quarta-feira, abril 28, 2010
Beleza?
terça-feira, abril 27, 2010
Mortes invisíveis
Mendigo "herói" esfaqueado morre após ser ignorado por transeuntes em NY
da BBC Brasil
Um mendigo que foi esfaqueado após tentar ajudar uma mulher em uma discussão acabou morrendo na rua, ignorado pelos transeuntes, segundo imagens captadas por câmeras de segurança de um prédio nos arredores.
O incidente ocorreu no bairro de Queens, em Nova York. De acordo com a polícia, pelo menos 25 pessoas passaram pelo pedinte esfaqueado, o imigrante guatemalteco Hugo Alfredo Tale-Yax, de 31 anos, enquanto ele sangrava em uma calçada do bairro.
Segundo a imprensa americana, a polícia agora procura a mulher envolvida na discussão, pois acredita que ela não sabe que o mendigo foi esfaqueado e que ela provavelmente pode identificar o assassino. Os dois pareciam estar discutindo quando o imigrante interferiu tentando ajudá-la.
As imagens da câmera de segurança mostram a mulher seguida por um homem que parece atacá-la e Tale-Yax andando em direção a eles. A câmera não flagra o momento em que ele é esfaqueado, mas mostra o suposto assassino fugindo da cena e a mulher saindo em direção contrária.
Depois de ser esfaqueado no peito diversas vezes, Tale-Yax ainda tenta correr atrás do agressor, mas cai no chão.
No vídeo, ele aparece deitado na calçada, ferido, enquanto os pedestres passam por ele.
Um dos pedestres chega a sacudir o corpo, virá-lo e encontra uma poça de sangue. Ainda assim, a polícia só recebeu uma chamada informando sobre o incidente uma hora e meia depois.
Segundo a mídia local, Tale-Yax era um imigrante ilegal, desempregado, que costumava dormir nas praças do bairro, onde vivem muitos imigrantes latinos.
quinta-feira, abril 22, 2010
Perdoar
Fonte: http://www.catherineblountfdn.org/forgiveness.html
1. Recusar o perdão machuca o outro.
A verdade é: recusar o perdão machuca você mesmo.
2. O perdão é uma empreendimento passivo.
A verdade é: o perdão é um empreendimento muito ativo, no qual você pode estender alcançar o outro com amor e compaixão.
3. O perdão deixa as pessoas impunes, de modo que elas não são responsáveis por suas ações.
A verdade é: perdão e responsabilidade não são o mesmo assunto. Você pode ter ambos: perdoar o outro oferecendo empatia e união; contudo, manter o processo de responsabilidade dentro da estrutura social.
4. Perdoar alguém diz a essa pessoa que o que quer que ela tenha feito é aceitável para você.
A verdade é: aceitar as ações alheias e aceitar a verdadeira natureza da pessoa por trás delas são duas coisas muito diferentes. Você pode deixar isso claro.
5. O perdão é para o outro.
A verdade é: perdoar o outro é um ato que fazemos por nós mesmos, para nos libertar da dor ou da amargura.
6. Quando se perdoa, está-se “relevando” o mau comportamento alheio.
A verdade é: Não há “relevação”, apenas uma percepção mais clara de quem a outra pessoa verdadeiramente é, e o que ela ainda pode fornecer à sua vida, à comunidade e à sociedade.
7. O perdão é feito ao se dizer, “Eu te perdoo”.
A verdade é: O perdão não está só nas palavras, mas também no pensamentos, nos sentimentos e na ação.
8. Perdoar o outro não gera realmente nada de bom.
A verdade é: perdoar não apenas eleva você E essa outra pessoas de maneiras não visíveis, mas traz muito mais luz para um mundo muito necessitado dela.
9. O perdão é só para as pessoas religiosas.
A verdade é: ele é para todos nós que estamos sobre este planeta.
10. Perdoar é difícil demais.
A verdade é: pode ser difícil, mas não difícil demais, quando você tem o apoio e a perspectiva correta.
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Para terminar, por enquanto, uma frase de Viktor Frankl, alguém cuja vida certamente justifica que lhe demos ouvidos:
"...Tudo pode ser tirado do homem, exceto uma coisa: a última das liberdades humanas -- escolher a própria atitude em qualquer conjunto de circunstâncias, escolher o seu próprio caminho."
(Man’s Search For Meaning)
Sentir-se amado
quarta-feira, abril 14, 2010
quarta-feira, abril 07, 2010
O mal segundo Terry Eagleton
Of men and monsters
Published 01 April 2010
http://www.newstatesman.com/ideas/2010/04/evil-social-essay-human-case
Fifteen years ago, two ten-year-old boys tortured and killed a toddler, James Bulger, in the north of England. There was an outcry of public horror, though why the public found this particular murder especially shocking is not entirely clear. Children, after all, are only semi-socialised creatures who can be expected to behave pretty savagely from time to time. If Freud is to be credited, they have a weaker superego or moral sense than their elders. In this sense, it is surprising that such grisly events do not occur more often. Perhaps children murder each other all the time and are simply keeping quiet about it. William Golding seems to believe, in his novel Lord of the Flies, that a bunch of unsupervised schoolboys on a desert island would slaughter each other before the week was out.
Perhaps this is because we are ready to believe all kinds of sinister things about children, since they seem like a half-alien race in our midst. Since they do not work, it is not clear what they are for. They do not have sex, though perhaps they are keeping quiet about this, too. They have the uncanniness of things which resemble us in some ways but not in others. It is not hard to fantasise that they are collectively conspiring against us, in the manner of John Wyndham's fable The Midwich Cuckoos. Because children are not fully part of the social game, they can be seen as innocent; but for just the same reason, they can be regarded as the spawn of Satan. The Victorians swung constantly between angelic and demonic views of their offspring.
A police officer involved in the case of the murdered toddler declared that the moment he clapped eyes on one of the culprits, he knew that he was evil. This is the kind of thing that gives evil a bad name. The point of demonising the boy in this way was to wrong-foot the soft-hearted liberals. It was a pre-emptive strike against those who might appeal to social conditions in seeking to understand why they did what they did. And such under standing can always bring forgiveness in its wake. Calling the action evil meant that it was beyond comprehension. Evil is unintelligible. It is just a thing in itself, like boarding a crowded commuter train wearing only a giant boa constrictor. There is no context which would make it explicable.
domingo, abril 04, 2010
E acabou-se o feriado
A caminho de Wigan Píer
04/04/2010 - 10h00
Atual, livro de George Orwell discute o sistema de classes
Colaboração para o UOL
Divulgação/Companhia das Letras Lançamento de George Orwell fala da barreira intransponível que é a repugnância física |
A cena ficou conhecida por meio do YouTube: George W. Bush cumprimenta um haitiano e, disfarçadamente, limpa a mão na camisa do colega Bill Clinton. No livro “O Caminho para Wigan Pier”, que acaba de ser lançado, George Orwell fala da barreira intransponível que é a repugnância física. Refere-se, justamente, à barreira entre ricos e pobres, brancos e negros. A vergonhosa atitude do ex-presidente americano parece corroborar a tese.
Orwell, mais conhecido pelas distopias de “1984” e “Revolução dos Bichos”, descreve nesse livro, genial precursor do novo jornalismo, a vida infernal dos mineiros da região norte da Inglaterra. Mas vai além, ao analisar com franqueza, expondo os próprios preconceitos, as diferenças culturais, sociais e econômicas das classes. Numa segunda parte, faz também uma crítica aos socialistas típicos da época, especialmente àqueles que se baseavam apenas nas teorias, mas também lança um apelo para que o verdadeiro socialismo, de “liberdade e justiça”, seja instalado.
Redenção
Escritor engajado e bastante atual, Orwell agia em parte por um impulso de redenção. Sua repugnância maior era com a própria classe, que descreve algo ironicamente como “a parte baixa da classe média alta”. Sentia-se culpado por ter nascido entre os privilegiados e opressores. A experiência que teve na Índia como policial do Império Britânico, em que presenciou corrupção, espancamentos e execuções, moldou sua consciência a tal ponto que fez com que abandonasse, ao menos temporariamente, não apenas o emprego bem remunerado, mas também sua confortável situação de ex-estudante de Eton, uma das escolas mais elitistas da Inglaterra.
SAIBA MAIS SOBRE GEORGE ORWELL
Deixou tudo o que tinha na casa dos pais e partiu para as sarjetas, vivendo entre mendigos no final dos anos 20. A aventura é contada no excelente “Na Pior em Paris e Londres” (Companhia das Letras, tradução de Pedro Maia Soares). Foi a partir daí que decidiu investigar a incrível vida dos trabalhadores do carvão. Com seu imenso poder narrativo, descreve em detalhe as condições subhumanas da lide no interior das montanhas, algo muito próximo da imagem mental que fazemos do inferno. Há coisas que parecem mesmo de um outro mundo, que deixam o leitor incrédulo, de olhos arregalados.
A começar do caminho até o lugar onde é extraído o carvão. São em média cinco quilômetros no escuro, dentro de um túnel de apenas um metro e vinte de altura, precariamente sustentado por pequenas vigas de madeira, sujeito a desabamentos. O ar é quase irrespirável, adensado por partículas de carvão. O trajeto é feito com os joelhos e costas dobrados, uma posição que nenhum atleta, por mais forte que fosse, suportaria. Os mineiros, quase todos baixos, magros e musculosos, parecem feitos de uma fibra especial. Impressionado, Orwell descreve seus corpos “esplêndidos”, exercendo por sete horas seguidas o manejo de pás e picaretas num cenário enterrado no esquecimento do mundo, a quatrocentos metros da superfície.
Semelhanças dantescas
Qualquer semelhança com as cenas dantescas mostradas em Serra Pelada ou, mais indiretamente, nas reportagens sobre trabalho escravo não é mera coincidência. Convencido de que só a convivência íntima com o assunto que quer retratar pode levar a uma autentica compreensão daquele universo, Orwell dorme nas fétidas pensões dos trabalhadores, come a mesma comida suspeita e insuficiente, condiciona-se ao indigno sistema sanitário e vive a mesma resignação, como se o destino do oprimido não pudesse ser outro, tamanha a dificuldade de ascensão social.
Depois dessa longa viagem às entranhas da Terra, o escritor iria para as barricadas da Guerra Civil Espanhola, lutar ao lado os republicanos contra os fascistas liderados por Franco. Descobriu uma situação de disputas brutais entre a esquerda e o domínio sinistro de agentes soviéticos. Idealista, enfrentou as adversidades como pôde, até levar um tiro que atravessou sua garganta e quase o matou. Essa experiência é contada no emocionante livro “Homage to Catalonia”, que também deverá ser traduzido e complementa essa brilhante série de “documentários literários”.