Um lembrete para os tolos que insistem em louvar o Chile de Pinochet como um modelo para os demais países latino-americanos.
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O GLOBO, 10/11/2004 -
Lagos recebe relatório sobre capítulo obscuro da História do Chile
EFE
SANTIAGO - O presidente chileno, Ricardo Lagos, recebeu nesta quarta-feira um relatório que revela uma das faces mais obscuras da ditadura de Augusto Pinochet e presta dolorosa conta com os torturados pelo regime militar, que agora deixam de ser anônimos.
- Este é um passo histórico. Creio que hoje estamos de verdade vivendo um momento transcendente, são 31 anos em que este crime não foi reconhecido - disse a vice-presidente da Associação de Familiares de Detidos Desaparecidos (AFDD), Mireya García.
Os oito membros da comissão liderada pelo bispo Sergio Valech entregaram a Lagos a compilação de testemunhos de 35 mil pessoas que sofreram nas mãos da ditadura que governou o Chile de 1973 a 1990, entre eles a própria Mireya García.
- Não existiam registros, nem tivemos rosto, nome ou história. Hoje já não somos anônimos, somos pessoas reconhecidas em um informe oficial e isso tem uma transcendência enorme tanto para as pessoas quanto para o país - afirmou a torturada.
Após a reunião com o presidente no Palácio La Moneda, em Santiago, Valech afirmou:
- Trabalhamos com o ontem, onde encontramos um mundo do qual já se havia esquecido, e cremos que o amanhã diz respeito a todos os chilenos.
O documento será analisado por Lagos, que em três semanas tornará público o seu conteúdo e deverá anunciar uma série de medidas de reparação, "para construir uma pátria de unidade, paz e progresso para todos", disse o bispo.
A comissão iniciou seu trabalhos em 11 de novembro de 2003, depois da divulgação do documento de Lagos intitulado "Não há amanhã sem ontem", e recorreu a relatos desde Arica (Norte) a Punta Arenas (Sul), em 110 localidades do Chile.
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