Descobri um site muito interessante com numerosas estatísticas sobre o século XX: http://users.erols.com/mwhite28/20centry.htm. Escrito por Matthew White, um livreiro diletante que pelo visto tem um enorme gosto por História. O que ele criou é uma grande listagem de dados comentados sobre as mais variadas coisas, desde a população a cada década até a distribuição de Prêmios Nobéis, ou dados específicos de regiões do mundo. É certamente um recurso útil.
O que me chamou a atenção, porém, é a seção sobre os “hemoclismas” ("dilúvios de sangue") que flagelaram o mundo nesse período, isto é, os grandes massacres do século, encabeçando a lista as duas Guerras Mundiais, a Rússia/URSS e a China. White lista as cifras apresentadas por vários autores, faz algumas médias, comenta a confiabilidade das fontes usadas. Os números são invariavelmente chocantes, mas as discrepâncias também. As mortes atribuídas a Stálin, por exemplo, variam na ordem de dezenas de milhões dependendo do autor. Mas mesmo o “Grande Guia dos Povos” perde de longe do “Grande Timoneiro”: o “Grande Salto para a Frente” de Mao Tsé-Tung , uma tentativa de reestruturação da economia chinesa na década de 50, teria mandado pelo menos 40 milhões de pessoas para um encontro direto com seus ancestrais. Não foi um efeito premeditado, é bom que se diga, mas demonstra uma escala de catástrofe e horror que só um regime absolutamente desumano e insensível em suas políticas poderia produzir.
Inteligência e sabedoria não são a mesma coisa, é o que nos lembram várias tradições espirituais. O mero progresso técnico não nos torna necessariamente melhores moral ou socialmente, ao mesmo tempo em que aumenta cada vez mais o nosso poder sobre o mundo. Basta uma olhada superficial pelos números do século mais dinâmico da História para ver o que esse divórcio significa na prática.
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