domingo, maio 02, 2010

500!

Sim, 500 postagens (ou "posts", para encurtar). Poderia comemorar o 499º ou o 614º, tanto faria; mas nossa cultura tem predileção por múltiplos de 5, os famosos números "redondos", então quis comemorar este. É bem verdade que muitas dessas postagens são meras transcrições, filhas da revolucionária combinação CTRL+C/CTRL+V. Não importa, são minhas também, como tudo mais que tenho publicado aqui desde 2004. E o que postar nesta ocasião tão especial?

Eu poderia compor versos! Já fui bom nisso, ainda que a rima continue sendo uma arte impenetrável e por alguma razão só sinta vontade de fazê-lo sob o império melancólico da dor de cotovelo. Também poderia me arriscar na prosa poética, meu gênero favorito, em que já fiz algumas incursões bem-sucedidas... segundo o meu próprio gosto, ao menos. Mas, infelizmente, nestes dias tenho excessivamente solicitado por obrigações variadas que me roubam da concentração para o estado mental peculiar que tais composições exigem. Por último, poderia dissertar sobre um tema qualquer, o que seria até fácil, porém demasiado árido, para não dizer medíocre. Sendo assim, que resta? Ora, o recurso comum de todos os blogueiros: copiar e colar.

Então, seja minha voz, meu canto, minha confissão, Rudyard.
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Se

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar --sem que a isso só te atires,
De sonhar --sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais --tu serás um homem, ó meu filho!

If

If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you
But make allowance for their doubting too,
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don't deal in lies,
Or being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise;

If you can dream--and not make dreams your master,
If you can think--and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build 'em up with worn-out tools;

If you can make one heap of all your winnings
And risk it all on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings --nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much,
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And --which is more-- you'll be a Man, my son!

(Rudyard Kipling)

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