segunda-feira, novembro 20, 2006

Paz


"Quando o amor vos chamar, segui-o.
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados.
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim.

Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica. E da mesma forma que contribui para vosso crescimento, trabalha para vossa poda.
E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes e as sacode no seu apego à terra.

Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete sagrado de Deus.

Todas essas coisas, o amor operará em vós para que conheçais os segredos de vossos corações e, com esse conhecimento, vos convertais num fragmento do coração da Vida."


Gibran Khalil Gibran, O Profeta

Um comentário:

Anônimo disse...

Hoje estive a procurar a imagem de um mar logo pela manhã, quando a aurora despontava... mas o meu mar foi revolto e não refletia a lua como o teu... Mas precisava ser pois não se pode ser o não-ser, o ser de um instante... como um poema, deve representar aquilo que é ser. A vida são instantes... cada qual com suas reticências.