segunda-feira, outubro 25, 2004

Solidão

Não aprecio Fernando Pessoa. É um daqueles autores que contam com uma legião de admiradores devotos cujo sucesso me é quase incompreensível. O melhor que vi dele foram traduções excelentes dos poemas de Edgar Allan Poe. No entanto, por um feliz acaso topei com estes versos seus, e que bem traduzem o estado de espírito desta noite chuvosa. É o dom dos poetas autênticos exprimir aquilo que nós outros sentimos engasgar. Continuo não gostando dele. Mas hoje esse eclético versejador português ganhou meu respeito.

Solidão


Uma maior solidão
Lentamente se aproxima
Do meu triste coração
Enevoa-se-me o ser
Como um olhar a cegar,
A cegar, a escurecer.


Jazo-me sem nexo, ou fim...
Tanto nada quis de nada,
Que hoje nada o quer de mim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não aprecias o Pessoa... acho que não foste devidamente apresentado a tal autor. Interessante isso. Acho que combina contigo depois de alguns textos lidos por mim. Vejamos... depois de Florbela, quem sabe!Saberás?