sexta-feira, junho 27, 2008

De autores e reconhecimento

Será verdade que, algumas vezes, o que realmente faz um clássico é tão-somente o sobrenome de seu suposto autor?


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Famoso quadro atribuído a Goya não é dele, dizem especialistas

Quadro 'O Colosso'
O imponente quadro 'O Colosso' foi pintado entre 1808 e 1812
Restauradores do Museu do Prado, em Madri, afirmaram nesta quinta-feira que o famoso quadro O Colosso, que era atribuído ao artista espanhol Francisco Goya, não é dele.

Em uma entrevista coletiva em Madri, os chefes de conservação do Museu confirmaram o engano com relação à autoria da obra.

Segundo eles, a identidade do pintor do quadro ainda é desconhecida, mas provavelmente seria do espanhol Asensio Juliá, único discípulo do mestre barroco.

"Em minha opinião é um quadro assinado e feito por um artista diferente de Goya. Notamos que há outra mão ali e é distinta", afirmou a Diretora de Conservação de Pintura do século XVIII do Museu do Prado e especialista em Goya, Manuela Mena.

Durante quase 80 anos, o quadro esteve exposto em lugar de destaque no museu e era considerado uma das jóias da arte espanhola.

O Colosso representa um gigante enfurecido que ameaça uma cidade e foi considerado uma das obras mais representativas da produção de Goya sobre a guerra da independência de Madri de 1808, quando a cidade se rebelou contra a invasão napoleônica.

A celebração do bicentenário desta independência acabou levando às suspeitas sobre a autoria do quadro.

Um evento no Museu do Prado, em janeiro, que reuniu vários especialistas e restauradores para analisar a obra de Goya, levantou dúvidas sobre a autoria de O Colosso.

Os especialistas, que realizaram um inventário e uma mesa de debate, antecedendo a exposição Goya em tempos de guerra, inaugurada em abril e que permanece aberta ao público, concluíram que o quadro apresenta traços estilísticos e inscrições pouco comuns às obras do pintor - que deixou vários quadros sem assinatura.

A diretora de conservação Manuela Mena, comentou que "as dúvidas eram históricas e o mais prudente seria eliminar o quadro da mostra sobre a guerra e investigar a autoria".

O Chefe de Conservação do museu, José Luis Díez, disse que a principal pista de que O Colosso não seria de Goya foi um inscrição quase apagada encontrada no canto inferior esquerdo da obra, pintada entre 1808 e 1812, com as iniciais AJ.

"Mas o que nos chamou mais atenção foi a diferença de traços estilísticos", comentou Mena.

O diretor geral do Museu do Prado, Miguel Zugaza disse que O Colosso permanecerá na sala original onde está desde 1931 dentro do pavilhão dedicado a Goya, até que a autoria correta seja esclarecida.

Asensio Juliá, nascido em 1760, foi um dos poucos colaboradores de Goya, que viveu que viveu de 1746 a 1828. Os principais registros da atuação dele com o mestre do classicismo estão nos afrescos da igreja de Santo Antonio da Florida, em Madri.

As primeiras referências bibliográficas sobre O Colosso apareceram no inventário do artista feito pelo filho dele, Javier Goya, e que depois passaram ao colecionador espanhol Pedro Durán.

domingo, junho 15, 2008

Pequenos momentos

Ouvindo Miles Davis, "It never entered my mind" -- calma, suave, com um toque de boemia. Linda. Bem de acordo com o estado de espírito desta noite quase quente de outono: a grata satisfação de um fim de semana bem vivido entre amigos.

Estou fora do Orkut. Fi-lo por razões pessoais, e entre elas está também a curiosidade de voltar um pouco os ponteiros do relógio. Vivo agora antes de fevereiro ou março de 2004, época em que encontrei o convite de um velho colega de faculdade. Não verifico mais scraps, porém de vez em quando tenho a satisfação de receber não apenas emails, mas telefonemas (!) de pessoas que de outra forma prefeririam scraps ou um encontro eventual no MSN. Mero hábito, admito, mas nem por isso o melhor deles. Tem sido bom.

Hoje uma experiência me deu o que pensar. Estive com uma menininha de 3 ou 4 anos, mas com problemas de nascença que retardaram seu desenvolvimento. Ao brincar com ela no berço, ela se apoiou nas minhas mãos e se levantou e começou uma espécie de dança, ora apoiando o corpo numa perna ora noutra. Eu tinha ouvido dizer que a fisioterapeuta a estava ensinando a andar, mas não sabia que ela se levantava e muito menos "dançava" (é cega). E ao vê-la, surpreso, divertindo-se comigo mesmo sem me ver, de pé, senti um tipo de euforia singular que deve ser parecida com a de um pai que testemunha os primeiros passos de um filho. Fantástico!

Ah, para não dizer que não falei de coisas mais relevantes para o resto da humanidade: assistam ao novo "Hulk". Vale a pena.

domingo, junho 08, 2008

Compre sua história -- literalmente

Loja alemã escreve livros sob encomenda

Exemplar de uma das edições
Os livros podem ser editados em padrão luxuoso
Em uma pequena loja de Berlim, na Alemanha, é possível encomendar livros nos quais o cliente é o personagem principal.

"O que você gostaria mais? Uma história de amor, de detetives, de ficção científica ou de aventura? E que tipo de personagem você gostaria de ser? Um cavalheiro, uma rainha ou um astronauta? Quem sabe uma bruxa ou um vilão?", pergunta Michael Wäser a seus clientes.

Wäser e sua equipe de escritores escrevem histórias feitas sob medida de acordo com os desejos dos clientes: o cenário, a época, o estilo, o tema, o número e a personalidade dos personagens, tudo pode ser sugerido ou determinado pela pessoa que faz a encomenda.

Para ajudar os clientes a escolher, Wäser mostra um catálogo. Nele, estão narrações já prontas em todos os gêneros imagináveis, nas quais apenas o nome do cliente como protagonista é mudado.

Esses livros custam US$ 25. Já os escritos completamente sob medida custam US$ 260.

Presente

A maioria dos clientes da Loja de Histórias encomenda os livros para dar de presente.

Wäser emprega outros escritores na loja em Berlim

Mulheres e homens pedem romances nos quais aparecem com seus companheiros em expedições remotas, resolvem juntos complicados enigmas policiais ou lutam pelo amor um do outro em cenários medievais.

"Também já fizemos histórias para grupos de velhos amigos que queriam dar a um deles uma aventura conjunta", diz Wäser.

Os clientes também podem escolher a capa, o tipo de papel e o tipo de letra usados. No futuro, poderão também encomendar ilustrações originais.

A Loja de Histórias também escreve livros para empresas, como uma clínica médica ou um hotel.

"Para hotéis, escrevemos histórias que acontecem no local, onde todo o pessoal desfila como protagonista em salas de conferência, bares, quartos e restaurantes do lugar", conta Wäser.

A loja também oferece relatos falados. São histórias narradas por locutores profissionais com efeitos sonoros e que são entregues ao comprador em um CD como se fosse uma radionovela por cerca de US$ 570.

A idéia de Michael Wäser virou um sucesso. A loja emprega dez escritores e se transformou em uma pequena fábrica de fantasias.