão...

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Der Spiegel, pelo portal do UOL

27/08/2008
Tanques da Geórgia contra adolescentes da Ossétia:
a história da resistência de Tskhinvali


Uwe Klussmann
Em Tskhinvali, Geórgia


Quando as forças georgianas avançaram para a capital da Ossétia do Sul, Tskhinvali, no dia 7 de agosto, elas subestimaram a determinação da resistência dos ossetianos. Jovens abriram fogo com Kalashnikovs e adolescentes jogaram bombas de petróleo contra os tanques. O regime local patrocinado pelos russos saiu triunfante.

Qualquer um que queira saber o valor da palavra do presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, basta olhar para a capital da Ossétia do Sul. O aposentado Wachtang Babeyev ainda fala um pouco do georgiano que aprendeu em tempos soviéticos, quando os ossetianos e georgianos viviam juntos em paz, apesar das tensões. Na tarde do dia 7 de agosto, o carpinteiro aposentado estava sentado em seu apartamento na rua Karl Marx assistindo um discurso de Saakashvilli na televisão. As palavras do presidente fizeram-no se sentir esperançoso.

Saakashvilli estava na capital da Geórgia, Tbilisi, e disse que tinha "dado a ordem muito dolorosa de não reagir com fogo" se os ossetianos do sul atirassem contra as forças de segurança da Geórgia. Ele terminou seu discurso com um apelo: "Vamos deter a espiral de medo. Dar uma chance à paz e ao diálogo". Poucas horas depois, Babeyev estava prestes a cozinhar seu jantar quando bombas começar a cair em torno de seu prédio. Ele fugiu para o porão de um bloco ao lado com nove vizinhos. Foi uma noite em branco, assustadora. Horas de bombardeio de artilharia reduziram os prédios a ruínas, destruíram carros e transformaram os jardins em buracos.

Na manhã seguinte, aviões de guerra da Geórgia lançaram bombas para terminar a destruição. Então, os tanques chegaram para "restaurar a ordem constitucional", como disse Saakashvilli - uma ordem que nunca existiu na Ossétia do Sul. Quando a URSS foi dissolvida, três Estados de fato emergiram no território da antiga república soviética da Geórgia: Ossétia do Sul, Abkházia e a nova Geórgia, que conseguiu entrar para a Organização das Nações Unidas com as fronteiras antigas traçadas por Stálin.

Desejo de autonomia
Os ossetianos do sul não conseguem entender as pessoas que os chamam de "separatistas". Eles dizem que nunca romperam com a Geórgia porque nunca se uniram ao novo país quando foi formado após o colapso da URSS. É impossível encontrar qualquer um nesta parte do mundo que imagine seriamente o território como parte da Geórgia no futuro. O que o mundo está rotulando como "separatismo" de fato é o desejo de autonomia de um povo pequeno que foi dividido contra seus desejos.

Nos tempos soviéticos, a Ossétia do Norte - hoje parte da federação russa - e a Ossétia do Sul eram divididas apenas por uma linha administrativa invisível. Desde 1992, contudo, uma fronteira nacional passou a separar irmãos, irmãs, pais e filhos. Tentativas violentas de nacionalistas georgianos de suprimir os ossetianos do sul levaram o povo da montanha a se refugiar dentro de uma república não reconhecida, como se fosse uma trincheira.

Um cessar-fogo foi firmado com a Geórgia em 1992 e trouxe as forças de paz russas para o país, por um pedido tanto dos ossetianos quanto do georgianos. O cessar-fogo durou 12 anos, até que Saakashvilli chegou ao poder em 2004. Assim que foi eleito com uma votação suspeita de 96% e com as bênçãos de Washington, ele começou a fazer discursos calorosos sobre "separatistas criminosos". Um primeiro ataque militar das tropas georgianas fracassou em agosto de 2004 devido à forte resistência da Ossétia do Sul e porque os EUA, diferentemente de hoje, detiveram a aventura de Saakashvilli.

Os invasores que avançaram para a cidade destruída de Tskinvhali na manhã do dia 8 de agosto em jipes americanos vestiam uniformes e capacetes feitos nos EUA. Muitos deles foram treinados por oficiais americanos ou serviram no Iraque ao lado dos americanos.

Eles rapidamente compreenderam que não estavam enfrentando apenas "meia dúzia de separatistas", como tinha alegado Saakashvili. A atitude dos jovens da Ossétia do Sul pode ser resumida pelo que disse a estudante Julia Beteyeva, da Universidade de Tskhinvali, ao Spiegel, em junho de 2004: "Só poderão tirar nossa república nos matando."

Defensores adolescentes
No dia 8 de agosto, grupos de jovens ossetianos, alguns deles com apenas 16 anos de idade, atacaram os tanques georgianos com bombas de petróleo. Os rapazes pegaram rifles Kalashnikovs em arsenais escondidos e combateram os georgianos em grupos ou sozinhos. Ao meio-dia, Alan Ulmbegov, 34, filho de um oficial soviético nascido na cidade de Meiningen no Leste alemão, viu as tropas georgianas chegando. Ele pegou seu rifle em um armário. Sua mãe implorou para que ele não fosse. "Eu quero proteger nosso povo", respondeu e partiu para a batalha. Lemas como "Jovens da Ossétia pela liberdade" e "Vergonha da Geórgia e de seus defensores como o traidor Sanakoyev" tinham sido pintados nos muros da cidade destruída.

Dmitry Sanakoyev, ex-primeiro-ministro da Ossétia do Sul, foi instalado por Saaskashvili como diretor de um governo para a região, que tinha o título inadvertidamente preciso de "Governo Provisório da Ossétia do Sul", e consistia de meia dúzia de aldeias georgianas no território da Ossétia do Sul. Desde então, estas foram destruídas pelo exército russo e pilhadas pelos ossetianos do sul. Grande parte da minoria georgiana fugiu. Sanakoyev era um "empresário" duvidoso, com dívidas nos jogos, uma presa fácil dos estrategistas de Tbilisi. Em julho mesmo, a secretária de Estado americana Condoleezza Rice apertou as mãos de Sanakoyev como se Washington ainda tivesse grandes planos para ele.

Desde a batalha de Tskhinvali, o poder na Ossétia do Sul está nas mãos do presidente Eduard Kokoity. Ele tem um sorriso malandro que talvez tenha adquirido durante os selvagens anos 90, quando o lutador fez fortuna em contratos questionáveis. Seu orçamento não é especialmente transparente e provavelmente consiste mais de transferências russas do que de pobres receitas fiscais locais. Suas forças militares são constituídas de uma milícia que acaba de derrotar os aliados dos EUA.

Os combatentes de Kokoity participaram de um comício na Praça do Teatro, no centro de Tskhinvali. Alguns usavam preto; um segurava uma granada de mão como se fosse uma bola de tênis. Muitos tinham barba e amplos ombros. Um deles usava chinelo e abraçava sua namorada. Eles são a geração de ossetianos do sul que nem falam georgiano, muito menos se sentem georgianos.

"Genocídio contra o pequeno povo ossetiano"
Kokoity, que não é grande orador, descreve a cidade provinciana de 30 mil habitantes como "Stalingrado do Cáucaso". Suas palavras ecoam em torno dos prédios destruídos por bombas do centro de Tskhinvali enquanto grita contra "O regime sangrento da Geórgia" que cometeu um "genocídio contra o pequeno povo ossetiano". Para amainar o sentimento de ódio, ele acrescenta: "Não estamos combatendo o povo georgiano".

Kokoity quer se unir ao palco diplomático internacional. Ele pede à Rússia que reconheça a Ossétia do Sul. Com a maior parte dos ossetianos do sul, Kokoity é cidadão russo. Quando ele fala de independência, ele quer dizer a unificação com a Ossétia do Norte e toda a Rússia. Antes da guerra, ele tinha distribuído cartazes pela região declarando: "A Ossétia é indivisível".

Hoje, Georgi Bagayev, 70, não está muito preocupado com a situação do governo. Quando ele abre a porta que até o dia 7 de agosto conectava sua cozinha com a sala de estar, ele vê uma pilha de destroços.

Uma bomba destruiu a parede externa, e a sala está cheia de destroços e roupas, além de uma foto de sua neta de cinco meses, Alana. A menina sobreviveu ao ataque em sua cidade natal. Ela foi evacuada para segurança da Ossétia do Norte pouco antes do início da guerra.

Tradução: Deborah Weinberg

domingo, agosto 24, 2008

Meditação sobre a vingança

O que você seria capaz de sacrificar para se vingar de quem você odeia? Ou ainda, você seria capaz de aceitar um sofrimento extremo no futuro pelo alívio de uma dor extrema agora?

Essas são algumas das questões fundamentais daquele que provavelmente é o anime mais inteligente e elaborado a que já assisti, Hellgirl (Jigoku Shoujo). Diferentemente de um anime tradicional, não se trata aqui de um herói em sua jornada épica de crescimento em poder e habilidade até um desafio supremo, em temporadas intermináveis de episódios encadeados. Em Hellgirl, os protagonistas mudam a cada episódio e quase não guardam relação -- e não são heróis, mas sim pessoas comuns que se vêem às voltas com situações terríveis, diante das quais aparece a solução tentadora de uma vingança absoluta e imediata: mandar seu algoz/inimigo para o inferno. O problema é o preço dessa vingança. "Quando uma pessoa é amaldiçoada, dois túmulos são cavados", diz a espectral Donzela do Inferno, a Hellgirl do título, que oferece àqueles que recorrem ao seu website movidos pelo ódio um trato tão infernal quanto honesto: o envio imediato do desafeto ao inferno, após tormentos horríveis, com a condição de que o cliente também irá, mas só após sua morte. O que torna o anime tão interessante é que não se trata aqui de um mundo baseado na idéia cristã de justiça: a pessoa visada ou o contratante irão mesmo para o inferno, independentemente de serem pessoas virtuosas ou não. Em Hellgirl, a vingança é um absoluto espiritual que só pode ser combatido pelo perdão entre os adversários -- um bálsamo que raramente se manifesta.

Não é um desenho para crianças, logo se vê. É antes uma meditação sobre a perversidade e o ódio num nível que raramente se vê mesmo na literatura, que dirá num desenho animado. Em sua maioria, os "vilões" são pessoas também comuns, que podem ser bastante cruéis em situações específicas... ou simplesmente incompreendidas por sua suposta vítima. O que dá o mote da série não é a justiça, mas o rancor que tantas vezes se disfarça de indignação virtuosa e exige um tipo de retribuição que pode ser simplesmente desproporcional. Quem quer que tenha um mínimo de sensibilidade filosófica, vai ter muito o que pensar após cada episódio. Como bônus, existem também outros elementos que tornam o desenho uma experiência instigante: a trilha sonora ora melancólica e delicada, ora assustadora, bem adequada aos grandes temas da história; a beleza dos traços utilizados, mais realista dentre os estilos de anime; e, finalmente, as várias referências ao impressionante folclore japonês, rico de criaturas e conceitos tão diferentes daqueles a que estamos acostumados.





Enfim, se você guarda rancor contra alguém, ver Hellgirl pode ser uma forma de repensar sua situação. Mais que sermões e preces, às vezes a melhor forma de se livrar do ódio é ver o que ele capaz de provocar. E nesse ponto, ninguém é mais versado que essa menina espectral de olhos vermelhos e tristes...

sábado, agosto 16, 2008

A legendária memória fotográfica

The Truth About Photographic Memory
It's impossible to recover images with perfect accuracy. The myth of photographic memory.

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59-year-old Akira Haraguchi recited from memory the first 83,431 decimal places of pi, earning a spot in the Guinness World Records.

He must have a photographic memory, right? Not so. According to mounting evidence, it's impossible to recall images with near perfect accuracy.

Certainly, some people do have phenomenal memories. Chess masters can best multiple opponents while blindfolded. Super card sharks can memorize the order of a shuffled deck of cards in less than a minute. But people with Herculean memories tend to be adept at one specific task—i.e., a person who memorizes cards may be inept at recognizing faces.

Alan Searleman, a professor of psychology at St. Lawrence University in New York, says eidetic imagery comes closest to being photographic. When shown an unfamiliar image for 30 seconds, so-called "eidetikers" can vividly describe the image—for example, how many petals are on a flower in a garden scene. They report "seeing" the image, and their eyes appear to scan across the image as they describe it. Still, their reports sometimes contain errors, and their accuracy fades after just a few minutes. Says Searleman, "If they were truly 'photographic' in nature, you wouldn't expect any errors at all."

While people can improve their recall through tricks and practice, eidetikers are born, not made, says Searleman. The ability isn't linked to other traits, such as high intelligence. Children are more likely to possess eidetic memory than adults, though they begin losing the ability after age six as they learn to process information more abstractly.

Although psychologists don't know why children lose the ability, the loss of this skill may be functional: Were humans to remember every single image, it would be difficult to make it through the day.


Psychology Today Magazine, Mar/Apr 2006
Last Reviewed 7 Aug 2008
Article ID: 4040

domingo, agosto 03, 2008

Zen

Pesquisando sobre a China para meus alunos, descobri o mundo de informação que a Wikipédia oferece sobre o assunto, inclusive em português. Ainda não tive oportunidade ou tempo para conhecer melhor a cultura chinesa, pelo não mais do que a média dos espectadores de Jackie Chan e produtos similares. Mas este trecho do artigo sobre o Zen Budismo me chamou a atenção. Lembrei-me do que tantos estudiosos de hoje dizem acerca da linguagem moldar nossa percepção da realidade, e fiquei aqui intrigado sobre como a "desconstrução" de nossos condicionamentos pode ser útil.

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Zazen

Para o Zen, experimentar a realidade diretamente é experimentar o nirvana. Para experimentar a realidade diretamente, é preciso desapegar-se de palavras, conceitos e discursos. E, para desapegar-se disso, é preciso meditar. Por isso, o zazen ("meditação sentada") é a prática fundamental do Zen.

Ao meditar, o praticante senta-se sobre uma pequena almofada redonda (o zafu) e assume a postura de lótus, a postura de meio lótus, a postura burmanesa ou a postura de seiza. Unindo as mãos um pouco abaixo do umbigo (fazendo o mudra cósmico), ele semicerra suas pálpebras, pousando a vista cerca de um metro à sua frente. Na escola Rinzai, os praticantes sentam-se virados para o centro da sala. Na escola Soto, sentam-se virados para a parede.

Então o praticante "segue sua respiração", contando cada ciclo de inspiração e expiração, até chegar a dez. Então o ciclo recomeça. Enquanto isso, sua única tarefa é manter uma mente relaxada, aberta, concentrada mas sem tensão, e estar presente no "agora" do momento, sem se deixar levar por pensamentos ou ruminações. Quando isso acontece, ele volta a se concentrar na contagem. Os praticantes mais experientes, cujo poder de concentração (samadhi) é maior, podem abster-se de contar ou seguir sua respiração. Fazendo assim, eles estarão praticando o tipo de zazen chamado shikantaza, "apenas sentar-se".

A duração de um período de meditação varia de acordo com a escola. Embora o período tradicional de meditação seja o tempo que uma vareta de incenso leva para queimar (de 35 a 40 minutos), escolas como a Sanbo Kyodan recomendam a seus alunos que não meditem por mais de 25 minutos por vez, pois a meditação pode tornar-se inerte. Na maioria das escolas, porém, os monges rotineiramente meditam entre quatro e seis períodos de 30-40 minutos todos os dias. Quanto a leigos, o mestre Dogen dizia que cinco minutos diários já eram benéficos -- o que importa é a constância.

Durante os retiros (sesshins) mensais, porém, as atividades são intensificadas. Com duração de um, três, cinco ou sete dias, a rotina dos retiros prevê de nove a 12 períodos de 30-40 minutos por dia, ou até mais. Entre cada período de zazen, os praticantes "descansam" fazendo kinhin (meditação andando).