sábado, agosto 08, 2009

Coelhinhas

Visitando o Arts and Letters Daily, deparei-me com uma resenha curiosa sobre a autobiografia de uma ex-"namorada" do legendário Hugh Hefner, o fundador da Playboy. Essas moças são fáceis de ver na TV americana, existe até um programa de que participam. A mim, elas parecem clones: lábios cheios, cabelos louros oxigenados, seios grandes, pernas finas -- espécie de versão cachorra da Barbie. Nunca me passou pela cabeça que uma delas poderia escrever um livro de memórias, mas, como a realidade sempre surpreende, eis que me deparo com o próprio. Admito que fiquei curioso. Afinal, além da prostituição pura e simples que me vem imediatamente à cabeça quando vejo um octogenário de roupão desfilando com sete mulheres jovens, como é a vida em um harém à moda ocidental? O que é mito e o que é verdade?

Naturalmente, não se trata de uma história das mais bonitas. A autora, que era estudante de Direito quando foi convidada a entrar para o grupo, se diz o seu "cérebro simbólico", uma "nerd" por trás da aparência de objeto sexual voluntário. O tom com que fala de Hefner parece ser muito crítico, o que também não chega a surpreender. Trata-se do relato de uma pessoa que alugou a si mesma em troca de uma mesada semana de US$ 1.000, carros exuberantes, roupas à vontade, plásticas gratuitas etc., sexo muito raro (octogenário + sete namoradas = alguma surpresa?) e, agora, projeção editorial. O que eu me pergunto, no entanto, e é o que me faria ler o livro, como essa situação é abordada no dia-a-dia. Por exemplo, como o harém vê a si mesmo? Há algum questionamento moral? Na visão dessas mulheres, há alguma diferença entre o que fazem e o trabalho das scort girls tradicionais? Há algum estigma social ou até isso é glamourizado?

São curiosidades frívolas, admito. Há não muito tempo, comprei em um sebo um livro chamado Model, de Michael Gross, sobre os bastidores das grandes agências de modelos. O livro promete uma história cheia de detalhes sórdidos, mas não li até agora mais que três parágrafos. Considerando minhas atividades e meu apetite bibliográfico por temas mais nobres, é bem possível que jamais o leia. Mas quem sabe?