sábado, janeiro 17, 2009

Luto


Oferece-se recompensa pela cabeça de roteirista escocês megalomaníaco. Bônus extra se a decapitação for feita lenta e dolorosamente.

Motivos? Ora, e precisa mais do que este?

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Batman está morto. E sua morte não ocorreu no final da saga Batman RIP, como era esperado, e sim em Final Crisis #6, outra HQ também escrita por Grant Morrison, que já vinha anunciando uma grande mudança no status quo do personagem há cerca de um ano.


Morrison voltou a afirmar que a atual situação de Batman era planejada desde que começaram as conversas entre ele e Dan Didiopara que fosse definida a estrutura de Final Crisis. O escritor define a saga Batman RIP como uma desconstrução psicológica do personagem, apenas uma etapa, assim como a morte que ocorreu agora, e afirma que o presente não pode ser pensado como o fim e que existem vários outros planos para o personagem. Ele nem mesmo afirmou que este tenha sido o fim de Bruce Wayne.

Morrison afirmou que se divertiu muito até o momento e que não se tratou de ficar feliz por assassinar o Batman e sim por escrever uma história com grandes momentos como é Final Crisis. “Eu queria uma história mítica e em grande escala. E é isso que ela se tornou. Não fala de política ou das coisas que estão acontecendo no mundo real. Ela é sobre os deuses começando a interferir na vida e a vida se tornando mítica”, explica.

Para o roteirista, a raiz do mito do Batman está nas balas e na arma que o criaram, e ele procurou produzir uma imagem mítica mostrando o Homem-Morcego empunhando uma arma e disparando balas contra Darkseid, a própria encarnação do mal. Ele lembra que em Final Crisis seres humanos são arrastados para o mundo dos grandes eventos e arquétipos míticos, como o assumido por Batman, que nestas circunstâncias se tornam muito mais óbvios. 

Para Morrison as últimas palavras de Batman terem sido “te peguei!”, remetem à luta que o Homem-Morcego travou desde o dia que balas mataram seus pais. O herói sempre enfrentou o mal, e ao disparar uma bala, ele pode erradicar a personificação do deus do mal. “Batman sabe usar o senso de humor melhor do que Darkseid”, ironiza.

Morrison admite que da forma como abordou Bruce Wayne em Last Rites (arco que sucedeu RIP), ele deu a entender que talvez ninguém possa ser capaz de substituir o milionário como o Batman. “Esta sucessão pode realmente não funcionar, mas só saberemos isso no próximo desdobramento da história”, provoca.

Sobre o fim de Final Crisis, o escritor diz que serão vistos múltiplos universos, que o universo chegará ao fim e que tudo se quebrará. Para Morrison é besteira se preocupar em ser realista nos quadrinhos depois que filmes como Batman - O Cavaleiro das Trevas eHomem de Ferro mostraram que o cinema é muito mais capaz de mostrar os super-heróis em um contexto plausível. O que ele quer mostrar em Final Crisis #7 não tem nada a ver com realismo, a idéia é criar um novo estilo de fazer quadrinhos. 

Por fim, o escritor revelou que além do seu retorno ao Batman, que deve ocorrer no verão norte-americano, ele deve estar envolvido também em outros projetos de super-heróis da DC Comics, sendo que ele já tem idéias para explorar o conceito do Multiverso.

Grant Morrison é um escritor de quadrinhos escocês. Conhecido por sua narrativa fora dos padrões dos quadrinhos, o autor fez sucesso nas reformulações do Homem-Animal e do Kid Eternidade, ambos da DC Comics. Ainda para a DC, teve uma passagem controversa pela Patrulha do Destino, onde escreveu 40 edições. Esta passagem fica marcada por uma temática recorrente a escola surrealista de arte. Na Marvel, passou por uma fase bem recebida em Novos X-Men, na qual redefiniu muitos conceitos do universo mutante da editora. Atualmente, é roteirista exclusivo da DC Comics, onde escreve a revista mensal do Batman e a saga Final Crisis.


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Por : Émerson Vasconcelos

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