sábado, junho 13, 2020

"Solitude"



 

Nós, a gente comum das ruas, não vemos a solidão como a ausência do mundo, mas como a presença de Deus.

Encontrando-o em todos os lugares que criam nossa solidão.

Para nós, estar verdadeiramente sozinhos significa participar da solidão de Deus.

Deus é tão grande que nada pode achar espaço em qualquer lugar que não dentro dele.

Para nós, o mundo inteiro é como um encontro face a face com aquele de quem não podemos escapar.

Nós encontramos sua causalidade viva bem ali nas esquinas das ruas cheias.

Nós encontramos sua pegada sobre a terra.

Nós encontramos sua Providência nas leis da ciência.

Nós encontramos Cristo em todos estes “pequeninhos que a ele pertencem”: os que sofrem no corpo, os que estão entediados, os que estão em apuros, os que sangram, os que estão necessitados.

Nós encontramos Cristo rejeitado no pecado que usa mil faces.

Como poderíamos simplesmente ter a coragem de debochar dessas pessoas ou de odiá-las, esta multidão de pecadores em quem esbarramos?

A solidão de Deus na caridade fraternal; ela é Cristo servindo Cristo, Cristo naquele que está servindo e Cristo naquele que está sendo servido. Como poderia o apostolado ser uma desperdício de energia ou uma distração?

 



Madeleine Delbrêl (1904-1964).




Fonte: DELBREL, Madeleine. We, the Ordinary People of the Streets (Ressourcement: Retrieval & Renewal in Catholic Thought) (Locais do Kindle 751-758). Edição do Kindle.

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