segunda-feira, novembro 29, 2010

Adeus, Tenente Drebin

29/11/2010 00h19 - Atualizado em 29/11/2010 09h03

Morre o ator canadense Leslie Nielsen

Ator fez filmes de comédia como 'Corra que a polícia vem aí'.
Nielsen morreu devido a complicações de uma pneumonia.

Do G1, com agências internacionais

O ator Leslie Nielsen morreu neste domingo (28) aos 84 anos em um hospital de Fort Lauderdale, no estado americano da Flórida. O canadense teria morrido de complicações devido a uma pneumonia.

Segundo um comunicado emitido por seu agente, John Kelly, o artista morreu em um hospital local por causa de complicações derivadas de uma pneumonia.

"Estamos tristes pelo falecimento do querido ator Leslie Nielsen, provavelmente melhor lembrado como o tenente Frank Drebin na saga "Corra que a polícia vem aí", embora tenha desfrutado de uma carreira no cinema e na televisão durante mais de 60 anos", diz o comunicado, escrito pela família de Nielsen.

Seus familiares pedem ao público que, em vez de enviar flores, remetam doações em seu nome a organizações beneficentes.

Previamente Doug Nielsen, sobrinho do ator, comentou a uma rádio local que o ator tinha permanecido hospitalizado durante 12 dias e que sua situação piorou nas últimas 48 horas. Segundo disse, Nielsen morreu rodeado por sua família e amigos às 17h30 hora local.

Nascido em Regina em 11 de fevereiro de 1926, Nielsen apareceu em mais de 100 filmes e centenas de programas de televisão ao longo de sua carreira. Chegou a Hollywood em meados da década de 1950 após aparecer em dezenas de dramas para televisão em Nova York.

Começou a trabalhar como galã em uma variedade de filmes devido a sua altura e sua presença, e entre alguns de seus trabalhos dramáticos mais conhecidos estão "O planeta proibido" (1956) e "O destino do Poseidon" (1972).

Em cena de 'Corra que a polícia em aí', em 1988, Leslie Nielsen contracena com Jeannette CharlesLeslie Nielsen contracena com Priscila Presley em 'Corra que a polícia vem aí', em 1988. (Foto: Divulgação)

Mas por dentro havia uma veia cômica que explodiria no sucesso mundial "Apertem os cintos, o piloto sumiu!" (1980), de Jim Abrahams e dos irmãos Jerry e David Zucker.

Posteriormente, seguiriam outras comédias como "Corra que a polícia vem aí", "Corra que a polícia vem aí 2½", "Corra que a polícia vem aí 33⅓", "Drácula – morto, mas feliz", "Todo mundo em pânico 3" e "Todo mundo em pânico 4".

Casado quatro vezes, teve duas filhas com sua segunda mulher, Maura e Thea Nielsen.

domingo, novembro 28, 2010

WikiLeaks revela transmissões diplomáticas dos EUA

Que época fantástica a nossa...

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28/11/2010 - 22h40

WikiLeaks revela o que os EUA pensam dos líderes mundiais; veja

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DA FRANCE PRESSE, EM WASHINGTON

Os diplomatas são conhecidos pelo tom politicamente correto de suas declarações públicas, mas documentos secretos americanos divulgados neste domingo pelo site WikiLeaks revelam o que os funcionários de Washington pensaram a portas fechadas.

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Os documentos diplomáticos secretos divulgados pelo WikiLeaks a vários jornais do mundo revelam descrições pouco amistosas de líderes mundiais.

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Efe

Presidente da Argentina, Cristina Kirchner

O Departamento de Estado americano pediu à embaixada em Buenos Aires informações sobre "o estado de saúde mental" da presidente, segundo um dos documentos vazados, informa o jornal espanhol "El País".

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Efe

Presidente da Venezuela, Hugo Chávez

Um vice-secretário americano, Philip Gordon, conta uma conversa que teve com um conselheiro do presidente francês, Jean-David Lévitte, na qual foi dito que Chávez está "louco" e que até mesmo o Brasil não podia apoiá-lo. Outro documento mostra que a diplomacia americana trabalhou para isolar o presidente venezuelano.

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Alessandra Tarantino/AP

Primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi

Um importante diplomata o descreve como "irresponsável, vão e pouco eficaz como líder europeu moderno". Outro documento o descreve como "frágil física e politicamente", que não descansa apropriadamente por causa das festas que dá até altas horas da madrugada.

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S. Sabawoon /Efe

Presidente afegão, Hamid Karzai

Um documento o descreve como "extremadamente frágil" e passível de acreditar em teorias conspiratórias. Karzai mantém uma relação difícil com o presidente americano, Barack Obama.

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Zohra Bensemra/Reuters

Líder líbio, Muammar Gaddafi

Um texto diz que Gaddafi é "quase obsessivamente dependente de um pequeno núcleo de funcionários de confiança" e aparentemente não pode viajar se não estiver acompanhado de uma "voluptuosa" enfermeira ucraniana.

Acredita-se que Gaddafi tenha medo de voar sobre o mar e de pernoitar em andares altos de edifícios.

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AP

Presidente russo, Dimitri Medvedev

Apesar de ser oficialmente o chefe de Estado e chefiar o primeiro-ministro, Vladimir Putin, a embaixada americana em Moscou diz que Medvedev "é o Robin do Batman, Putin".

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Lionel Bonaventure/AFP

Presidente francês, Nicolas Sarkozy

A embaixada dos Estados Unidos em Paris acredita que o presidente é "suscetível e autoritário", destacando suas críticas a colaboradores.

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Efe

Chanceler alemã, Angela Merkel

Um documento a considera "contrária à tomada de riscos e raramente criativa". Seu ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, teria uma "personalidade exuberante", mas pouco conhecimento de política externa.

+ NOTÍCIAS SOBRE WIKILEAKS

28/11/2010 - 22h17

EUA criticam novo vazamento de dados secretos pelo WikiLeaks; veja principais revelações

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DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Atualizado às 22h21.

Cerca de 250 mil documentos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado dos EUA, vieram à tona neste domingo, divulgados pelo site WikiLeaks. Os chamados "cables" revelam detalhes secretos --alguns bastante curiosos-- da política externa americana entre dezembro de 1966 e fevereiro deste ano, em um caso que começa a ficar conhecido como "Cablegate".

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Os documentos revelam, por exemplo, que as embaixadas americanas foram instruídas a "espionar" líderes da ONU (Organização das Nações Unidas), incluindo o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon. Também mostram que países árabes pediram um ataque aéreo contra o Irã por causa de seu programa nuclear --Arábia Saudita pede para "cortar a cabeça da cobra" enquanto ainda há tempo. Também cita elos entre o governo russo e o crime organizado, e até questiona a sanidade mental da presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

São 251.288 documentos enviados por 274 embaixadas. Destes, 145.451 tratam de política externa, 122.896, de assuntos internos dos governos, 55.211, de direitos humanos, 49.044, de condições econômicas, 28.801, de terrorismo e 6.532, do Conselho de Segurança da ONU.

A maioria dos documentos (15.365) fala sobre o Iraque. Os telegramas foram divulgados por meio de um grupo de publicações internacionais: "The New York Times" (EUA), "Guardian" (Reino Unido), "El País" (Espanha), "Le Monde" (França) e "Der Spiegel" (Alemanha).

O WikiLeaks divulga documentos secretos há anos, mas ganhou destaque internacional este ano, com três vazamentos. No primeiro, publicou um vídeo confidencial, feito por um helicóptero americano, que parece mostrar um ataque contra dois funcionários da agência de notícias Reuters e outros civis. O segundo tornou públicos 77 mil arquivos de inteligência dos EUA sobre a guerra do Afeganistão. O terceiro divulgou mais 400 mil arquivos expondo ataques, detenções e interrogatórios no Iraque.

O Pentágono suspeita que quem está por trás dos vazamentos é o analista de inteligência Bradley Manning, 22.

EUA CONDENAM

Em comunicado, o Departamento de Defesa dos EUA condenou "a revelação imprudente de informações obtidas de modo ilegal".

Segundo seu porta-voz, Bryan Whitman, o departamento tomará medidas para evitar que isso ocorra novamente, como impedir a transferência de dados armazenados nos computadores para CD-ROMs ou memórias USB.

A Casa Branca também condenou a divulgação, alegando que isso pode compromete as relações com governos e líderes estrangeiros, e poderia "ter profundo impacto não só nos interesses internacionais dos EUA, mas no de nossos aliados e amigos ao redor do mundo".

"Para ser claro, tais vazamentos põem em risco nossos diplomatas, profissionais de inteligência, e pessoas ao redor do mundo que vêm aos EUA para ajudar a promover a democracia e o governo aberto", disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, em comunicado por escrito.

"Ao divulgar documentos confidenciais e roubados, o WikiLeaks põe em risco não só a causa dos direitos humanos, mas também a vida e o trabalho desses indivíduos", afirmou.

"Condenamos ao máximo a divulgação não autorizada dos documentos confidenciais e informações de segurança nacional."

A divulgação dos novos documentos foi amplamente anunciada por mais de uma semana, e já era esperada para este domingo.

O governo americano, que já tinha sido informado antecipadamente do conteúdo, entrou em contato com governos ao redor do mundo, inclusive a Rússia e nações da Europa e do Oriente Médio, tentando diminuir os estragos.

ESPIONAGEM DA ONU

Os EUA queriam conhecer a rotina dos funcionários da ONU, seus cartões de crédito, emails e telefones, informa o "El País", jornal espanhol que teve acesso aos documentos vazados pelo WikiLeaks.

O Departamento de Estado americano pediu no ano passado aos funcionários de 38 embaixadas e missões diplomáticas uma relação detalhada de dados pessoais e de outra natureza sobre as Nações Unidas, inclusive sobre o secretário-geral, Ban Ki-moon, e especialmente sobre os funcionários e representantes ligados ao Sudão, Afeganistão, Somália, Irã e Coreia do Norte, segundo o jornal espanhol.

A equipe diplomática e consular credenciada na ONU e nos países afetados pelas instruções foram encarregados de realizar a "espionagem branda", segundo comunicados classificados como secretos, afirma o "El País". Os despachos pedem "inteligência humana", dados conseguidos em contatos pessoais ou em relações informais.

PRINCIPAIS REVELAÇÕES

Veja abaixo algumas das principais revelações presentes nos cerca de 250 mil documentos divulgados pelo WikiLeaks.

  • O Politburo, segundo organismo mais importante do governo da China, comandou a invasão dos sistemas de computador do Google no país, como parte de uma campanha de sabotagem a computadores, realizada por funcionários do governo, especialistas particulares e criminosos da internet contratados pelo governo chinês. Eles também invadiram computadores do governo americano e de aliados ocidentais, do Dalai Lama e de empresas americanas desde 2002.

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  • O rei Abdullah, da Arábia Saudita, repetidamente pediu aos EUA para atacar o Irã e destruir seu programa nuclear, além de, segundo registros, ter aconselhado Washington a "cortar a cabeça da cobra" enquanto ainda havia tempo.

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  • Doadores sauditas continuam sendo os principais financiadores de grupos militantes sunitas, como a Al Qaeda; e o pequeno Estado do Qatar, generoso anfitrião do Exército americano no golfo Pérsico por anos, era "o pior da região" em esforços de combate ao terrorismo, segundo um telegrama ao Departamento de Estado em dezembro do ano passado.

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  • Representantes dos EUA e da Coreia do Sul discutiram a possibilidade de uma Coreia unificada se os problemas econômicos da Coreia do Norte e a transição político no país levassem o Estado a implodir. Os sul-coreanos chegaram a considerar incentivos econômicos à China para "ajudar a aliviar" as preocupações de Pequim sobre o convívio com uma Coreia reunificada em "aliança benigna" com Washington, segundo o embaixador americano em Seul.

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  • Desde 2007, os EUA montaram um esforço secreto e, até agora, mal sucedido pararemover urânio altamente enriquecido do reator de pesquisa do Paquistão, com medo de que pudesse ser desviado para uso em um reator nuclear ilícito.

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  • O Irã obteve mísseis sofisticados da Coreia do Norte, capazes de atingir o leste europeu, e os EUA estavam preocupados de que o Irã estaria usando esses foguetes como "peças de montagem" para construir mísseis de mais longo alcance. Os mísseis avançados são muito mais poderosos do que qualquer equipamento que os EUA publicamente reconheceram existir no arsenal iraniano.

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  • Quando o vice-presidente afegão, Ahmed Zia Massou, visitou os Emirados Árabes Unidos no ano passado, autoridades locais trabalhando para a Agência de Controle às Drogas descobriram que ele carregava US$ 52 milhões em dinheiro vivo. Segundo o telegrama da embaixada americana em Cabul, ele pode manter o dinheiro sem revelar a origem ou destino do montante.

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  • Diplomatas americanos barganharam com outros países para ajudar a esvaziar a prisão da baía de Guantánamo, realocando detentos. Por exemplo, foi pedido que a Eslovénia aceitasse um prisioneiro se quisesse agendar um encontro com o presidente Barack Obama. A República de Kiribati recebeu oferta de incentivos valendo milhões de dólares para aceitar detentos muçulmanos chineses. Em outro caso, aceitar mais presos foi descrito como "uma forma de baixo custo para a Bélgica alcançar proeminência na Europa".

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  • Os EUA não conseguiram evitar que a Síria fornecesse armas ao Hizbollah no Líbano, que acumulou um grande arsenal desde a guerra de 2006 com Israel. Uma semana após o presidente sírio, Bashar al Assad, prometer a um alto representante americano que não mandaria "novas" armas ao Hizbollah, os EUA reclamaram que tinham informações de que a Síria estava dando ao grupo armas cada vez mais sofisticadas.

segunda-feira, novembro 22, 2010

"As regras do amor"

Quão peculiar é viver numa época em que o amor tem "regras"... Mas admito que algumas são realmente sábias -- e já fizeram falta em pelo menos uma relação concreta. O texto integral está aqui.

  • Escolha um parceiro sabiamente. Somos atraídos pelas pessoas por todo tipo de razões. Elas nos lembram de alguém do nosso passado. Elas nos cobrem de presentes e nos fazem sentir importantes. Avalie um potencial parceiro como faria com um amigo; veja o seu caráter, personalidade, valores, generosidade de espírito, e a relação entre suas palavras e ações, bem como seus relacionamentos com as outras pessoas.
  • Conheça as crenças de seu parceiro a respeito de relacionamentos. Pessoas diferentes têm crenças diferentes e contraditórias sobre o assunto. Você não vai querer se apaixonar por alguém que espera muita desonestidade nas relações em que se envolve; ele(a) vai criá-la onde ela não existe.
  • Conheça suas próprias necessidades e mostre-as claramente. Um relacionamento não é um jogo de adivinhação. Muitas pessoas, homens e mulheres, têm medo de enunciar suas necessidades e, como resultado, camuflam-nos. O resultado é a decepção por não conseguir o que desejam e a raiva por o parceiro não atendido às suas necessidades (não declaradas). A intimidade não pode acontecer sem honestidade. O seu parceiro não lê pensamentos.

Polos da alma...


Ou o embate entre Apolo e Dionísio.


terça-feira, novembro 16, 2010

"Sou contra o aborto e sou intelectual, PhD. Vai encarar?"

Cruzei com um livro desse senhor, mas não dei muita importância. Depois, por curiosidade, lembrei-me dele e pesquisei em busca de amostras de suas ideias. Achei o texto a seguir, e gostei muito. É uma refutação contundente a uma ideia comum em meios mais educados, ainda que frequentemente apenas implícita, de que o aborto é uma mera controvérsia entre "retrógrados" e "progressistas".

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Vai encarar?

por Luiz Felipe Pondé para a Folha

Sou contra o aborto. Não preciso de religião para viver, não acredito em Papai Noel, sou da elite intelectual, sou PhD, pós-doc., falo línguas estrangeiras, escrevo livros "cabeça" e não tenho medo de cara feia.

Prefiro pensar que a vida pertence a Deus. Já vejo a baba escorrer pelo canto da boca do "habitué" de jantares inteligentes, mas detenha seu "apetite" porque não sou uma presa fácil.

Lembre-se: não sou um beato bobo e o niilismo é meu irmão gêmeo. Temo que você seja mais beato do que eu. Mas não se deve discutir teologia em jantares inteligentes, seria como jogar pérolas aos porcos.

Esse mesmo "habitué" que grita a favor do aborto chora por foquinhas fofinhas, estranha inversão...

Não preciso de argumentos teológicos para ser contra o aborto. Sou contra o aborto porque acho que o feto é uma criança. A prova de que meu argumento é sólido é que os que são a favor do aborto trabalham duro para desumanizar o feto humano e fazer com que não o vejamos como bebês. E não quero uma definição "científica" do início da vida porque, assim que a tivermos, compraremos cremes antirrugas "babyskin" com cartão Visa.

Agora o tema é o "retorno" do aborto. O aborto entrou na moda neste segundo turno. É claro que esse retorno é retórico. Desde Platão, sabe-se que a democracia é um regime para sofistas e retóricos.

A relação entre democracia e marketing já era sabida como essencial desde a Grécia Antiga. Por que o espanto quando os candidatos, sabendo que grande parte da população brasileira é contra o aborto (talvez por razões religiosas vagas, talvez por "afeto moral" vago), se lançam numa batalha pelo espólio do "direito à vida"?

O marketing é uma invenção contemporânea, mas a necessidade dele é intrínseca a qualquer técnica que passe pelo convencimento de uma maioria, desde a mais tenra assembleia de neandertais.

A democracia é, na sua face sombria, um regime da mentira de massa. Quando essa mentira de massa é contra nós, reclamamos.

Não há nada de evidentemente justo em termos morais ou de moralmente "avançado" na legalização do aborto. O que há de evidente em termos morais é a desumanização do feto como processo retórico (exemplo: "Feto não é gente") e a defesa de uma forma avançada de "safe sex": "Quero transar com a "reserva de comportamento legal" a meu favor. Se algo der errado, lavo".

E não me venham com "questão de saúde pública". Esgoto é questão de saúde pública. A defesa do aborto nessas bases é apenas porque o aborto legal é mais barato. Resumindo: "Safe sex, cheap babies". E não me digam que o feto "é da mulher". O feto "é dele mesmo". E não me digam que "todo o mundo avançado já legalizou o aborto", porque esse argumento só serve para quem "ama a moda" e teme a solidão.

Não pretendo desqualificar a angústia de quem vive esse drama. Longe de mim! Mas em vez de gastarmos tanta "energia social" na defesa do aborto, por que não usarmos essa energia para recebermos essas crianças indesejadas?

Vem-me à mente dois exemplos, aparentemente de campos "opostos".

Deveríamos aprender com a Igreja Católica e seu esforço de criar redes de recepção dessas crianças, aparando as mães em agonia e seus futuros filhos à beira da morte.

Por outro lado, são tantos os casais gays masculinos (os femininos sofrem menos porque dispõem de "útero próprio") que querem adotar crianças e continuamos a julgá-los, equivocadamente, penso eu, incapazes do exercício do amor familiar.

Sou contra a legalização do aborto porque o considero um homicídio. Muita gente não entende essa implicação lógica quando supõe que seriam razoáveis argumentos como: "A legalização do aborto permite a escolha livre. Se sou contra, não faço. Se minha vizinha for a favor, ela faz".

Agora, substitua a palavra "aborto" pela palavra "homicídio", como fica o argumento? Fica assim: "A legalização do homicídio permite a escolha livre. Se sou contra, não faço. Se minha vizinha for a favor, ela faz".

Quem é a favor do aborto não o é por razões "técnicas", mas por "gosto" ideológico.

segunda-feira, novembro 15, 2010

As pistas da personalidade

Não existe habilidade mais importante do que a de se relacionar com outras pessoas. Pode-se ter tudo, em termos materiais, mas sem essa habilidade em especial, estamos fadados à ruína. Naturalmente, o bem relacionar-se com outros implica também o saber lidar consigo mesmo, o que é menos óbvio. É muito fácil que nos iludamos a nosso próprio respeito, e não raro isso contamina a forma de lidar com os demais. Mas isso é assunto para divagações mais longas. Por ora, quero apenas compartilhar com vocês o artigo abaixo, com dicas para se observar melhor as pessoas com quem lidamos -- "lê-las" como um psiquiatra ou psicanalista faria. Embora eu não ponha a mão no fogo por todas as recomendações -- convém sempre um mínimo de cautela com essas coisas --, a grande maioria parece fazer muito sentido.

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Think Like a Shrink