segunda-feira, janeiro 25, 2010

Crimes nazistas

25/01/2010 - 15h18

Arquivo da KGB diz que ao menos 4 milhões morreram em Auschwitz

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da Efe, em Moscou

Arquivos do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, antigo KGB) revelados nesta segunda-feira apontam que entre 4 e 6 milhões de pessoas foram exterminadas por oficiais nazistas no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.

"Os fascistas não conseguiram destruir toda a documentação sobre Auschwitz. A comissão extraordinária que interrogou testemunhas e carrascos chegou à conclusão de que, em Auschwitz, morreram mais de 4 milhões de pessoas", afirma o historiador russo Vladimir Makarov, do Arquivo Central do FSB, à agência de notícias russa Interfax.

O depoimento do operário polonês Anton Honkish, obrigado por nazistas a trabalhar na construção de Auschwitz, diz que "no campo durante seu funcionamento foram exterminados pelo menos 6 milhões de pessoas, incluindo crianças, mulheres e idosos".

Makarov indicou que, segundo os arquivos do FSB, Auschwitz recebia em média dez comboios ferroviários com presos dos países ocupados por nazistas. Cada trem tinha entre 40 e 50 vagões e, em cada um deles, entre 50 e cem pessoas.

Dos prisioneiros que chegavam, 70% eram exterminados imediatamente. Os mais fortes tinha, a morte adiada para que trabalhassem em fábricas militares ou participassem de experimentos médicos.

Crematórios

A comissão soviética que investigou os crimes em Auschwitz constatou que, de 1940 até janeiro de 1945, funcionaram no campo cinco crematórios com capacidade de incineração de 270 mil corpos por mês.

Segundo cálculos de historiadores, nos cinco crematórios podem ter sido incinerados os corpos de mais de 5 milhões de pessoas.

Cada crematório tinha uma câmara de gás própria, mas, como a produtividade destas era consideravelmente superior, os corpos também eram incinerados em enormes fogueiras.

Além disso, em Auschwitz funcionavam outras duas câmaras de gás com capacidade conjunta de matar 150 mil pessoas por mês.

A Polônia lembra, em 27 de janeiro, 65 anos da libertação pelo Exército soviético do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, transformado em museu em 1947 e, 30 anos mais tarde, declarado patrimônio da Humanidade pela Unesco.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Uma pequena paz pessoal em meio a uma grande guerra

Uma das coisas mais interessantes que surgiram de uns tempos para cá é a noção de justiça restaurativa. Trata-se de um movimento em busca não da punição pura e simples daquele que cometeu um crime, mas da reconciliação e a reparação do mal praticado. À parte questões penais, criminoso e vítima procuram um entendimento que alivie a amargura, o ódio e tantas outras emoções que não são necessariamente contempladas no processo judicial comum, mas nem por isso deixam de ser importantes. É um toque importante e enriquecedor de espiritualidade a um campo das atividades humanas que é facilmente um canal de raiva e desejo de desforra.

Eis um exemplo que, embora informal, segue o mesmo princípio, e que lembra a recomendação de Cristo: "Reconcilia-te com teu inimigo enquanto estás a caminho com ele."
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Ex-guarda reencontra ex-detentos de Guantánamo após contato pelo Facebook


Gavin Lee

Da BBC News

Uma das mensagens mais inusitadas enviadas através do site de relacionamentos Facebook levou a um reencontro extraordinário entre um ex-soldado da base militar americana de Guantánamo e dois ex-prisioneiros.

Os três homens ficaram cara a cara em Londres, oito anos depois de terem se conhecido em lados opostos da famosa prisão.

O encontro aconteceu quando Brandon Neely, hoje um policial no Texas, entrou em contato com Shafiq Rasul e Ruhal Ahmed pelo Facebook.

Durante o reencontro, Brandon disse que os Estados Unidos só conseguirão restaurar sua reputação internacional se o país passar a reconhecer os abusos que acontecem em Guantánamo.

"Para mim, tortura é retirar um homem inocente e prendê-lo em uma cela por dois anos e meio", disse. "Qualquer um que jamais pisou em Guantánamo deveria responder por tortura, inclusive eu mesmo."

Os dois ex-prisioneiros, que moram em Tipton, na região central da Inglaterra, disseram que ficaram profundamente comovidos com a visita, que segundo eles corrobora com as acusações que ambos faziam de maus tratos em Guantánamo.

"Quando pessoas como você saem de lá e basicamente dizem as mesmas coisas que nós vínhamos dizendo, isso ajuda muito as outras pessoas a acreditarem que estamos falando a verdade", disse Shafiq a Brandon, no encontro em Londres.

Já Ruhal Ahmed, de 28 anos, disse: "É preciso muita coragem para dizer 'Eu estava errado'. Muita coragem".

Clima estranho

O ex-soldado viajou do Texas até Londres para apertar as mãos dos ex-prisioneiros, a convite de um documentário da BBC.

As câmeras de televisão deixaram o ambiente de reconciliação ainda mais estranho.

Brandon, que tem 29 anos, estava nervoso quando entrou na sala onde encontraria Ruhal e Shafiq.

"Como vocês estão?", perguntou Brandon ao chegar.

Ruhal e Shafiq começaram a sorrir.

"Você está diferente sem seu quepe", disse Ruhal.

"Vocês estão diferentes sem os seus uniformes de prisioneiros", respondeu Brandon, em referência aos famosos macacões laranjas.

A risada nervosa dos três revela que a tensão começa a se dissipar na sala.

Vergonha

A jornada para esta reconciliação começou há um ano em Huntsville, no Texas, cidade famosa nos Estados Unidos pela prisão onde muitos condenados à pena de morte são executados.

O orgulho de Brandon em servir ao seu país, como fizera seu pai e avô, transformou-se em revolta em 2004, quando o americano deixou o Exército. Ele começou a trabalhar como policial enquanto ainda tentava aceitar a culpa de trabalhar em Guantánamo.

Brandon conta que testemunhou inúmeros abusos e que sente muita vergonha de um incidente no qual se envolveu.

"As notícias sempre tentavam mostrar Guantánamo como esse lugar ótimo", diz ele. "Como se os prisioneiros fossem muito bem tratados. Não eram. Eu basicamente estava colocando pessoas inocentes em celas."

Ele diz que sempre era informado que os prisioneiros chegando ao local em macacões laranjas direto do Afeganistão estavam entre "os piores dos piores".

Depois de conhecer melhor alguns dos detentos que falava inglês, ele passou a ter dúvidas de que todos eram mesmo terroristas fanáticos.

Brandon disse que quando conversou com Ruhal, ele percebeu que tinha muitas coisas em comum com o britânico.

"Não era diferente de estar sentado em um bar conversando com um amigo sobre mulheres ou música", lembra Brandon.

"Ele perguntou uma vez 'você gosta de ouvir Eminem e Dr Dre' e começou a cantar rap, o que foi muito engraçado. E eu pensei: 'como pode alguém estar aqui fazendo as mesmas coisas que eu faço em casa'."

Facebook

Depois de seis meses, Brandon deixou a base americana em Cuba e serviu no Iraque. Foi só depois de deixar as Forças Armadas que suas dúvidas sobre Guantánamo passaram a se cristalizar. Isso levou a uma decisão espontânea de procurar os ex-detentos.

"Eu era novo no Facebook e decidi digitar os nomes para ver se os perfis de ambos apareciam, quando encontrei a página de Shafiq. Eu decidi mandar a ele uma pequena mensagem."

Shafiq conta: "Quando vi, eu não consegui acreditar. Receber uma mensagem de um ex-guarda dizendo que o que aconteceu em Guantánamo era errado foi surpreendente, mais do que qualquer coisa".

Para o espanto de Brandon, Shafiq respondeu e ambos passaram a trocar mensagens. Ao saber das mensagens, a BBC abordou ambos, perguntando se eles estavam dispostos a se encontrar pessoalmente.

Inicialmente, Shafiq ainda sentia receio.

"Algumas pessoas da minha família disseram 'o que você quer encontrando uma pessoa assim, que tratou você daquele jeito, você deveria se afastar dele'. Muitos diziam que se fosse com eles, eles gostariam de bater nele."

Receio

Quando Brandon chegou no aeroporto de Heathrow, ele estava pensativo e lacônico, visivelmente nervoso.

No estúdio da BBC, Shafiq e Ruhal, que é geralmente falante, estavam quietos, esperando diante das câmeras. Ninguém sabia o que esperar, e o ambiente era tenso.

Depois de uma apresentação constrangida, eles passaram a conversar sobre o motivo da visita. Brandon disse que pensou nisso um milhão de vezes. Ele disse que queria expressar seu sentimento de culpa pela detenção e reconheceu que ambos foram injustiçados.

Shafiq e Ruhal foram perguntados sobre os seus motivos de irem ao Afeganistão, que levou a captura de ambos.

Ambos disseram que eram adolescentes e tomaram a decisão espontânea e inocente de viajar de graça junto com um comboio humanitário para depois seguir para o Paquistão, onde acontecia o casamento de um amigo.

Ruhal admite que eles tinham intenções secretas de entrar no Afeganistão, mas que não pretendiam se juntar à Al-Qaeda.

"Ajuda humanitária era só cinco por cento. Nosso motivo principal era ir, visitar e usar drogas."

Eles dizem que foram presos no Afeganistão e vendidos às autoridades americanas.

Brandon disse que acredita na história de ambos, que seria comum entre outros detentos. Um caso típico de lugar errado na hora errada, segundo ele.

Revelação incômoda

Quando todos estavam começando a se dar bem, Brandon fez uma revelação que quase acabou com o clima de reconciliação.

Ele admitiu que no incidente que mais o tormenta, ele bateu com a cabeça de um detento mais velho contra o chão. Brandon diz que se sentiu que estava sendo ameaçado, já que o homem ficava se levantando, contrariando ordens.

Depois de algumas semanas, Brandon descobriu que o detento achava que seria executado toda vez que era colocado de joelhos, e se levantava apenas para tentar salvar a própria vida.

Ruhal ficou sem palavras, visivelmente abalado com a revelação e sem saber se deveria perdoar Brandon ou não.

No fim, ele decidiu perdoar. Perguntado se Brandon deveria ser processado por seus atos, Ruhal pensou e disse: "Ele reconhece que o que fez estava errado, e ele está vivendo com isso e sofrendo com isso. Ele sabe que estava errado. Isso é o que importa."

Depois do encontro, todos disseram ter conseguido ficar com um sentimento de encerramento. O alívio no rosto de todos era evidente.

No final, o que ficou foi o clima amistoso de ambos os lados. Em um novo encontro posterior, um jantar em um restaurante indiano, a mulher de Ruhal ainda brincou com Brandon: "Espero que você leve alguma coisa para casa, além de dor de estômago com essa comida picante".


http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/01/100112_guantanamo_dg.shtml

© BBC 2010

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Drácula canta!

Nossa, fiquei até comovido...

Os vídeos estão aqui. Abaixo vai uma amostra.

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07/01/2010 - 20h52

Ator Christopher Lee vai lançar álbum de heavy metal sobre Carlos Magno

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da Efe, em Londres

O veterano ator britânico Christopher Lee, conhecido por interpretar o personagem Saruman na saga cinematográfica "O Senhor dos Anéis", lança no dia 15 de março um álbum de heavy metal sinfônico sobre Carlos Magno, um de seus antepassados.

Lee fez o anúncio por meio de um vídeo no YouTube, no qual dá detalhes da ambiciosa produção escrita e composta pelo italiano Marco Sabiu, que criou uma obra com vários atos.

No vídeo, Lee descreve o som do álbum "Charlemagne: By the Sword and the Cross" como "metal sinfônico" e admite sua surpresa por ter descoberto uma nova habilidade ao gravar o disco.

"Acho que em março, quando sair, vai ser sensacional", diz o ator de 87 anos.

Divulgação
O ator Christopher Lee, caracterizado como o Sauruman, de "Senhor dos Anéis", vai lançar álbum de heavy metal
O ator Christopher Lee, caracterizado como o Sauruman, de "Senhor dos Anéis", vai lançar álbum de heavy metal

As gravações disponíveis no YouTube mostram que o álbum de Lee é uma superprodução de tons operísticos na qual a voz do ator interage com uma orquestra, um coro e outros vocalistas profissionais.

Lee assegura ser descendente por parte de mãe do rei dos francos e imperador da Europa ocidental, que viveu entre os anos 742 e 814.

"Há muitos personagens neste álbum. Muitos. Há o próprio Carlos Magno, que eu interpreto, e um Carlos Magno mais jovem, o pai, o irmão... até o papa", relata pausadamente em YouTube.

"Estou fascinado com o fato de que neste ponto da minha vida as pessoas comecem a me ver como um cantor de metal", diz em outro momento da declaração.

Em 2006, Lee lançou o álbum "Revelations", com versões para clássicos como "My Way", de Frank Sinatra.

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sexta-feira, janeiro 01, 2010

A douração da saudade

O nosso

Amamos o que não conhecemos, o já perdido.
O bairro que já foi arredores
Os antigos que não nos decepcionaram mais
porque são mito e esplendor.

Os seis volumes de Schopenhauer que jamais terminamos de ler.
A saudade, não a leitura, da segunda parte do Quixote.
O oriente que, na verdade, não existe para o afegão, o persa ou o tártaro.

Os mais velhos com quem não conseguiríamos
conversar durante um quarto de hora.
As mutantes formas da memória, que está feita do esquecido.
Os idiomas que mal deciframos.

Um ou outro verso latino ou saxão que não é mais do que um hábito.
Os amigos que não podem faltar porque já morreram.
O ilimitado nome de Shakespeare.

A mulher que está a nosso lado e que é tão diversa.
O xadrez e a álgebra, que não sei.

Jorge Luis Borges