Que inveja de Leopardi, que podia contemplar o infinito na paisagem e mergulhar na Fonte de todas as musas. Neste carnaval ela desertou de mim, e por momentos pude remotamente conceber a imensidão do castigo de Lúcifer quando a Deidade lhe desviou Sua face. Nenhuma solidão é mais absoluta que esta de ser deixado à própria sorte, apenas com os recursos do seu ego, desligado do fluxo incessante da transcendência. "O Inferno", disse uma vez um famoso beneditino brasileiro, "é a ausência de Deus". Ocorreu-me que a secura interna que impede o ato de criar deve ser um dos primeiros sintomas dessa ausência.
Mas fora com os queixumes! Dou a palavra ao bom poeta, para que ele dissipe os miasmas do tédio neste post e leve algum contentamento aos meus parcos e fiéis leitores. Ele será minha apologia por um tema tão insípido.
The Infinite
It was always dear to me, this solitary hill,
and this hedgerow here, that closes out my view,
from so much of the ultimate horizon.
But sitting here, and watching here, in thought,
I create interminable spaces,
greater than human silences, and deepest
quiet, where the heart barely fails to terrify.
When I hear the wind, blowing among these leaves,
I go on to compare that infinite silence
with this voice, and I remember the eternal
and the dead seasons, and the living present,
and its sound, so that in this immensity
my thoughts are drowned, and shipwreck seems sweet
to me in this sea.
Giacomo Leopardi
Um comentário:
Vou me quedar com mais calma sobre este teu senhor das musas. :)
O carnaval é uma constante em teus relatos contrários. Interessante isso.
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