domingo, dezembro 10, 2006

Sem deixar saudades

Curioso é que o ditador, aparentemente ainda tão querido no Chile -- apesar dos 3.000 mortos oficiais e das dezenas de milhares de torturados --, morreu no dia dedicado aos direitos humanos.


Outra curiosidade, agora triste, é ver os malabarismos morais que um grupo de jovens ditos "de direita" tem feito para justificar a brutalidade do regime pinochetista. Como não poderia deixar de ser, trata-se de mais uma discussão da comunidade de Olavo de Carvalho no Orkut. Um sinal de que o colunista que um dia admirei anda realmente disseminando o ódio político entre as mentes mais influenciáveis. Uma pena.



10/12/2006 - 15h50

Ditador chileno Augusto Pinochet morre aos 91 anos

da Folha Online

O ditador chileno entre 1973 e 1990 Augusto Pinochet morreu neste domingo, às 14h15 (15h15 pelo horário de Brasília), aos 91 anos, no Hospital Militar de Santiago. Pinochet havia sido internado às pressas na madrugada de domingo (3), após sofrer um ataque cardíaco.

Pinochet morreu no mesmo dia do aniversário de sua esposa, Lucía Hiriart Rodríguez, que completa 84 anos. Grupos peruanos defensores dos direitos humanos ressaltaram a ironia de que o ditador chileno Augusto Pinochet tenha ocorrido no Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado neste domingo.

O Exército afirmou que o corpo de Pinochet seria levado na noite deste domingo (por volta das 21h de Brasília) à Escola Militar. Amanhã, no salão central da instituição acontecerão os atos e a missa fúnebre.

O Exército chileno também informou que o funeral o ditador Augusto Pinochet será na próxima terça-feira.

O governo chileno confirmou que não haverá honras de Estado. A ministra da Defesa chilena, Vivianne Blanlot, representará o Executivo na missa do funeral.

O médico Juan Ignacio Vergara, chefe da equipe médica que atendia Augusto Pinochet, disse que o ditador sofreu um problema cardíaco que não pôde ser superado, apesar de uma série de manobras de reanimação.

Um relatório emitido pelo Hospital Militar de Santiago (às 11h de Brasília de hoje) falava sobre a estabilidade e chances de recuperação de Pinochet. Quatro horas depois, Pinochet sofreu uma "brusca recaída", morrendo às 14h15 (15h15 de Brasília).

Segundo relatório oficial da morte, o chefe militar sofreu uma inesperada e grave falência cardíaca, obrigando sua transferência em estado crítico da Unidade de Cuidados Intermediários para a Unidade de Cuidados Intensivos --onde foram feitas todas as medidas médicas de reanimação, sem resposta positiva.

Últimos anos

Pinochet passou os últimos anos de sua vida morando em Santiago e enfrentando acusações de abusos aos direitos humanos e fraudes cometidos durante os 17 anos em que esteve no poder. Sob seu regime, mais de 3.000 pessoas foram mortas por sua polícia secreta.

Apesar das acusações, o general não chegou a ir a julgamento, já que sua equipe de defesa sempre alegou que sua saúde era muito frágil para que ele enfrente o processo judicial.

Recentemente, quando completou 91 anos, Pinochet divulgou um comunicado afirmando que assumiu a "responsabilidade política" pelos atos cometidos durante seu regime, mas que a única razão para suas medidas era "fazer do Chile um grande país e evitar a desintegração".

"Perto do final dos meus dias, quero manifestar que não guardo rancor de ninguém, que amo a minha pátria acima de tudo, que assumo a responsabilidade política de tudo que aconteceu", afirmou o ex-ditador em mensagem lida por sua mulher, Lucía Hiriart.

A nota foi lida diante de 60 partidários que foram cumprimentá-lo por seu aniversário em sua mansão, situada no bairro de La Dehesa, em Santiago.

Pinochet enfrentava processos por crimes de violações dos direitos humanos, fraude ao fisco e uso de passaportes falsos no chamado Caso Riggs --aberto após a descoberta de contas secretas no exterior, nas quais ele acumulou fortuna de US$ 27 milhões, cuja origem não foi determinada.

Direitos humanos

Entre os processos relacionados a direitos humanos, figuram o desaparecimento de dissidentes em 1975, na chamada Operação Colombo, na qual Pinochet foi acusado de envolvimento no seqüestro de ao menos três dissidentes por serviços de segurança de seu governo.

O ex-ditador chegou a ser preso em diversas ocasiões em conexão com os crimes. Na segunda-feira passada (27), o juiz Víctor Montiglio ordenou a prisão domiciliar o ex-ditador como suposto responsável pelo seqüestro e homicídio de dois presos políticos em 1973, dentro do caso chamado "Caravana da Morte".

As duas vítimas da "Caravana", Wagner Salinas e Francisco Lara, eram membros da segurança do presidente socialista Salvador Allende, que se suicidou no palácio de La Moneda durante o golpe liderado por Pinochet em 11 de setembro de 1973.

Em 2006, o general Manuel Contreras, que chefiava a Dina [polícia secreta chilena] sob o regime de Pinochet, testemunhou ao juiz Claudio Pavez que Pinochet e seu filho, Marco Antonio, estariam envolvidos na produção clandestina de armas químicas e biológicas e no tráfico de cocaína. As acusações estão sendo investigadas pela Justiça chilena.

Com agências internacionais

Um comentário:

Anônimo disse...

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