segunda-feira, junho 25, 2007
O cinema de todos nós
Abaixo, reproduzo quase integralmente a resposta que deixei na caixa de comentários dele. E vocês, meus caros sete leitores, quais são as suas cenas memoráveis?
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1 - A dança entre o protagonista embasbacado e a vampira em "A Hora do Espanto 2" (talvez a cena mais sensual que já vi em toda minha vida).
2 - O Sr. Miyagi e Daniel-san treinando na praia ao entardecer, em Karate Kid.
3 - "Luke, eu sou seu pai."
4 - Qualquer cena do Escuridão em "A Lenda".
5 - A abertura do mar (não, senhores, não era o Vermelho) em "Os Dez Mandamentos".
E isso porque eu não citei "Fúria de Titãs", "As 7 Faces do Dr. Lao", "Drácula", "O Senhor dos Anéis" (ah, aquele prólogo...) e outros tantos dignos de menção.
Gótico...
Começando uma semana fria e enevoada com novos objetos de desejo e um fundo musical apropriado, refestelado em arquétipos sombrios e deliciosos.
sexta-feira, junho 22, 2007
O tempero da temperança
Divagação de utilidade pública
Carreiras
22/06/2007
Ih! deu branco
A situação começa a ficar desesperadora depois que você descobre não se tratar apenas do desaparecimento de uma ou outra palavra que deveria corporificar de maneira adequada o pensamento. Você percebe que a falha é muito mais grave, pois o que sumiu na verdade foi toda a seqüência do raciocínio.
Entre o momento do branco e a descoberta de que você ficou sem saber por onde seguir na apresentação transcorrem apenas alguns poucos segundos, mas na sua cabeça a impressão é de que foram longos e intermináveis minutos.
Esse é um cenário muito apropriado para o aparecimento do medo. Afinal, todas as condições indicam que, se a situação persistir, a sua imagem como orador poderá ser prejudicada. Por isso é natural que ocorra uma descarga de adrenalina no organismo e que a partir daí o descontrole se generalize.
Um dos erros mais graves que se pode cometer para tentar afastar o branco é o de insistir sem nenhum critério para reencontrar a linha de pensamento. A experiência mostra que, quanto mais se insiste, mais o pensamento tenderá a escapar.
Ah, se fosse possível fugir e não ter de passar por esse sofrimento. Como seria bom se aparecesse um buraco no chão e pudesse desaparecer da frente dos ouvintes. Melhor ainda seria acordar e se dar conta de que tudo não passou de um pesadelo.
Se você já teve um branco ao falar em público, sabe exatamente o que eu estou dizendo. Se você nunca foi apanhado por ele, tem consciência de que precisa se cuidar, pois todos nós estamos sujeitos a passar por essa situação diante da platéia.
Essa é uma preocupação não só de quem se inicia na arte de falar em público, mas também daqueles já experimentados em freqüentar tribunas. Quase todas as semanas alguém me diz: "Polito, tenho medo de que me dê um branco".
Se você seguir as sugestões que vou passar a partir deste momento, terá à disposição um conjunto de recursos para se proteger do branco.
Esteja muito bem preparado
Embora o preparo nem sempre seja suficiente para impedir o aparecimento do branco, as chances de que ele ocorra se ampliam ainda mais se você não se preparar de maneira conveniente. Por isso não se arrisque.
Não se limite a uma preparação apenas superficial. Saiba que passar os olhos duas ou três vezes no texto que irá expor, provavelmente, não será suficiente para que se sinta seguro e em condições de falar.
Não seja negligente. Cuide da sua preparação o máximo que puder. Use todo o tempo que tiver à disposição. Se puder contar com uma semana para se preparar, prepare-se durante toda a semana. Se tiver um mês, prepare-se durante todo o mês. Enfim, quanto mais preparado estiver, maior será o seu domínio sobre o tema, mais organizada será a seqüência do raciocínio e, conseqüentemente, menores serão as chances de que ocorra o branco.
Uma boa estratégia de preparação é a de ensaiar o discurso de maneiras diferentes, alterando as palavras, modificando a ordem das etapas e dos tópicos. Procure alternar o treinamento com e sem o apoio de recursos visuais. Esse procedimento permitirá que promova as adaptações que julgar convenientes diante dos ouvintes, no momento da apresentação.
Estou fazendo essa sugestão porque se você se submeter a uma única forma de treinamento e durante a apresentação não se lembrar de uma ou outra informação importante, ficará limitado para encontrar alternativas que o ajudem a superar o problema.
São inúmeros os exemplos de pessoas das mais diferentes formações dizendo-se abaladas por causa da desagradável experiência de terem enfrentado um branco quando era importante que se saíssem bem na apresentação.
O problema de algumas delas foi tão grave que chegou a prejudicar sua imagem profissional.
Não permita que o mesmo ocorra com você. Prepare-se bastante. E, quando achar que já está pronto, volte a se preparar ainda mais.
Leve um roteiro como apoio
Não haverá nenhum mal se você resolver levar um roteiro escrito como apoio para ter mais segurança na apresentação. Você poderá contar com o auxílio do roteiro sempre que desejar, mas recorra a esse apoio especialmente quando se sentir desconfortável, imaginando que pelo nervosismo poderá ter um branco.
Prepare o roteiro de tal forma que possa se sentir à vontade para manuseá-lo diante do público. Uma recomendação que dá bons resultados é escrever frases que possam ajudá-lo a seguir a seqüência da exposição. Inclua também no roteiro os números, as datas e as cifras que precisam ser mencionados.
Você se sentirá mais amparado com o uso de um roteiro. Provavelmente o fato de saber que, se não se lembrar de alguma informação poderá recorrer ao recurso de apoio, vai deixá-lo mais seguro. E é quase certo que nunca precise recorrer a ele, pois essa confiança permitirá que se lembre de todos os dados de que precisar.
Como agir na hora do branco
Até aqui eu me preocupei em orientá-lo como agir para evitar o branco. Agora vou dar algumas dicas de como proceder se for surpreendido por ele.
O maior e mais importante de todos os conselhos que eu poderia dar é que procure não perder a calma e muito menos se desesperar se der o branco -por maior que seja a dificuldade para agir assim.
Tenha em mente que, se ficar desesperado, perderá o controle da situação e agravará ainda mais o problema. Se você for dominado pelo desespero, mais irá se pressionar e menores serão as chances de se safar dessa verdadeira armadilha que armará para você mesmo. Por isso, quanto mais puder manter a calma, maiores serão as possibilidades de sucesso.
Há pouco, eu disse que um dos erros mais graves para quem é apanhado pelo branco é o de ficar insistindo para encontrar a informação que perdeu. Por isso, não insista. Se tiver um branco insista apenas uma vez para tentar se lembrar da informação.
Se não for possível recuperá-la na primeira tentativa, veja se consegue repetir a última frase que pronunciou, como se estivesse querendo dar ênfase àquela parte da mensagem -às vezes dá certo e ao chegar ao ponto em que deu branco a informação poderá surgir naturalmente.
Bem, se esse recurso não der certo, recorra à expressão que dá excelentes resultados, o melhor remédio contra o branco. Diga: "na verdade, o que eu quero dizer é..." Essa expressão o obrigará a recontar a informação por um novo ângulo, e o pensamento se ajustará para continuar com a seqüência planejada. Funciona mesmo, pode usar que dá resultado.
Se mesmo assim esse remédio que estou dizendo que é infalível fracassar, comente com os ouvintes que mais à frente voltará a abordar esse ponto da apresentação e passe imediatamente para o tópico seguinte. Dessa forma, tendo saído da pressão do momento e com mais tranqüilidade, ao longo da apresentação você terá melhores condições de se lembrar do que havia esquecido. Ainda que não consiga se lembrar da informação, é pouco provável que alguém se manifeste pedindo que volte a falar daquele tópico.
Você também poderá contar com o auxílio de um ponto eletrônico. Com esse aparelho imperceptível no ouvido e com a ajuda de uma pessoa bem treinada para passar informações, você estará ainda mais protegido contra o branco.
SUPERDICAS DA SEMANA | |||||||
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Reinaldo Polito
quinta-feira, junho 21, 2007
Um holocausto sifilítico
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Hitler pode ter lançado holocausto 'por ter pegado sífilis de prostituta judia'
Para psiquiatra, sífilis marcou personalidade de Hitler desde cedo |
A possibilidade foi apontada pelo psiquiatra Bassem Habeeb, em um artigo acadêmico que circulou entre o público de especialistas no encontro mundial do Royal College of Psychiatrists, em Edimburgo.
Segundo Habeeb, a doença teria sido transmitida a Hitler depois que ele manteve relações sexuais com uma prostituta judia, em 1908.
À época uma doença incurável, a enfermidade pode levar à loucura, mudanças bruscas de humor e paranóia.
"Se a vida de Hitler for analisada pelas lentes de um diagnóstico de sífilis, uma pista leva a outra, até emergir um padrão de infecção progressiva de uma doença que pode ter definido Hitler desde sua juventude", disse o psiquiatra.
'Doença de judeu'
Habeeb acrescentou que, embora não se possa afirmar com certeza, existem "amplas evidências" de que o líder nazista, que procurou eliminar a raça judia através do Holocausto, era portador de sífilis.
Anotações do diário do médico de Hitler, Theo Morrell, indicaram que o paciente sofria de crises gástricas (de estômago), lesões de pele, mal de Parkinson e mudanças bruscas de humor - sintomas de sífilis, observou o Dr. Habeeb.
O líder alemão dedicou páginas à doença em seu livro 'Mein Kampf' |
Ele disse que Hitler tinha ainda "sintomas de comportamento criminoso, paranóia e mania de grandeza", que poderiam ser interpretados como indicadores de neurosífilis, ou seja, da doença em seu estado avançado.
Em seu livro, Mein Kampf (Minha Luta), Hitler dedica uma dezena de páginas à sífilis, afirmando que a eliminação da "doença de judeus" deveria ser "uma tarefa de toda a nação alemã".
Historiadores e médicos já haviam apontado a possibilidade de que o líder alemão tivesse sífilis.
Mas, segundo o Dr. Habeeb, ninguém tinha ainda percorrido os sintomas até encontrar uma ligação entre o estágio avançado da doença e os traços da personalidade de Hitler que acabaram influindo no desenvolvimento do Holocausto.
O Dr. Habeeb, do Hollins Park Hospital, em Warrington, no norte da Inglaterra, já conduziu outras pesquisas semelhantes a respeito de líderes mundiais.
Em uma delas, ele especulou sobre o grau de influência que possíveis demências avançadas haveriam tido em personalidades políticas mundiais, como o líder soviético Stálin, o ex-presidente americano Woodrow Wilson, e o ex-primeiro-ministro britânico Ramsay MacDonald.
quarta-feira, junho 20, 2007
Uma excelente notícia
http://www.comunique-se.com.br/
Da Redação
Todo o conteúdo do Roda Viva estará disponível num site em menos de um ano. A TV Cultura, junto com a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), começou a disponibilizar os conteúdos dos 21 anos de entrevistas do programa no seguinte endereço: http://www2.fapesp.br/rodaviva/
Embora a assessoria da Fapesp tenha afirmado que o endereço ainda não é definitivo, o editor do Roda Viva, Hélio Soares, confirmou que o acesso nesta "URL está sendo liberada aos poucos. O site já está no ar e em breve funcionará 100%", contou o editor. Por enquanto, há 16 entrevistas postadas. Em cada semana, serão acrescentadas 20 e, em menos de um ano, todas as entrevistas de quase mil personalidades poderão ser acessadas por pesquisadores, estudantes e o público em geral.
"Hoje tem muito telespectador que manda e-mail pedindo as entrevistas e o que podemos fazer é apenas sugerir que comprem os DVDs da Cultura. Mas, por ser uma TV pública, em breve poderemos oferecer todo o conteúdo, gratuitamente, através do site" diz Soares.
Ainda segundo ele, a iniciativa partiu de Paulo Markun, diretor-presidente da emissora, quando ele estava organizando a série de livros "O Melhor do Roda Viva" em comemoração ao aniversário de 18 anos do programa. Além das entrevistas transcritas, no "Portal Roda Viva" haverá também alguns trechos em vídeo das entrevistas de maior destaque.
"Pelo Roda Viva passaram grandes personalidades do país e internacionais. Boa parte do pensamento intelectual estará disponível para todo mundo. Se alguém quiser saber o que um entrevistado disse sobre aquecimento global em 1986, por exemplo, ele poderá digitar isso na busca e ler tudo. Será um serviço muito importante", concluiu Soares.
domingo, junho 17, 2007
sexta-feira, junho 15, 2007
Meditação para uma linda tarde solitária
quinta-feira, junho 14, 2007
Uma quinta-feira no Brasil
É quase proverbial a sensação deprimente que às vezes se tem ao ler as principais notícias do dia. Não me recordo de já tê-la experimentado antes, mas hoje aconteceu. Uma folheada por O GLOBO bastou para que me acometesse aquela aflitiva idéia de que o Brasil "não tem mais jeito": o STF sempre criando jurisprudência para minar boas leis, políticos sempre conquistando facilidades até para quando são processados, um presidente do Senado inocentado a priori sem qualquer investigação. Isso para não falar de mais um atentado no Líbano contra um parlamentar contrário à perniciosa ascendência síria, ou ainda dos eternos tiroteios entre gangues políticas nos territórios palestinos. A única notícia boa de que me recordo é que a idéia de eleições com listas fechadas foi rejeitada -- e nem tenho certeza de que isso é tão bom assim.
Por senso de dever e força da profissão, tenho de me manter atualizado quanto ao mundo em que vivemos. Devo confessar, contudo, que, depois de algum tempo fazendo isso, é tentador identificar certos padrões no noticiário, e então ele começa a perder o interesse. Num oceano de informações cambiantes, efêmeras, vêm-me à cabeça as doutrinas que falam no Absoluto, no Imutável, raiz de todas as coisas e consolo de todos os seres e eras. Penso em Buda, placidamente meditando sob uma árvore, imune às conturbações deste mundo de dor e ilusão. Existem ocasiões em que é justamente sobre isso que fantasio -- um santuário interior dedicado ao que realmente importa, no qual a instabilidade permanente do mundo silenciasse e o tempo cessasse sua trajetória, ao menos por um breve período. Uma pausa cósmica para me dedicar às coisas verdadeiramente essenciais.
Devo estar precisando de férias.
quarta-feira, junho 13, 2007
A busca masculina
Aos namorados, maridos, pretendentes e solteiros, satisfeitos ou não, deixo a divagação do nobre jornalista .
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Mulher, procura-se.
Joaquim Ferreira dos Santos, O GLOBO de 11/6/2007.
Homens pedem a palavra: também estão sozinhos
segunda-feira, junho 11, 2007
Sinto um abalo na Força...
Nostálgicos dos anos 80 de todo o mundo, preparai-vos: foi anunciado um filme dos Thundercats!
Hoooooooooooooooooooooooo!!!!!
Lazeres outonais
Gosto mais, confesso, do King contista do que do romancista. Não, estou sendo injusto com o autor: a questão é que o próprio formato do conto me agrada mais, especialmente no gênero sobrenatural ou fantástico. O bom e velho Stephen, que quase morreu há poucos anos ao ser atropelado, já concebeu maravilhas como Jersusalem's Lot, que provavelmente merece um lugar de honra na história do gênero de terror ao lado dos contos consagrados de Lovecraft e Poe. A narrativa confessional em primeira pessoa, o ritmo de diário... Coisas que poderiam ser cansativas em um romance se tornam o tempero principal no conto. Considerando que King gasta dezenas, até uma centena de páginas, em seus romances descrevendo o cotidiano dos personagens (boa parte deles, pessoas absolutamente convencionais), o conto o força a demonstrar uma agilidade muito eficiente. Para quem gosta de histórias sombrias (não necessariamente sobrenaturais), Tripulação de Esqueletos é uma boa sugestão.
Roma está acabando. O penúltimo episódio passou há pouco, e parecia haver ganhos para toda uma temporada adicional. Suspeito que seja mais uma série maravilhosa encerrada às pressas, mas vou manter a esperança até o "gran finale" do próximo domingo. Até agora, ela tem valido cada minuto.
Ainda falando em seriados inteligentes, uma sugestão enfática: vejam House, toda quinta-feira no Universal Channel, às 23h, ou, com sorte, na sua locadora mais próxima. Nada como um protagonista memorável nas mãos de um ator brilhante.
Sei que esses toques humorísticos são deliberados em matérias de fim de semana, e sei também que esse é o tipo de assunto quase obrigatório nas pautas jornalísticas. Uma espécie de reconhecimento ritual de uma data importante. Ainda assim, não pude evitar o pensamento de que talvez algumas pessoas estejam levando Sex and the City a sério demais.
sexta-feira, junho 08, 2007
Verde até no sangue
Homem tem sangramento esverdeado no Canadá
O sangue do personagem Spock era esverdeado devido ao cobre |
O homem de 42 anos estava passando por uma cirurgia na perna e a cor de seu sangue era semelhante à do personagem alienígena Spock da série Jornada nas Estrelas.
A cor escura e esverdeada de seu sangue foi causada por medicamentos para enxaqueca que ele estava tomando.
A cirurgia prosseguiu com sucesso e o sangue voltou à cor normal quando o homem diminuiu a quantidade de remédios.
Hemoglobina
O paciente estava tomando grandes doses de sumatriptan - 200 miligramas por dia.
O consumo deste medicamento causou um problema raro chamado sulfahemoglobinemia, quando o enxofre é incorporado à hemoglobina - que leva o oxigênio - nas células vermelhas do sangue.
Descrevendo o caso à revista The Lancet, a equipe liderada pela médica Alana Flexman, do Hospital St. Paul de Vancouver, escreveu que "o paciente se recuperou sem problemas e parou de tomar sumatriptan depois de ser liberado".
"Quando consultado cinco semanas depois da última dose, descobrimos que ele não tinha sulfahemoglobina em seu sangue", acrescentou.
O paciente precisou de uma cirurgia de urgência, pois tinha desenvolvido um problema sério nas pernas depois de adormecer sentado.
Os médicos fizeram um procedimento para salvar os membros chamado fasciotomia, que envolve fazer incisões cirúrgicas para aliviar a pressão e inchaço causado pela condição apresentada pelo paciente - síndrome de compartimento.
Na síndrome de compartimento, o inchaço e a pressão em um espaço restrito limitam o fluxo do sangue e causam danos localizados aos tecidos e nervos.
Geralmente, o problema é causado por trauma, hemorragia interna ou por curativos ou gesso apertados demais.Uma analogia ociosa
Mas a vantagem de não se estar preso no Hades é que sempre se pode largar a pedra de punição e comemorar o feriado consolador ao lado do bom e velho Dionísio.
segunda-feira, junho 04, 2007
Eles têm sentimentos?
Da Época desta semana.
Solidariedade entre elefantes e tristeza dos gorilas. Um novo consenso entre cientistas sugere que os bichos têm emoções como os humanos
Por Luciana Vicária
AMOR OU AMIZADE? Elefantes em riacho na África. Biólogos observaram sinais de solidariedade na manada |
Nas savanas da áfrica, a bióloga Joyce Poole, do Quênia, teve a certeza de que animais têm sentimentos. Ela observava uma manada de elefantes caminhar em direção a um riacho. O grupo estava mais lento por causa de Babyl, uma fêmea machucada. De tempos em tempos, o líder da manada parava, olhava para trás e procurava Babyl. Quando não a via, dava uma espécie de sinal com a tromba para que todos a esperassem. Já no riacho, um dos elefantes buscou comida e alimentou a amiga debilitada. Outro evento atípico foi relatado pela bióloga Elizabeth Webb. Ela presenciou a morte por velhice de uma fêmea de gorila chamada Ilana Boone, aos 27 anos. No mesmo dia, Bridger, o antigo e fiel companheiro de Ilana, deitou-se ao lado do corpo dela e morreu. A causa da morte de Bridger não foi detectada em exames de laboratório. Um grupo de gorilas rodeou os corpos e permaneceu ali durante dois dias, como se estivessem todos em vigília.
Para os estudiosos do comportamento animal, não existe, aparentemente, vantagem imediata para o bando de elefantes que explique o cuidado com Babyl. A fêmea doente, em princípio, deixava a manada mais vulnerável aos predadores. Também não há razões instintivas que expliquem a atitude dos gorilas diante da morte. Na opinião dos biólogos que relatam as cenas, os gorilas simplesmente ficam tristes, e os elefantes sentem empatia por membros do grupo. Nos últimos dois anos, os principais centros de pesquisa em comportamento animal passaram a concordar que os animais não realizam tarefas cumprindo apenas um roteiro instintivo de preservação da espécie. De acordo com o etnólogo americano Jonathan Balcombe, autor de Reino do Prazer: os Animais e a Natureza de se Sentir bem, as emoções podem gerar vantagens evolutivas. Assim como o medo pode ajudar os animais a evitar o perigo, outras emoções também teriam utilidade.
Os cientistas que acreditam na emoção dos outros mamíferos (além dos s humanos) alegam que as pesquisas recentes apontam cada vez mais semelhanças entre a estrutura cerebral das diversas espécies. Um grupo de células do cérebro é associado à empatia e à emoção social. São chamadas de neurônios-espelhos. Elas também foram encontradas entre chimpanzés.
O neurobiologista americano Jack Panksepp, da Universidade Estadual de Bowling Green, mostrou que pessoas que sofrem por se sentir socialmente excluídas têm seu sistema límbico estimulado. É a mesma região do cérebro ativada em porquinhos-da-índia separados da mãe após o nascimento. Outra descoberta recente mostra que algumas células especializadas do cérebro humano, aparentemente associadas à empatia e à intuição, chamadas fusiformes, também estão presentes em baleias.
As emoções dos animais podem conferir vantagens evolutivas para as espécies, suspeitam os cientistas |
Não basta uma espécie ter as mesmas estruturas cerebrais que os humanos para sentir como nós. É o modo como as células e regiões do cérebro funcionam que provoca as emoções. Ainda falta verificar se essas células cerebrais agem da mesma forma na cabeça dos bichos. “Os estudos abriram uma nova janela de compreensão, mas nada é conclusivo até agora”, diz Panksepp, que estudou porquinhos-da-índia. “A polêmica se inicia justamente na interpretação da literatura científica.”
Para começar, ainda não há consenso sobre o que é emoção e o que é sentimento. O neurocientista António Damásio, da Universidade de Iowa, é autor da teoria de comportamento animal mais aceita entre os cientistas. Na visão dele, os animais se emocionam, mas não têm sentimentos. Os animais teriam emoções primárias como medo, raiva, repulsa, alegria e tristeza. Essas emoções são respostas físicas quase instintivas do corpo a determinados estímulos. O segundo nível de emoções seriam as sociais, como simpatia, constrangimento, vergonha, orgulho e inveja. Essas emoções ajudariam os bichos a conviver em grupo. “Gorilas ficam arrogantes para ganhar o respeito do grupo e cães dão sinais de constrangimento quando levam bronca de seus donos”, afirma. O nível mais alto da emoção, para Damásio, seriam os sentimentos, que surgiriam a partir da reflexão e da consciência. “Não só ficamos alegres como temos a consciência de que estamos alegres. Isso não ocorre em animais.”
CENA FAMILIAR Gorila brinca com o filhote. Pesquisadores relatam casos de forte ligação afetiva em alguns casais da espécie |
O primeiro cientista a propor que os animais se emocionam foi o naturalista britânico Charles Darwin. Em A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais (1872), ele relata as semelhanças entre atitudes humanas e de outros animais. No século passado, no entanto, consagrou-se a idéia de que os bichos têm padrões de comportamento instintivos rígidos e que, por isso, seriam desprovidos de emoção. O assunto só voltou ao debate recentemente com a apresentação de novos estudos científicos.
Pessoas que atribuem características humanas a outros animais, sem provas científicas, são chamadas de antropomorfistas. “As pessoas me acusam desse palavrão quando eu digo que um animal está triste no zoológico”, diz o biólogo Marc Bekoff, da Universidade do Colorado. “No fundo, elas querem me convencer que o animal está feliz ali. Elas próprias usam argumentos antropomórficos.” Independentemente da motivação, enxergar sentimentos nos animais está estimulando a investigação científica. “Para mim, acreditar que os animais se emocionam é apenas uma motivação para minhas pesquisas, como outras tantas que movem os cientistas”, diz o psicólogo Marc Hauser, da Universidade Harvard.