- Escolha um parceiro sabiamente. Somos atraídos pelas pessoas por todo tipo de razões. Elas nos lembram de alguém do nosso passado. Elas nos cobrem de presentes e nos fazem sentir importantes. Avalie um potencial parceiro como faria com um amigo; veja o seu caráter, personalidade, valores, generosidade de espírito, e a relação entre suas palavras e ações, bem como seus relacionamentos com as outras pessoas.
- Conheça as crenças de seu parceiro a respeito de relacionamentos. Pessoas diferentes têm crenças diferentes e contraditórias sobre o assunto. Você não vai querer se apaixonar por alguém que espera muita desonestidade nas relações em que se envolve; ele(a) vai criá-la onde ela não existe.
- Conheça suas próprias necessidades e mostre-as claramente. Um relacionamento não é um jogo de adivinhação. Muitas pessoas, homens e mulheres, têm medo de enunciar suas necessidades e, como resultado, camuflam-nos. O resultado é a decepção por não conseguir o que desejam e a raiva por o parceiro não atendido às suas necessidades (não declaradas). A intimidade não pode acontecer sem honestidade. O seu parceiro não lê pensamentos.
segunda-feira, novembro 22, 2010
"As regras do amor"
terça-feira, novembro 16, 2010
"Sou contra o aborto e sou intelectual, PhD. Vai encarar?"
por Luiz Felipe Pondé para a Folha
Sou contra o aborto. Não preciso de religião para viver, não acredito em Papai Noel, sou da elite intelectual, sou PhD, pós-doc., falo línguas estrangeiras, escrevo livros "cabeça" e não tenho medo de cara feia.
Prefiro pensar que a vida pertence a Deus. Já vejo a baba escorrer pelo canto da boca do "habitué" de jantares inteligentes, mas detenha seu "apetite" porque não sou uma presa fácil.
Lembre-se: não sou um beato bobo e o niilismo é meu irmão gêmeo. Temo que você seja mais beato do que eu. Mas não se deve discutir teologia em jantares inteligentes, seria como jogar pérolas aos porcos.
Esse mesmo "habitué" que grita a favor do aborto chora por foquinhas fofinhas, estranha inversão...
Não preciso de argumentos teológicos para ser contra o aborto. Sou contra o aborto porque acho que o feto é uma criança. A prova de que meu argumento é sólido é que os que são a favor do aborto trabalham duro para desumanizar o feto humano e fazer com que não o vejamos como bebês. E não quero uma definição "científica" do início da vida porque, assim que a tivermos, compraremos cremes antirrugas "babyskin" com cartão Visa.
Agora o tema é o "retorno" do aborto. O aborto entrou na moda neste segundo turno. É claro que esse retorno é retórico. Desde Platão, sabe-se que a democracia é um regime para sofistas e retóricos.
A relação entre democracia e marketing já era sabida como essencial desde a Grécia Antiga. Por que o espanto quando os candidatos, sabendo que grande parte da população brasileira é contra o aborto (talvez por razões religiosas vagas, talvez por "afeto moral" vago), se lançam numa batalha pelo espólio do "direito à vida"?
O marketing é uma invenção contemporânea, mas a necessidade dele é intrínseca a qualquer técnica que passe pelo convencimento de uma maioria, desde a mais tenra assembleia de neandertais.
A democracia é, na sua face sombria, um regime da mentira de massa. Quando essa mentira de massa é contra nós, reclamamos.
Não há nada de evidentemente justo em termos morais ou de moralmente "avançado" na legalização do aborto. O que há de evidente em termos morais é a desumanização do feto como processo retórico (exemplo: "Feto não é gente") e a defesa de uma forma avançada de "safe sex": "Quero transar com a "reserva de comportamento legal" a meu favor. Se algo der errado, lavo".
E não me venham com "questão de saúde pública". Esgoto é questão de saúde pública. A defesa do aborto nessas bases é apenas porque o aborto legal é mais barato. Resumindo: "Safe sex, cheap babies". E não me digam que o feto "é da mulher". O feto "é dele mesmo". E não me digam que "todo o mundo avançado já legalizou o aborto", porque esse argumento só serve para quem "ama a moda" e teme a solidão.
Não pretendo desqualificar a angústia de quem vive esse drama. Longe de mim! Mas em vez de gastarmos tanta "energia social" na defesa do aborto, por que não usarmos essa energia para recebermos essas crianças indesejadas?
Vem-me à mente dois exemplos, aparentemente de campos "opostos".
Deveríamos aprender com a Igreja Católica e seu esforço de criar redes de recepção dessas crianças, aparando as mães em agonia e seus futuros filhos à beira da morte.
Por outro lado, são tantos os casais gays masculinos (os femininos sofrem menos porque dispõem de "útero próprio") que querem adotar crianças e continuamos a julgá-los, equivocadamente, penso eu, incapazes do exercício do amor familiar.
Sou contra a legalização do aborto porque o considero um homicídio. Muita gente não entende essa implicação lógica quando supõe que seriam razoáveis argumentos como: "A legalização do aborto permite a escolha livre. Se sou contra, não faço. Se minha vizinha for a favor, ela faz".
Agora, substitua a palavra "aborto" pela palavra "homicídio", como fica o argumento? Fica assim: "A legalização do homicídio permite a escolha livre. Se sou contra, não faço. Se minha vizinha for a favor, ela faz".
Quem é a favor do aborto não o é por razões "técnicas", mas por "gosto" ideológico.
segunda-feira, novembro 15, 2010
As pistas da personalidade
Think Like a Shrink

I have always thought it horribly unfortunate that there is such a tremendous gap between psychiatry and popular culture. Psychiatrists are regularly vilified in entertainment, media, and common thought, and our patients are regularly stigmatized. Indeed, I've yet to see a single movie that accurately portrays what we do. From Silence of the Lambs to The Prince of Tides, we shrinks have a reputation as crazy unbalanced people who can read people's minds. Even the hit comedy The Santa Clause made us out to be bimbos.
To some degree, we've gotten just what we deserve. We've allowed ourselves to become, in the public mind at least, mere pill-pushers and to have our uncommon sense dismissed as having zero significance—when, in fact, it applies to every moment of every person's life. It is our failure to educate our patients and the general public about the deeper principles of human functioning that have left us so isolated from our communities.
Most patients come to psychiatrists because they recognize that, to some degree, their perceptions contain some distortions. These are usually defensive. For example, a 40-year-old woman may begin her first session with a psychiatrist complaining of a "biological depression" and demanding Prozac. By the end of the hour, however, she may acknowledge that her husband's 10-year refusal to have sex may have as much to do with her unhappy mood.
In my practice, I've engaged in a kind of educational psychotherapy, explaining simply to patients what they are doing and why they are doing it. The result has been not only remarkably effective but catalytic in speeding up the process of psychotherapy The same approach can help the general public delve beneath social images and better understand the deeper struggles of the people around them, and of themselves as well.
Ideas and principles can be introduced directly without the jargon psychiatrists normally hide behind in professional discussions. Doing this in a compassionate and empathic way could lead to a broadening of the vocabulary of the general public and bring about a wider acceptance of certain basic psychological truths.
The core of what we do as psychotherapists is strip away people's protective strategies. If you understand these defensive strategies and the core issues people tend to defend themselves against, you can see through people and, to a lesser extent, yourself.
Here, then, are some general principles to help you think like a shrink. Master them and you will—in some cases dramatically—increase your understanding of the world around you. You can see through people. You can read their minds.
1. If you want to know how emotionally healthy someone is, look only at their intimate relationships.
Good-looking, athletic, charismatic, confident, rich, or intelligent people are not always emotionally healthy. For example, chronologically, they may be adults, but emotionally, they may be two-year-olds. You will not really be able to make any kind of accurate, in-depth assessment of people until you learn to distinguish their superficial physical qualities from meaningful emotional ones.
There are at least three key things you want to know:
o Most importantly, how long-lived and committed are their current intimate relationships?
o Secondly, how much negative conflict do they experience in their work environments and how long have they held their current jobs?
o Finally, what was theft childhood experience like in their family of origin? Or, in plain English, did they get along with their family?
2. How you feel about yourself (your self-esteem) is significantly determined by how nurturing your mother, father, and siblings were to you when you were growing up—especially your mother, though it is not politically correct to say so.
It is not that mothers are to blame for all of a patient's problems. It is simply that stable healthy mothering is a strong buffer against a tremendous amount of pathology.
3. How you relate to intimate people is always based on how you related to your family when you were growing up.
Basically, we all keep our families with us forever. We keep them in our heads. For the rest of our lives, we will have tendencies to either take on the roles of our childhood selves or those of our parents.
Examine carefully your relationships with your family. It will tell you a lot about who you are.
4. We all play to a hidden audience—Mom and Dad—inside our 'heads.
You often see people do strange things in their interpersonal interactions. "Where did that come from?" you often ask. It came from a hidden screenplay that was written in that person's head.
Ostensibly, he's reacting to you, but in his head, he's reacting to his mother. In fact, the less he remembers of his childhood, the more he is going to act out with you.
This leads nicely to...
5. People who say they "don't remember" their childhood are usually emotionally troubled.
Physically healthy individuals who can't recall their youth have frequently endured some painful experiences that their minds are blocking out. As a result, they really don't know who they are. They have what we psychiatrists call a diminished sense of identity.
6. Victims like to be aggressors sometimes, and aggressors are often reconstituted victims.
People actually may become more actively aggressive when they feel forced into a passive position.
7. Yes, Virginia, there is an "unconscious" or "non-conscious" mind, and it basically determines your life, everything from what job you choose to whom you marry.
All the feelings that you had about yourself, your parents, and family are buried in this "unconscious mind." Also buried here are some very deep fears which will be touched on below.
The more aware you are of your unconscious mind, the more freedom you will have.
8. Sex is critical, no matter what anyone says.
Sex has become passe as an important explanatory factor of human behavior. Nowadays, it is more politically correct to emphasize the role of feelings, thoughts, and emotions than the role of sex. Nonetheless, sexual functioning and sexual history do tell you a tremendous amount about what people are really like.
9. Whenever you have two men, or two women, in a room, you have homosexual tension.
It is a core truth that all people have both heterosexual and homosexual drives. What varies is how you deal with those drives. Just because you have a homosexual impulse or idea has absolutely nothing to do with your sexual orientation. You are defined by your sexual behavior, not your sexual impulses.
The people in our society who are most against homosexuality are the people who are most uncomfortable with their own homosexual impulses.. These impulses are banished from their conscious awareness.
10. Yes, children do want to be sexual with the opposite-sex parent at some point in their young lives, often between the ages of four and six.
Just about everyone is grossed out at the thought of their parents having sex. This is because there is a significant resistance against one's own memory of sexual feelings towards one's parents.
It does not mean, however, that you have to remember your sexual impulses towards a parent to be emotionally healthy. In fact, one of the most common issues an adult has to deal with is the incomplete repression of this core conflict.
11. There is indeed such a thing as castration anxiety.
In fact, it's the most frightening core fear that people have. It's probably not only evolutionary adaptive, but emotionally important.
12. Women do not have nearly as much penis envy as men do.
Men are all deep down very preoccupied with their penis. Concerns usually revolve around how big it is, how long, how thick, and how deep it goes.
This is an important issue that will likely never be researched because it makes everyone way too uncomfortable to talk about. There is more mythology on this subject than the Greeks ever wrote.
13. The Oedipus complex is what keeps psychiatrists in business.
Though lay people tend to think only of the complex's sexual aspects, it really boils down to competition. It's commonly about being bigger, richer, more powerful, a winner or a loser. The feelings surrounding it are universal—and intense.
Getting through the various stages of psychological development—oral, anal, and Oedipal—can be summarized as teaching you three key things:
o To feel stable and secure, to depend on people reasonably
o To feel in control
o To feel able to compete successfully and to feel like a man or a woman.
14. People are basically the same underneath it all; that is, they all want to satisfy similar deeper needs and quell identical underlying fears.
In general, people all seem to want money, power, and admiration. They want sexual gratification. They want to, as the Bible notes of Judah and Israel, "sit under their vine and fig tree and have none make them afraid." They want to feel secure. They want to feel loved.
Related to this principle: Money and intelligence do not protect you. It is only emotional health that keeps you on an even keel; your feelings about yourself and your intimate stable relationships are the only ballast that matters in life.
15. People often act exactly the opposite of the way they feel, especially when they are unhealthy.
Or: the best defense is a good offense. When people act egotistical, their underlying feeling is that they are "dick-less" or impotent.
16. More on defenses...
Here is human nature in a nutshell. My favorite line from the movie The Big Chill is voiced by the character played by Jeff Goldblum. "Where would you be, where would any of us be, without a good rationalization? Try to live without a rationalization; I bet you couldn't do it."
We distort reality both outside and in our minds in order to survive.
Distortions of our inner world are common. Regression, one of the most intriguing defenses, can be particularly illuminating to acknowledge; it means acting like a kid to avoid the real world.
"Outside" distortions can get us in very serious trouble.
Denial can be fatal whether it involves alcohol abuse or a herd of charging elephants.
Devaluing, or, in simple terms, throwing the baby out with the bath water, comes in handy when we want to insult somebody But it can be detrimental—for example, causing us to miss a lecturer's important points because we consider the teacher to be a "total jerk."
Idealizing, or putting people on a pedestal, can be hurtful—say, when you realize your ex-Navy Seal stockbroker has been churning your brokerage account.
Projecting feelings onto others is a common defensive distortion. Guilt is a painful feeling, so sometimes we may see other people as angry at us rather than feel guilty ourselves. "I know that you are angry that I forgot your birthday," you say. "Don't deny it."
Finally, splitting our view of the world into good guys and bad guys is a distortion, even if it makes for a great western.
17. To be successful in the highly competitive American business marketplace requires a personality ethos that will destroy your intimate relationships.
At this point, you are probably experiencing some confusion. After all, I've been saying, that it is unhealthy to be striving continuously to compensate for feelings of inferiority or impotency. Yet most people know that it is in fact the strivers who achieve enormous power and success in the world around them.
In order to be emotionally healthy, however, it is necessary for these "winners" to leave their work personalities at the door of their homes and become their natural selves once they cross the threshold. It is absolutely essential that the driven, rushed, acquisitive capitalist ethos not enter into the realm of intimate relationships.
CEOs of corporations and doctors are particularly at risk for this type of contamination of their family life. People who have the best of both worlds—career and relationships—are those who realize that success in the workplace does not make up for lack of success at home.
18. How well people deal with death is usually identical to how well they have dealt with life.
19. How people relate to you in everyday life can tell you a lot about their deeper issues, even in a very short time.
You can tell a tremendous amount about somebody's emotional stability and character by the way they say good-bye to you. People who cling or drag out good-byes often have deep-seated issues with separation. Of course, we all have issues with separation; it's a matter of degree. Those of us from loving, stable backgrounds carry around a warm, fuzzy teddy bear of sorts that helps us cope with saying good-bye and being alone. Without this security blanket of loving memories, being alone or saying good-bye can be hell.
A stranger who tells you his entire life's story on the first interview, even if you are a psychiatrist, is also probably emotionally unhealthy because there is no boundary between that person and you—and there should be. After all, you are a stranger to that person.
20. Listen with your third ear.
One of my mentors at Duke University Medical Center once defined the third ear as follows:
"While you're listening to what a patient is saying, with your third ear listen to why they are saying it.
Psychiatrists listen in a unique way. A family practitioner examines your ears with an otoscope.
A psychiatrist examines your feelings with himself as the tool.
When you are interacting with another person, if you notice yourself feeling a certain way, the odds are that your companion is somehow intending you to feel that way. You have to be emotionally stable to accurately use yourself as the examining tool.
When you become adept at identifying what you are feeling, the next step is to determine why. There are usually two reasons. Number one, it may be because you are resonating with what the person is feeling. A second possibility is that you are being subtly provoked to play a complementary emotional role in a scene that has an often-hidden script.
The process of using one's own heart as a "scope" is hard work. The fancy term for this process is "countertransference."
21. Behind every fear, there is a wish.
Wishes that are often consciously unacceptable can be expressed more easily as "fears." Related to this principle is the maxim: "Beware unsolicited denials." A common example is the seemingly spontaneous statement, "I don't really care at all about money!" Hold on to your wallet.
domingo, novembro 14, 2010
sábado, novembro 13, 2010
A toda a gente solitária

sexta-feira, novembro 12, 2010
Quem és tu

Quem és tu que assim vens pela noite adiante,
Pisando o luar branco dos caminhos,
Sob o rumor das folhas inspiradas?
A perfeição nasce do eco dos teus passos,
E a tua presença acorda a plenitude
A que as coisas tinham sido destinadas.
A história da noite é o gesto dos teus braços,
O ardor do vento a tua juventude,
E o teu andar é a beleza das estradas.
Sophia de Mello Breyner Andresen
(Via: Obscured by Clouds)
O mito do pânico de massa

quinta-feira, novembro 11, 2010
Sensibilidade x sentimentalismo
"Deixe-me contar uma história. Buda estava numa cidade. Uma mulher chegou a ele, suplicando e chorando e berrando. Seu filho, seu único filho tinha morrido de repente. Como Buda estava na cidade, as pessoas disseram: "Não se lamente. Vá até esse homem. As pessoas dizem que ele é de infinita compaixão. Se ele quiser, seu filho pode reviver. Então, não chore, vá até Buda.". A mulher foi até ele com o filho morto nos braços, em prantos, se lamentando, e toda a cidade a seguiu - toda a cidade tinha sido afetada. Os discípulos de Buda também foram afetados; eles começaram a orar mentalmente para que Buda tivesse compaixão. Ele deve abençoar a criança, de modo que ela reviva, ressuscite.
Muitos discípulos de Buda começaram a chorar. A cena era muito tocante, profundamente mobilizadora. Todos estavam imóveis. Buda permaneceu silencioso. Ele olhou para a criança morta, depois, olhou para a mãe em prantos e disse à mulher: "Não se lamente; faça uma coisa e seu filho viverá novamente. Deixe esta criança morta aqui, volte à cidade, vá de casa em casa e pergunte a cada família se alguém já morreu na família, em sua casa. E, se você encontrar uma casa onde ninguém jamais tenha morrido, então, peça-lhes algo de comer... um pão, um arroz ou qualquer coisa - mas da casa onde ninguém tenha morrido. E esse pão, ou esse arroz, reviverá a criança imediatamente. Vá! Não perca tempo!".
A mulher ficou feliz. Ela sentiu que agora sim, o milagre ia mesmo acontecer. Ela tocou os pés de Buda e correu até a cidade, que não era uma cidade muito grande, poucas cabanas, poucas famílias. Ela foi de família em família, fazendo a pergunta. Mas toda família dizia: "Isso é impossível. Não há uma única casa - não só nesta vila, mas em toda a terra - não há uma única casa onde jamais ninguém tenha morrido, onde as pessoas nunca tenham sofrido a morte e o infortúnio e a dor e a angústia que vêm disso.".
Em pouco tempo, a mulher percebeu que Buda tinha lhe aplicado um truque. Aquilo era impossível. Mas, ainda assim, a esperança estava lá. Ela foi perguntando até rodar toda a cidade. Suas lágrimas secaram, sua esperança morreu, mas de repente ela sentiu uma nova tranqüilidade, uma serenidade chegando até ela. Agora ela percebera que seja o que for que nasça, terá de morrer. Uns morrerão mais cedo, outros mais tarde, mas a morte é inevitável. Ela voltou e tocou os pés de Buda novamente e disse a ele: "Como dizem as pessoas, você realmente tem uma profunda compaixão pelas pessoas.". Ninguém podia compreender o que tinha acontecido. Buda iniciou-a no sânias, ela tornou-se uma bhikkhuni, uma saniássin. Ela foi iniciada.
Anand disse a Buda: "Você poderia ter feito o garoto reviver. Era uma criança tão linda e a mãe estava tão angustiada...". Buda, então, disse: "Mesmo que o filho ressuscitasse, ele teria de morrer. A morte é inevitável.". Anand replicou: "Mas você não parece ser muito sensível com as pessoas, com seu sofrimento e angústia.". Buda Respondeu: "Eu sou sensível; você é sentimental. Só porque você começa a lamentar, você pensa que você é sensível? Você é infantil. Você não compreende a vida. Você não percebe o fenômeno.".
Esta é a diferença entre o cristianismo e o budismo. Cristo é mostrado como tendo feito muitos milagres de reviver pessoas. Quando Lázaro estava morto, Jesus toucou nele e ele voltou à vida. Nós no Oriente não podemos conceber Buda tocando um cadáver e trazendo-o de volta à vida. Para gente comum, para a mente comum, Jesus pareceria mais amoroso e compassivo do que Buda. Mas eu lhes digo que Buda é mais sensível, mas compassivo, porque mesmo que Lázaro tenha revivido, não fez nenhuma diferença. Ele ainda teria de morrer. Finalmente, Lázaro teria de morrer. Então, esse milagre foi inútil, de nenhum valor supremo. Não se pode conceber Buda fazendo tal coisa.
Jesus teve de fazer aquilo, porque ele estava trazendo algo novo, uma nova mensagem para Israel. E a mensagem era tão profunda que as pessoas não a compreenderiam, então, ele tinha de criar milagres ao redor da mensagem - porque as pessoas podem compreender milagres, mas não podem compreender a mensagem profunda, a mensagem esotérica. Elas podem compreender milagres, então, através de milagres, elas talvez se tornassem abertas e capazes de receber a mensagem. Jesus estava carregando a mensagem budista para uma terra que não era budista; uma mensagem oriental para um país que não tinha tradição de iluminação, de muitos budas.
Nós podemos conceber que Buda era mais sensível do que seus discípulos que estavam lamentando e chorando. Eles eram sentimentais.
Não confunda sua sentimentalidade com sensibilidade. A sentimentalidade é comum; a sensibilidade é extraordinária. Ela acontece através do esforço. Ela é uma aquisição. Você a tem de ganhá-la. A sentimentalidade não é algo a ser adquirido: você nasce com ela. Ela é uma herança animal que você já tem nas células do seu corpo e de sua mente. A sensibilidade é uma possibilidade. Você ainda não a tem. Você pode criá-la, você pode trabalhar para isso - então, ela lhe acontecerá. E sempre que acontecer, você estará desapegado."
O visitante inevitável
A vida de quem fica
Uma mulher vai até Buda com o filho morto nos braços e suplica que o faça reviver. Buda diz a ela que vá a uma casa e consiga alguns grãos de mostarda. Mas, para trazer de volta a vida do menino, esses grãos devem ser de uma casa onde nunca morreu ninguém. A mãe vai de casa em casa, mas não encontra nenhuma livre da perda.
A parábola budista explora a lição mais óbvia e mais difícil da vida. A dificuldade de encarar o fim como parte da existência é o que faz do luto uma experiên-cia tão assustadora. "A morte é sempre vista como um acidente de percurso ou um castigo divino", diz a psicóloga Clarice Pierre, especializada no atendimento de doentes terminais. Desde a infância o ser humano não é treinado para perder, mas para ter, acumular. "Os pais protegem os filhos das frustrações, e perder é essencial para entender que nada é permanente. E me refiro a perder desde jogos, até objetos e pessoas", diz Clarice.
(Clique no link para ler a matéria completa.)
terça-feira, novembro 09, 2010
O oásis de um momento
segunda-feira, novembro 08, 2010
domingo, novembro 07, 2010
Prevenir é melhor que remediar...
"Vamos esperar os cadáveres para agir contra o celular?", questiona pesquisadora
DÉBORA MISMETTI
EDITORA ASSISTENTE DE SAÚDE
A epidemiologista Devra Davis lidera uma cruzada para fazer as pessoas deixarem o celular longe de suas cabeças. Convencida de que a radiação emitida pelo aparelho lesa a saúde, ela escreveu "Disconnect" (sem edição no Brasil), cuja base são pesquisas que começam a mostrar os efeitos dessa radiação no organismo. Nesta entrevista, ela também perguntou: "Vamos esperar as mortes começarem antes de mudar a relação com o celular?".
Pesquisa liga proximidade de antena a maior risco de câncer
Aparelho celular é só uma das fontes de ondas nocivas, lembra médico
Acompanhe a Folha no Twitter
Conheça a página da Folha no Facebook
*
Divulgação |
![]() |
A epidemiologista Devra Davis, 64 |
Folha - Quais os riscos para a saúde de quem usa celular?
Devra Davis - Se você segurá-lo perto da cabeça ou do corpo, há muitos riscos de danos. Todos os celulares têm alertas sobre isso. As fabricantes sabem que não é seguro. Os limites [de radiação] definidos pelo FCC [que controla as comunicações nos EUA] são excedidos se você deixa o celular no bolso.
Quais os riscos, exatamente?
O risco de câncer é muito real, e as provas disso vão se avolumar se as pessoas não mudarem a maneira como usam os telefones. Trabalhei nas pesquisas sobre fumo passivo e amianto. Fiquei horrorizada ao perceber que só tomamos atitude depois de provas incontestáveis de que danificavam a saúde.
Reconheço que não temos provas conclusivas nesse momento. Escrevi o livro na esperança de que meu status como cientista tenha peso, e as pessoas entendam que há ameaça grave à saúde e podemos fazer algo a respeito.
Mas há estudo em humanos que dê provas categóricas?
Quando você diz "provas", você quer dizer cadáveres? Você acha que só devemos agir quando já tivermos prova? Terei que discordar. Hoje temos uma epidemia mundial de doenças ligadas ao fumo. O Brasil também tem uma epidemia de doenças relacionadas ao amianto. Só recentemente vocês agiram para controlar o amianto no Brasil, apesar de ele ainda ser usado. Ninguém vai dizer que nós esperamos o tempo certo para agir contra o tabaco ou o amianto. Estou colocando minha reputação científica em risco, dizendo: temos evidências fortes em pesquisas feitas em laboratório mostrando que essa radiação danifica células vivas.
Qual a maior evidência disso?
A radiação enfraquece o esperma. Sabemos por pesquisas com humanos. As amostras de esperma foram dividas ao meio. Uma metade foi mantida sozinha, morrendo naturalmente. A outra foi exposta a radiação de celulares e morreu três vezes mais rápido. Homens que usam celulares por quatro horas ao dia têm a metade da contagem de esperma em relação aos demais.
Crianças correm mais perigo?
O crânio das crianças é mais fino, seus cérebros estão se desenvolvendo. A radiação do celular penetra duas vezes mais. E a medula óssea de uma criança absorve dez vezes mais radiação das micro-ondas do celular. É uma bomba-relógio. A França tornou ilegal vender celular voltado às crianças. Nos EUA, temos comerciais encorajando celular para crianças. É terrível. Fico horrorizada com a tendência de as pessoas darem celulares para bebês e crianças brincarem. Sabemos que pode haver um vício no estímulo causado pela radiação de micro-ondas. Ela estimula receptores de opioides no cérebro.
Jovens usam muitos gadgets que emitem radiação.
Sim, e eles não estão a par dos alertas que vêm com esses aparelhos. Não é para manter um notebook ligado perto do corpo. As empresas colocam os avisos em letras miúdas para reduzir sua responsabilidade quando as pessoas ficarem doentes.
É possível comparar a radiação de celular à fumaça?
Sim. O tabaco é um risco maior. Mas nunca tivemos 100% da população fumando. Agora, temos 100% das pessoas usando celular. Então, ainda que o risco relativo não seja tão grande, o impacto pode ser devastador.
Nos maços de cigarro, há aquelas fotos horríveis. Esse é o caminho para o celular?
Isso é o que foi proposto no Estado do Maine (EUA). Está se formando um grande movimento para alertar as pessoas a respeito dos celulares. Isso é o que aconteceu com o fumo passivo. Vamos começar a ver limites para a maneira e os locais onde as pessoas usam celular. A maioria não sabe que, se você está tentado conversar num celular em um elevador, a radiação está rebatendo nas paredes e fica mais intensa em você e em quem estiver perto.
Além de usar fones, o que é possível fazer para prevenir?
Enviar mensagens de texto é mais seguro do que falar. Ficar com o celular nas mãos, longe do corpo, é bom, e mantê-lo desligado também.
Mas celular é um vício!
Sim. Temos que usá-lo de forma mais inteligente.
-
Arte | ||
![]() | ||
RAIO-X
FORMAÇÃO
Doutora em estudos científicos pela Universidade de Chicago e mestre em saúde pública pela Johns Hopkins
ATIVISMO
É fundadora da ONG Environmental Health Trust, que faz campanhas sobre riscos do tabaco, amianto e dos celulares para a saúde
LIVROS
"When Smoke Ran Like Water" (2002), sobre poluição, "The Secret History of the War on Cancer" (2007), sobre as causas ambientais do câncer, e "Disconnect" (2010)
sexta-feira, novembro 05, 2010
Do not stand at my grave and weep
terça-feira, novembro 02, 2010
Estudo diz por que orientais são "iguais"
São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2010 ![]() |
![]() |
Ocidentais têm essa impressão porque o cérebro humano "dá bug" ao tentar reconhecer faces de outra etnia
Não, os japoneses não são todos iguais. O que acontece, mostraram agora os cientistas, é que o "software" de reconhecimento facial do cérebro tem as suas limitações, e uma delas é patinar sempre que se depara com um rosto de uma etnia diferente. |