quarta-feira, março 31, 2010

Os perigos da autoestima

Autoestima faz falta. Quem não a tem que o diga. Mas a constatação e o combate a um problema que torna miserável a vida de milhões pode degenerar em um problema reverso. Afinal, o que acontece quando se tem autoestima demais?

É justamente o que se discute aqui. Aliás, adorei o site e a proposta de uma "revista de virtudes cotidianas". Será que um dia teremos tal coisa em português?



Abaixo um aperitivo:

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Theodore Dalrymple on Self-Esteem vs. Self-Respect

Theodore Dalrymple | Posted on 03/28/10

One has only to go into a prison, or at least a prison of the kind in which I used to work, to see the most revoltingly high self-esteem among a group of people (the young thugs) who had brought nothing but misery to those around them, largely because they conceived of themselves as so important that they could do no wrong. For them, their whim was law, which was precisely as it should be considering who they were in their own estimate.

With the coyness of someone revealing a bizarre sexual taste, my patients would often say to me, "Doctor, I think I'm suffering from low self-esteem." This, they believed, was at the root of their problem, whatever it was, for there is hardly any undesirable behavior or experience that has not been attributed, in the press and on the air, in books and in private conversations, to low self-esteem, from eating too much to mass murder.

Self-esteem is, of course, a term in the modern lexicon of psychobabble, and psychobabble is itself the verbal expression of self-absorption without self-examination. The former is a pleasurable vice, the latter a painful discipline. An accomplished psychobabbler can talk for hours about himself without revealing anything.

Insofar as self-esteem has a meaning, it is the appreciation of one's own worth and importance. That it is a concept of some cultural resonance is demonstrated by the fact that an Internet search I conducted brought up 14,500,000 sites, only slightly fewer than the U.S. Constitution and four times as many as "fortitude."

When people speak of their low self-esteem, they imply two things: first, that it is a physiological fact, rather like low hemoglobin, and second, that they have a right to more of it. What they seek, if you like, is a transfusion of self-esteem, given (curiously enough) by others; and once they have it, the quality of their lives will improve as the night succeeds the day. For the record, I never had a patient who complained of having too much self-esteem, and who therefore asked for a reduction. Self-esteem, it appears, is like money or health: you can't have too much of it.

quinta-feira, março 18, 2010

Domando a raiva



Aliás, falando em não-violência, um dos postulados gandhianos é que ele envolve uma boa dose de disciplina interior. Afinal, considerando que se trata de uma forma de luta contra a injustiça na qual os métodos e os fins não podem ser separados, e na qual os militantes necessariamente estão em desvantagem no caso de um enfrentamento, uma única pessoa de cabeça quente pode pôr tudo a perder. Então, é importante saber como lidar com a agressividade que naturalmente emerge em cada um em determinados momentos. Como é assunto de interesse geral e atemporal, compartilho com vocês um ótimo ponto de partida neste link aqui.

Abaixo, um pequeno aperitivo:
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Mito nº4 – “Ventilar a raiva é sempre desejável”. Durante muitos anos, uma popular crença que vários profissionais adoptaram sobre a importância de se ventilar a expressão agressiva da raiva, com gritos e esmurrar almofadas era uma forma terapêutica e saudável. Contudo, a pesquisa nesta matéria revelou que aquelas pessoa que expressam a sua raiva de uma maneira agressiva simplesmente se sentem melhor da sua raiva. Por outras palavras, ventilar a raiva de uma forma agressiva reforça o comportamento agressivo.
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Para uma perspectiva mais espiritual, o Budismo é uma excelente fonte de reflexões e técnicas para o reequilíbrio emocional. Sugestões aqui e aqui.

"Isso também passará."


Já que tanto se fala em Chico Xavier com a proximidade da estreia de seu filme, uma historinha singela sobre ele que se conta no meio espírita. Existem inúmeras desse tipo, e não sei dizer quais seriam verdadeiras e quais puro folclore, ou uma mistura dos dois. Não importa, achei-a encantadoramente sábia. Basta clicar aqui.

Ainda sobre ele, conheci um jornalista que já teve a oportunidade de entrevistá-lo. Como é de conhecimento geral, Chico sofreu vários ataques ao longo de sua extensa carreira, desde o clero até a imprensa, sem falar dos dissabores inevitáveis da convivência com muita gente. Um dia, esse jornalista perguntou a ele como fazia para não se irritar, e a resposta foi de uma simplicidade exemplar: "Basta aceitar as pessoas como elas são." Ouvi isso há exatos sete dias, e ainda estou digerindo todas as implicações disso. Lembrei-me de um dos preceitos da não-violência gandhiana, que é a ideia de que, numa campanha reivindicatória em que se encontra opositores à sua causa (que é justa), deve-se separar os indivíduos do papel que estão desempenhando ali. Noutras palavras, o preceito bíblico de "odiar o pecado, não o pecador" -- separar a pessoa em si, portadora de uma dignidade inerente à condição de ser humano, dos seus erros, que podem ser graves e devem ser combatidos. Com isso, a indignação com a injustiça deixa de se converter em ódio ao semelhante, como é muito frequente. Vendo por esse ângulo, a ideia milenar do amor ao próximo deixa de ser tão absurda como pode parecer à primeira vista e passa a se tornar humanamente viável.

Para refletir... e sentir.

quarta-feira, março 17, 2010

O amor segundo S. Paulo

Uma reflexão bíblica para uma semana cinzenta e tempestuosa. É da 1ª Epístola aos Coríntios, cap. 13, de autoria de Paulo de Tarso, o convertido que trocou a espada pelo amor, uma inspiração milenar para todos nós. A fonte é esta.

1Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
9Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
11Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
13Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

terça-feira, março 16, 2010

Contratos, amores e expectativas

Topei casualmente com um texto que já postei aqui, e chamou-me a atenção alguns dos termos usados pelo autor, Thomas Merton, para falar da visão que temos do amor como um "contrato" ou "pacote". Foram quase os mesmos que ouvi há pouquíssimos dias, em um contexto muito diferente. Sincronicidade, dirão alguns. Pode ser. Mas não deixa de ser curioso.


Falando nisso, uma discussão sobre paixão, separação e espiritualidade que encontrei em uma comunidade de que gosto muito. Quem nunca passou por isso que atire a primeira pedra.

sexta-feira, março 05, 2010

A outra face de Lincoln

Ok, escrever lamentando que não se tem tempo para postar é provavelmente o clichê dos blogueiros de todo o mundo. Escrever sobre a falta de assunto deve vir em segundo lugar (mas, pelo menos, é um clichê que compartilhamos com grandes escritores e cronistas). Então, não cederei à tentação e vos deixo isto como pequena compensação pelo silêncio prolongado. É provavelmente o melhor anúncio de livro que já vi. Mal posso esperar para ler (um dia).