segunda-feira, agosto 28, 2006

Fome

Há dias em que tudo que se quer é um poema, se não próprio, de outrem; se não escrito, pensado; se não composto, sentido. É uma fome pungente, ansiosa como todos os apetites, mas que vem do peito que carece, dos olhos que querem ver além da luz, do ouvido que exige ritmo, da mente que clama por uma metáfora e um trocadilho. Fome ingrata, que não se contenta com qualquer coisa mas também não diz bem o que quer; só sabe o que a satisfaz quando o vê diante de si. Até lá, que procura! Compulsam-se versos, correm-se estrofes, palavras sem fim em busca do mistério de uma harmonia!

E para quê? Como se sacia essa fome? Sei apenas que ela dá e passa, mas quando passa, que falta me faz...

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Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
...Sempre...
...A se olharem...
Pensar talvez:
“Paralelos que se encontram no infinito...”
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.

Pablo Neruda

2 comentários:

Anônimo disse...

Há dias...
Hoje foi uma procura de músicas, poesias... e palavras minhas para ajudar a pensar... por vezes se pensa melhor ao estar cansado dos olhos, do corpo... a alma precisa de um pouco de liberdade...

Anônimo disse...

dos sentidos.