sábado, julho 02, 2005

Solaris

"I work in the city now. After work I wander and lose myself. I am silent and attentive. I follow the current. I make a conscious effort to smile, nod, stand, and perform the millions of gestures that constitute life on Earth.

I will study these gestures until they become reflexes again. I will find new interests and occupations, but...I will not... give myself. I will not give myself to anything or anyone, because I am haunted by the idea that I remembered her wrong. That I shaded my memory of her to suit myself. That I was unfair to her and caused her destruction. What if I was wrong about everything?

I've come to believe that memory is a curse."




Solaris, de Steven Soderbergh, é usualmente apresentado como um filme de ficção científica. Afinal, tem naves espaciais, um planeta desconhecido, jargões de física e uma história passada num futuro indeterminado. Porém, por trás dessa fachada, o filme é muito mais do que exibição tecnológica e explora bem as possibilidades da ficção científica pré-Guerra nas Estrelas. Em outras palavras, evocando o espaço sideral e a tecnologia como regiões de Mistério, que evocam alguns dos grandes enigmas da vida.

A sinopse é simples: Chris Kelvin, psiquiatra, é chamado para auxiliar no resgate de uma estação espacial de pesquisa que orbita o planeta Solaris e que tem mandado mensagens estranhas à base. Lá chegando, descobre que os poucos sobreviventes estão muito perturbados com algo que se recusam a dizer o que é até que ele, o psiquiatra, tenha experimentado. E, ao dormir pela primeira vez na estação, ele descobre porque seus colegas de bordo relutam tanto em voltar à Terra.

Com diálogos primorosos, uma trilha sonora reflexiva, suave, e uma qualidade de fotografia impecável, Solaris, refilmagem de uma produção russa de 1972 baseado no livro de Stanislaw Lem, é uma obra-prima. É uma reflexão sobre a perda de entes queridos e o que se poderia fazer por uma segunda chance. Um filme intimista, cheio de sutilezas narrativas e visuais, que levanta questões profundas sobre a vida e o que fazemos dela, se há um mesmo sentido transcendente nos bastidores do universo ou se tudo é fruto de nossa vontade de crer nisso.

O filme tem uma espécie de epígrafe, por assim dizer. É um poema de Dylan Thomas, que diz muito sobre o fundo emocional dos protagonistas. Vale a pena relê-lo depois de assistir a Solaris.




And Death Shall Have No Dominion
Dylan Thomas

And death shall have no dominion.
Dead men naked they shall be one
With the man in the wind and the west moon;
When their bones are picked clean and the clean bones gone,
They shall have stars at elbow and foot;
Though they go mad they shall be sane,
Though they sink through the sea they shall rise again;
Though lovers be lost love shall not;
And death shall have no dominion.

And death shall have no dominion.
Under the windings of the sea
They lying long shall not die windily;
Twisting on racks when sinews give way,
Strapped to a wheel, yet they shall not break;
Faith in their hands shall snap in two,
And the unicorn evils run them through;
Split all ends up they shan't crack;
And death shall have no dominion.

And death shall have no dominion.
No more may gulls cry at their ears
Or waves break loud on the seashores;
Where blew a flower may a flower no more
Lift its head to the blows of the rain;
Though they be mad and dead as nails,
Heads of the characters hammer through daisies;
Break in the sun till the sun breaks down,
And death shall have no dominion.


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