quarta-feira, dezembro 31, 2008
domingo, dezembro 21, 2008
Beleza(s)
E como sempre acontece quando leio livros sobre livros, deu-me saudades dos volteios graciosos da boa prosa, dos comentários filosóficos travestidos de narrativa, dos diálogos mais elaborados, enfim,de toda aquela mágica peculiar dos beletristas. Nestes últimos dias, confesso, não tenho me interessado pela política americana, ou pelas crises no Oriente Médio ou mesmo pelos rame-rame cotidiano do noticiário. Análises acadêmicas estão fora de meu horizonte, e quem quer que me peça uma ponderação sobre o mundo de hoje, ou de ontem ou mesmo -- se algum louco tentar -- o de amanhã, terá como resposta muito provavelmente um bocejo. Por algum tempo, a realidade não tem tido mais atrativos que o mundo peculiar da fantasia, com seus heróis, intrigas e idealizações. E daí, quase por acaso, para ter o que ler no ônibus enquanto ia e voltava da formatura de uma turma de alunos, reencontrei o meu velho amigo Balzac, a quem não via desde Ilusões Perdidas -- o tipo de leitura que vale por uma epopéia, tanto que me impressionou há quatro ou cinco anos. Mas Estudos de Mulher, o livrinho que me serviu de companhia, é bem menos ambicioso que a citada aventura de Lucien de Rubempré na cidade grande. São pequenas histórias, ou antes, histórias dentro de histórias, tendo como foco damas das classes altas parisienses. E, contudo, o maior personagem nessas narrativas acaba sendo, para o leitor atento, o próprio autor. Sempre afiado, dono de um vocabulário que faria corar a maioria dos "imortais" de hoje, observador arguto dos caracteres de sua época, é impossível ler Balzac sem se sentir de alguma forma enriquecido pela experiência. E foi lendo-o, nesses contos pequeninos que o retratam tão bem, que acabei me lembrando de um file que só conhecia pelo trailler numa ida recente a um dos cinemas cult da cidade -- um trailler, contudo, que me deixou fascinado pela sua beleza plástica. Trata-se de Cashback, um filme de que você, meu bom leitor, provavelmente nunca ouviu falar e nem ouvirá novamente.
Dito assim, esta pode parecer a resenha de um filme erótico de terceira categoria, mas o fato é que Cashback, embora certamente lide com o desejo do espectador, é outra coisa. O lirismo desse trecho no mercado, e a própria delicadeza com que o protagonista-narrador, agora mais solitário do que nunca, põe-se a retratar a plástica das desconhecidas que lhe passam à frente todas as noites, tem algo de comovente. O filme, ou melhor, o curta dentro dele, é antes uma espécie de homenagem à beleza feminina do que um pretexto para excitação física. Em certa medida, ele mistura erotismo, arte e reflexão, uma mistura difícil de se obter com proveito e que vale muito a pena conhecer.
É uma pena que o filme não exista em DVD no Brasil. Tive de baixá-lo usando os torrents da vida virtual. Mas fica a recomendação.
sexta-feira, dezembro 12, 2008
Para rir ou chorar?
22% das adolescentes já se mostraram nuas ou seminuas na web
09:30 22% das garotas adolescentes disseram que já enviaram pela internet ou publicaram na web imagens de si mesmas nuas ou seminuas. É o que diz uma pesquisa divulgada nos EUA esta semana pelo The National Campaign to Prevent Teen and Unplanned Pregnancy e pelo site CosmoGirl.com.
sexta-feira, dezembro 05, 2008
Livro de Hitler ganha versão em mangá no Japão
Ewerthon Tobace De Tóquio para a BBC Brasil |
Editora japonesa é especializada em adaptar clássicos da literatura |
A iniciativa foi da editora japonesa East Press, que resolveu incluir estas duas obras na sua coleção Clássicos da Literatura em Mangá.
“A idéia é oferecer ao leitor a possibilidade de ler um clássico e entender os conceitos em apenas uma hora”, explicou o editor-chefe Kosuke Maruo à BBC Brasil.
Mein Kampf é um livro polêmico, pois contém as sementes da ideologia anti-semita e nacionalista que marcou o nazismo. “A idéia não é apresentar Hitler como vilão ou herói, mas apenas mostrar quem era e o que ele pensava. Não estamos preocupados com polêmicas”, disse Maruo.
O editor lembra também que o livro, cuja publicação e venda são proibidas em alguns países, já foi editado no Japão. “Além disso, todo mundo já conhece a história inteira e como os nazistas pensavam”, reforça ele, que diz não ter recebido até agora nenhuma reclamação de leitor.
O mangá conta a história do líder nazista, desde a infância, até culminar na Segunda Guerra Mundial. Fala também do ódio que ele sentia pelos judeus. “Vendo a história de vida dele, não dá para achar que era uma pessoa totalmente ruim. Ele era apenas uma pessoa triste”, defendeu o editor-chefe.
Entre as obras conhecidas da literatura e da filosofia que viraram mangá pela East Press estão Crime e Castigo, de Dostoiévski, Fausto, de Goethe, Rei Lear, de Shakespeare, e Guerra e Paz, de Tólstoi.
No total são 27 títulos lançados até agora, sendo 13 de autores estrangeiros.
Outros dois – Os Miseráveis, de Victor Hugo, e O Desespero Humano -
Doença até a Morte, do teólogo e filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard – já estão no forno e devem chegar às livrarias no começo de 2009.
Para o editor-chefe Kosuke Maruo, livros dão oportunidade para se ler clássicos e entender conceitos |
O campeão de vendas é Kanikousen, inspirado na obra do escritor japonês Takiji Kobayashi. Na seqüência vem Os Irmãos Karamasov, de Dostoiévski. “Os títulos da série são obras que as pessoas conhecem, mas não têm muita paciência para ler até o fim”, justificou o editor-chefe. Daí o sucesso de vendas.
Ao todo, segundo Maruo, já foram impressos 1,2 milhão de exemplares da série toda. Marx e o recém lançado mangá de Hitler chegam ao mercado com 30 mil cópias cada.
Teorias complexas
O lançamento de O Capital em mangá não poderia vir em um momento mais apropriado.
Muitos no Japão culpam o capitalismo - principal alvo de crítica na obra de Marx - pela atual crise financeira global.
Entre os principais conceitos da obra de Marx levados para a história do mangá estão a exploração do trabalhador, as diferenças de classes sociais e o surgimento da moeda geradora do lucro. “Com a recessão econômica que o país enfrenta agora, esperamos uma boa saída de O Capital”, disse Maruo.
A editora East Press tem uma série de mangá baseada em clássicos da literatura e filosofia |
O editor-chefe garante, porém, que não foi proposital o lançamento da obra neste atual momento de crise. “Já estava nos planos da editora”, disse ele, ao lembrar que um mangá, para ficar pronto, demora até cinco meses.
Diversidade de temas
Apesar da East Press ser uma das poucas no mercado a trabalhar com clássicos da literatura mundial, o segmento de mangás no Japão já vem usando há anos os traços orientais dos desenhos para explicar diversos temas.
Relações diplomáticas com a China, degustação avançada de vinhos, epidemia da gripe aviária, parábolas da Bíblia e até a nossa capoeira já viraram mangá no país. O formato compacto, o baixo custo e a linguagem popular ajudam a transformar este tipo de publicação em sucesso de vendas.